O novo patrão da Casa Branca será tal como o anterior, seja quem for

imagempor John W. Whitehead*

“O principal problema em qualquer democracia é que os demagogos são normalmente uns suínos desmiolados que sobem a um palco e lançam os seus apoiantes numa orgia frenética – depois voltam para o escritório e vendem todos os pobres idiotas por um cêntimo cada”.
— Hunter S. Thompson

A política hoje não é sobre Republicanos e Democratas.

Nem é sobre cuidados de saúde, aborto, impostos mais altos, ensino gratuito nem qualquer dos outros chavões que se tornaram os slogans de campanha para indivíduos que dominam a arte de dizer aos americanos exatamente aquilo que eles querem ouvir.

A política hoje é apenas sobre uma coisa: manter o status quo entre os Controladores (os políticos, os burocratas e a elite empresarial) e os Controlados (os contribuintes).

Hillary não vai salvar a nação. Nem Bernie, Trump, Rubio ou Cruz.

Os únicos que podem salvar a nação somos “nós, o povo”, mas o povo americano faz questão em deixar-se convencer de que um novo presidente na Casa Branca pode resolver os problemas que nos atormentam.

Seja quem for que ganhe as próximas eleições presidenciais, podemos ter a certeza de que o novo patrão será o mesmo que anterior e nós – os eternos destituídos da América – continuaremos a ser forçados a andar a toque de caixa com o estado policial em todas as questões, públicas e privadas.

Claro, como assinalo no meu livro Battlefield America: The War on the American People, chamem-lhes o que quiserem – os 1%, a elite, os controladores, os arquitetos, o governo sombra, o estado policial, o estado de vigilância, o complexo militar-industrial – desde que percebam que qualquer que seja o partido que ocupe a Casa Branca em 2017, a burocracia não eleita que controla continuará a controlar.

Considerem o que se segue como um banho de realidade, um antídoto se quiserem, contra uma overdose de anúncios de campanha, grandiosas promessas eleitorais e sentimentos patrióticos sem qualquer sentido, que nos encerram diretamente na mesma cela da prisão.

FATO: Segundo um estudo científico de investigadores de Princeton, os Estados Unidos da América não são a democracia que pretende ser, mas uma oligarquia , em que “elites económicas e grupos organizados, que representam interesses económicos, têm impactos independentes na política do governo dos EUA.

FATO: Apesar de o número de crimes violentos no país ter baixado substancialmente, para a taxa mais baixa em 40 anos, aumentou exponencialmente o número de americanos presos por crimes não violentos, como guiar com a carta suspensa .

FATO: Graças à superabundância de mais de 4500 crimes federais e mais de 400 mil regulamentos , calcula-se que, em média, um americano pratica três delitos graves por dia sem o saber. Com efeito, segundo o professor de direito John Baker, ” Não há ninguém nos EUA com mais de 18 anos que não possa ser acusado de qualquer crime federal . Isto não é exagero”.

FATO: Apesar de termos 46 milhões de americanos a viver na linha de pobreza ou abaixo dela , 16 milhões de crianças a viver em lares sem acesso adequado a alimentos , e pelo menos 900 mil veteranos que subsistem graças a senhas de alimentos , continuam a atribuir-se enormes quantias de dinheiro dos contribuintes para férias presidenciais ( 16 milhões de dólares para viagens a África e ao Havai), para a fraude de horas extra no Departamento de Segurança Nacional (perto de 9 milhões de dólaresem inexistentes horas extra, isto apenas em seis dos muitos gabinetes do Departamento de Segurança Nacional), e produções cinematográficas de Hollywood (10 milhões de dólares em dinheiro dos contribuintes gastos pelo Exército da Guarda Nacional no filme Superman para um conhecimento acrescido sobre a mesma).

FATO: Desde 2001 que os americanos gastaram 10,5 milhões de dólares por hora em inúmeras ocupações militares no estrangeiro, incluindo no Iraque e no Afeganistão. Também há as despesas de 2,2 milhões de dólares por hora para manter o arsenal nuclear dos Estados Unidos, e os 35 mil dólares gastos por hora para produzir e manter a nossa coleção de mísseis Tomahawk. E há o dinheiro que o governo exporta para outros países para sustentar os arsenais deles, com um custo de 1,61 milhão de dólares por hora para os contribuintes americanos .

FATO: Calcula-se que 2,7 milhões de crianças nos Estados Unidos têm pelo menos um dos pais na prisão , quer seja uma cadeia local ou uma penitenciária estatal ou federal, devido a uma ampla série de fatores que vão desde a alta criminalidade e assaltos a casas até a auto-stops.

FATO: Segundo uma sondagem Gallup, os americanos têm mais fé nas forças armadas e na polícia do que em qualquer dos três ramos do governo.

FATO: “Hoje, 17 mil forças policiais locais estão equipadas com equipamento militar, como helicópteros Blackhawk, metralhadoras, lança-granadas, aríetes, explosivos, sprays químicