A filha do dirigente máximo da FPLP conta sobre a visita a seu pai preso

Resumen Latinoamericano / 25 de Agosto 2015.- Sumoud Saadat: Minha viagem para ver meu pai: 45 minutos, um copo e um telefone.

Sumoud Sa’adat, 29 anos, ela é filha de Ahmad Sa’adat, Secretário Geral da Frente Popular pela a Libertação da Palestina e MP palestina. Ahmad Saadat foi preso pela ocupação israelense em 2006, quando o exército israelense o capturou numa prisão da Autoridade Palestina, em Jericó, onde estava desde 2002. Ahmad Saadat, às vezes, é colocado em confinamento solitário e está privado das visitas familiares arbitrariamente. Desde o verão de 2014 que não recebia uma visita. A mais recente foi a de seu filho mais velho, Ghassan. Há dois anos sua esposa não possui o direito de visitá-lo. Em 20 de agosto de 2015, depois de 9 anos de proibição, Sumoud, sua filha, pode visitá-lo. Testemunho.

9 años depois. Minha viagem para ver meu pai: 45 minutos, um copo e um telefone.

Para nós, palestinos, a vida tem um significado e um sabor diferente. Enquanto pessoas de todo o mundo viajam para desfrutar a natureza, a caminhada nas montanhas ou mergulhar no mar, nós, os familiares dos presos políticos palestinos, viajamos para diferentes lugares. Viajamos para os cárceres da ocupação israelense, onde nossos queridos parentes são mantidos em cativeiro. Ainda que estas prisões tenham sido impostas pela força, nós, palestinos, sempre levamos alegria e entusiasmo em nosso coração enquanto tentamos ignorar a dura e amarga realidade que encontramos por trás dos muros da prisão.

Na noite antes da visita, muitos são incapazes de dormir, como é o caso para mim. Outros não podem dormir profundamente e passam a noite virando na cama, tentando relaxar seu corpo na esperança ansiosa para estar em sua melhor forma para a viagem.

Preparativos antes da visita

Nosso dia começou às 5 horas da manhã. Em primeiro lugar, embalamos cuidadosamente as coisas que meu pai pediu, a fim de não esquecer nada. Depois, preparamos algo para comer, café e água fresca, devido à alta temperatura para onde íamos.

Minha mãe, meu irmão (Ghassan) e eu saímos de casa às 6 horas para nos dirigirmos ao ônibus estacionado em frente ao parque “Isa’ad Al-toufeleh”, no distrito de Al-Bireh Ramallah .

Quando chegamos, todas as famílias dos presos estavam fora do carro. Quando nos aproximamos, nos receberam com sorrisos e saudações. Ouvi alguém dizer: “Esta é a família de Ahmad Sa’adat. Visitarão conosco”. Alguns se aproximaram para nos dar suas calorosas saudações: “Até que enfim permitiram a visita!”.

A interação entre nós e as outras famílias começou imediatamente e se desenvolveu sem problemas, sem nenhum tipo de barreira. Afinal, sabemos quem é a maioria dessas pessoas. Alguns deles trouxeram roupas e livros para meu pai quando visitavam seu filho, um parente ou uma pessoa amada, enquanto estávamos com a visita suspensa. Também reconhecemos os mais próximos da família e outras pessoas que conheço através de meu trabalho no Addameer, ONG que defende os presos políticos e dos direitos humanos.

Também me encontrei com a professora de árabe que tive no 7° ano (no início da universidade). Porém, hoje ela estava ali como a mãe do preso Mohammed Wahbeh, condenado a 5 anos nas prisões israelenses. Nesses momentos, é possível ver somente mentes otimistas, cheias de energia, sorridos, risos e alegria.

É nesse momento que você se dá conta de que todos nesta parada de ônibus compartilham a mesma dor e a mesma meta: visitar nossos parentes queridos na prisão “Nahfa”.

Ponto de controle Beit Seira: o medo retorna

O ônibus saiu para a estrada às 6:50 horas. Como se tratava da minha primeira visita, as famílias me explicaram quais eram as paradas seguintes. O ponto de controle Beit Seira foi nosso passo seguinte. Neste ponto de controle, espera-se com temor não poder passar. Chegamos ao posto de controle de Beit Seira às 7:30 horas da manhã, saímos do ônibus e caminhamos uns 50 metros até chegar a um pátio aberto com um teto de chapa de metal. No pátio, existiam apenas 15 banheiros que as famílias se vêm obrigadas a utilizar devido à longa viagem. Assim, um empregado do Comitê Internacional da Cruz Vermelha entregou às famílias suas entradas para a visita. Retiramos nosso bilhete e nos dirigimos para a zona de inspeção.

Na zona de inspeção, cada um deve passar por baixo de uma porta de metal (porta número um). Esta porta se chama “Al-Ma’atah”, uma porta habitual utilizada pelos animais, especialmente frangos. Então, você precisa esvaziar suas sacolas e se você é mulher, precisa colocar sua bolsa em uma máquina para inspeção. Na porta, você apresenta sua identificação e só tem que esperar até que tenha permissão para ir à porta seguinte (porta número dois). A porta número dois é a que as famílias odeiam e desprezam. Na porta, existe uma janela, dois soldados armados a quem você deve apresentar sua cédula de identidade, permissão de visitante e o bilhete da Cruz Vermelha. Quando apresentei minha permissão, minha cédula de identidade e o bilhete, um dos soldados me pediu para esperar enquanto lia meu nome. Me dei conta de que todos os meus documentos foram dados à segunda soldada, que estava sentada atrás de um computador. Tive que esperar algum tempo, durante o qual duas famílias passaram pelo posto de controle e olhei a soldada atrás de seu computador. Ela me olhava. Assim, eu me perguntava que tipo de informação leu em sua tela.

Pouco depois, ela devolveu meus documentos ao soldado próximo da janela que os entregou para mim. Sem hesitação, minha mãe teve que render-se à mesma inspeção. A diferença é que minha mãe possui um cartão de residente de Jerusalém, o que a permite passar pelos postos de controle sem necessidade de uma permissão. Não obstante, decidiu compartilhar essa experiência comigo.

Finalmente, passamos pelo posto de controle e estávamos esperando no outro lado que todas as famílias se reunissem. No total, éramos 72 visitantes nesse ônibus. Uma das famílias… Devemos explicar que seu filho de 15 anos foi proibido de passar pelo controle para visitar seu irmão. Os soldados disseram que tinha 16 anos e, de repente, era necessária uma permissão. Sua mãe tinha insistido que seu 16° aniversario tinha sido há quatro meses e que ele não precisava de uma permissão. No entanto, para nosso pesar, os soldados não permitiram que continuasse sua viagem.

O ônibus retomou seu caminho às 9:20 horas. Meu coração começou a palpitar. Perguntava-me como seria o encontro, se choraria, se riria, se por algum milagre seria capaz de levar meu pai em meus braços. Como reagiria meu pai? A última vez que me viu, eu tinha 20 anos. Hoje estou com 29. Será que me reconheceria? Como estaria seu rosto? Estaria envelhecido? Eu iria encontrar consolo em seus olhos que sempre me deram? Iria me acalmar? Veria o sorriso que tanto me dá força e esperança?

Então, decidi esquecer esta ansiedade sentando-me ao lado do condutor e comecei a pedir informações sobre os lugares por onde estávamos passando, falar sobre a chuva e o bom tempo com a finalidade de passar o tempo, mas também porque tinha muito tempo que eu não viajava para o sul da Palestina ocupada. Quando eu era jovem, costumávamos visitar meu pai na “prisão de Al-Naqab” (localizada em Negev). Depois, voltei na memória, relembrando recordações esquecidas. Passamos pelo cruzamento que leva à prisão israelense “Al Naqab”. Passamos também pela “prisão Eshel”, de que tenho ouvido falar tanto. Então, nos levaram através das impressionantes montanhas do deserto, de tal beleza que nunca tinha visto antes.

Duas horas mais tarde, chegamos à prisão de “Rimon” e “Nahfa”. De repente, minha ansiedade voltou a aparecer, porém desta vez com mais intensidade. Todas as minhas tentativas de acalmar a ansiedade falharam. Quando o motorista avisou que tínhamos chegado, todas as perguntas que eu estava tentando evitar estavam de volta. Era como se uma mariposa quisesse roubar meu coração, estava correndo, meus olhos se encheram de lágrimas, tão absurdo como soa ter um forte impulso de sorrir.

Um forte sentimento que eu não tinha há 9 anos, que estava oprimido. Finalmente, fui ver meu pai, porém eu estava certa de que sorrir seria fácil, apesar das longas horas de espera e da humilhação que tinha sofrido.

Chegamos à prisão “Nahfa” às 11:30. Não espere apenas descer do ônibus e começar a visitar familiares. Este, definitivamente, não é o caso aqui. Justo na entrada, um carro de segurança nos cercou e pediu que esperássemos. Um ônibus chegou e teve que estacionar no lado e nos surpreendeu ver como ele era grande. O ônibus era branco e tinha o logo da unidade “Naasón” (forças especiais) e do Serviço Penitenciário israelense (IPS). Tinha pequenas e altas janelas e parecia um caminhão de leite. Era um ônibus reservado para o transporte de prisioneiros. É claro, não podíamos vislumbrar os presos que estavam ali, porém vimos dezenas de empregados das forças especiais que rodeavam o ônibus.

Esperamos 20 minutos no ônibus e não fomos autorizados a nos mover. Por último, um policial vestido com o uniforme da administração penitenciária chegou, abriu uma porta e nos conduziu a uma casa. Ao voltar dessa casa fechada, o oficial se assegurou de que todo o mundo tinha regressado para que pudesse fechar a porta atrás de nós. Na sala, estavam os assentos metálicos incômodos e apenas dois ventiladores funcionando. Fazia um calor incrível. Eram tão sujos que seria melhor não usá-los ou se realmente fosse necessário. Havia duas janelas na casa, uma para os fumantes e a segunda pela qual as famílias deram roupa e livros aos prisioneiros. Tenho muita vontade de destruir esta janela por causa da humilhação que proporcionava. O policial na janela era chato, lento e mesquinho. Parecia ter algumas satisfações com as famílias que sofrem. À esquerda, tinha uma janela pela qual apresentávamos a licença e o cartão de identificação, depois que chamassem o nome do prisioneiro. Chamei esta janela de janela da oportunidade.

Um dos carcereiros chama os nomes de vários presos que se localizam no primeiro grupo. Eram 72 visitantes, divididos em 4 grupos diferentes. Ainda que o quarto grupo fosse formado por apenas 4 famílias, esta era uma oportunidade para que atrasassem o Serviço Penitenciário de benefício e nos causassem mais sofrimento. Minha mãe, Ghassan e eu nos dirigimos separadamente às três janelas. Ghassan se aproximou da janela de fumantes, eu me aproximei da janela da soldada e minha mãe da janela da oportunidade.

Na janela, o soldado disse a minha mãe que somente eu (Sumoud) estava autorizada a visitar nesse dia e ela e Ghassan não estavam. Minha mãe começou a gritar, dizendo que a família foi autorizada a visitar e ele respondeu com frieza que era essa a decisão. Nesse momento, senti a profunda dor de minha mãe e vi seus olhos cheios de lágrimas. O rosto de Ghassan estava repleto de raiva. A alegria e o entusiasmo que tínhamos sobre a visita tão esperada foram completamente apagados. Minha mãe tentou não me olhar nos olhos para esconder suas lágrimas. Ghassan tomou-me em seus braços e pediu que eu desse uma saudação calorosa a nosso pai. Ele tentava esconder sua ira.

Foi um momento muito doloroso e estressante para nós três. Minha mãe não poderia visitar meu pai por mais dois anos e meu irmão não o via desde a última guerra em Gaza, em 2014. Como iam visitar meu pai? Senti vontade de chorar e gritar tão forte, porém eu não queria que “eles” destruíssem este encontro precioso e que não tem preço para mim. Minha mãe e Ghassan saíram da casa e fiquei sozinha. Uma sensação muito cruel me invadiu nesse momento, porém tinha que ir para esta grande visita prevista.

A janela atroz

Estávamos de volta à sala de espera até o momento da visita. Estávamos com um grupo de dez pessoas na janela do policial terrível. Esperamos ali de 11:45 às 13:00 horas. Durante todo este tempo, o oficial fazia o possível para nos ver sofrer. Aceitou entregar um pouco de roupa aos prisioneiros e negou outras, dependendo de sua cor e de seu estado de ânimo. Uma mãe explicou que da última vez foram aceitas roupas de cor preta, mas que agora o preto estava proibido. A cada família negou ao menos uma peça de roupa. Além disso, ele desaparecia regularmente sem explicação, o que nos deixava apreensivos. Em lugar de ter um momento de tranquilidade para planejar como e o que dizer a nossos parentes queridos durante os 45 minutos de visita, a polícia nos fez esperar com esta sensação dolorosa e humilhante.

Durante 9 anos, sonhei visitar meu pai. Depois de 9 anos de espera, pude vê-lo durante 45 minutos. Em torno de 13:15 horas, chamaram os nomes do primeiro grupo de prisioneiros. Esperamos atrás de uma porta de metal para entrar. Um policial perguntou se todos iam visitar e que era preciso mais um tempo de espera para comprovar os nomes. Ainda mais espera! Nesse momento, eu esperava que não existissem estas portas, estes homens e pequenos rostos! Só queria sair pela porta e ver meu pai. Queria que estas restrições acabassem e que não existissem limitações, que este sofrimento terminasse. Não podia esperar nem um minuto mais.

Finalmente, passei esta porta. Atrás, tinha um detector de metais. Pediram-me que tirasse os sapatos, colocasse-os na máquina e caminhasse sob o pórtico. Se a máquina apitasse, tinha que estar com algo que pudesse fazer soar. Às vezes pedem às mulheres que tirem a roupa íntima, caso tenha alguma peça de metal. Neste caso, pedem às mulheres que tirem sua roupa íntima no banheiro e que depois a coloque na máquina, para continuar a inspeção.

Tive a sorte da máquina não apitar, o que me permitiu seguir adiante. Logo entrei em uma segunda casa de inspeção. Havia dois soldados fortemente armados, que possuíam aproximadamente 22 anos. Estavam com um detector de metais portátil. Seus olhos estavam completamente desprovidos de inocência e de humanidade, o que não se espera devido a sua idade. Queria gritar-lhes “como se sentem sendo tão opressivos para as mulheres?”. Porém, eu não o fiz. Depois da inspeção, entrei em uma casa e fiquei esperando. Esperei e esperei. Pouco a pouco, comecei a me sentir feliz. Atrás da porta seguinte, fui ver meu pai, finalmente. Fui ver o rosto radiante que tanto gosto e que sinto falta.

Um oficial de polícia entrou na casa e avisou o horário das visitas. Nesse momento, me senti como se estivesse correndo e eu estava caminhando! Eu realmente não sabia o que fazer. Finalmente entramos na sala de visitas. A primeira coisa que notei foi o vidro que nos separava dos prisioneiros. Tentei ver meu pai. Onde você está, papai? Tentei ansiosamente encontrá-lo. Na primeira janela, tinha um homem, na segunda, um outro. Mas não eram meu pai. E, de repente, o vi, caminhando junto ao último homem. Corri para a janela vazia tão rápido como se subisse escadas. De repente, ali estava em minha frente. Meu pai, Abu Ghassan. Eu queria que o vidro se quebrasse para que nós pudéssemos nos abraçar, como quando era jovem. Porém, alguns sonhos não estão destinados a se converter em realidade. O vidro não se quebrou.

Meu pai, minha fonte de fortaleza e alegria. Finalmente nossos pudemos nos encontrar. Ainda que o vidro nos separasse, agarrei o telefone e gritei tão forte como pude: “Baba, Habibi!” (Papai, meu amor!). Enfim, enviei vários beijos através da janela. Nesse momento, meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz tremia. Os olhos de meu pai também se encheram de lágrimas. No entanto, não queríamos chorar, porque era um momento de alegria. Então, do nada, fiz um Youyou e começamos a rir. Ali é que realmente começou a viagem.

Meu pai era ainda mesmo. Vê-lo me fez sentir acima do mundo. Rimos e falamos. Enviei outros beijos através da janela. Passei as saudações de muitas pessoas. Falou-me de sua vida cotidiana, como passa seu dia e eu fiz o mesmo. Esse momento foi como um sonho que nunca poderei esquecer.

Olhei-o bastante com a finalidade de satisfazer minha necessidade dele, meu pai caloroso e amoroso, e seus olhos que eu não seria capaz de ver tão cedo. Então, senti-me mais uma vez uma criança que vive uma infância feliz. Apesar de parecer ser o mesmo, tinha mudado. Isto me chateou muito, é claro. Sua mente parecia jovem e tinha o mesmo sorriso e a mesma força com a qual estávamos acostumados. Um grisalho charmoso se estendia por todo o cabelo. Seus olhos estavam um pouco tristes, talvez porque minha mãe e Ghassan não tenham conseguido visitá-lo, mas também porque foi o 13° aniversário de morte de meu tio. Meu pai também estava triste porque o filho de seu companheiro de cela, Ishrak Rimawi Ahmad, tinha sido morto dois dias antes. Falamos como a morte de Ahmad foi impactante e triste. Ahmad tinha sido libertado recentemente dos cárceres da ocupação israelense, onde tinha passado um tempo com seu pai, na mesma prisão.

Apesar da tristeza e da dor, continuamos sorrindo e enviando beijos de vez em quando. Continuamos brincando e rindo em voz alta sobre histórias familiares. No final da visita, meu pai estava a ponto de dizer “adeus” e “cuide-se” quando, de repente, o telefone foi desligado. Então, não pude mais ouvir sua voz. Tinham transcorrido os 45 minutos. Continuou falando atrás do vidro e colocou sua mão na janela. Eu disse, gritando: “Não se preocupe, Abu Ghassan” e coloquei minha mão sobre a sua no vidro. Olhei-o pela última vez e ele fez o mesmo. Esse momento foi o mais difícil. Meu sonho estava terminando e eu não tinha o suficiente de meu pai. Preciso dele novamente, sinto sua falta.

Meu pai levantou-se e caminhou para a porta. Caminhei pelo outro lado do vidro atrás de seus passos e olhando-o. Um oficial da polícia pediu que eu me apressasse, mas eu não estava escutando. Tentei refazer os passos de meu pai. Quando cheguei à porta e estava perto de sair, gritei muito forte: “Baba (papai), Abu Ghassan! Sentirei sua falta” e mandei um beijo. Fiz um gesto com a mão para dizer adeus com um sorriso e deixamos a sala.

45 minutos não são suficientes para uma conversa de 9 anos. Foi insuficiente, inclusive, para satisfazer minha sede e meu desejo de meu pai, porém foi suficiente para nos dar força e esperança. Meu sonho ali terminou e eu não queria que terminasse. No entanto, a beleza da situação é que todo o mundo pode romper as amarras impostas a sua felicidade e pode ser feliz, apesar de ter sido curta, apesar das circunstâncias difíceis.

Durante 45 minutos, ignoramos os policiais que rodeavam seu lado, o meu, as famílias e seus queridos parentes presos. Não quis saber de suas reações acerca de nossas interações ou a opinião sobre o vidro que nos separava de nossos parentes e este telefone desumano. Só estávamos buscando minutos de felicidade, inclusive para nossa dor e para nos mantermos, e a encontramos.

Depois da visita, ao sonho… Pensando

A visita terminou, porém a viagem não. Saímos da sala às 14:50 para ir a uma casa, onde tivemos que esperar que outras famílias completassem suas visitas. Não posso descrever como a atmosfera estava triste nesta sala de espera. A casa era muito tranquila. Famílias em espera, comer um pouco de comida que tinham levado com eles. Olhos tristes estavam em todas as faces. Todos estavam ocupados, pensando, para lembrar cada detalhe da breve visita que acabavam de fazer. Todo mundo estava cansado e cheio de tristeza. Todos nós teríamos que esperar duas horas para que todas as famílias completassem suas visitas. Já eram 17:10 quando saímos. Quando entramos pelas portas da prisão, eu tinha a esperança de ficar mais um pouco. Ainda que não pudesse ver meu pai, não queria deixá-lo sozinho ali. Estes momentos foram muito difíceis para mim e para todas as famílias. Deixar para trás nossos amados. Continuaremos sonhando. Seguiremos a esperança.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/08/27/palestina-la-hija-del-maximo-dirigente-del-fplp-cuenta-la-visita-a-su-padre-encarcelado/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)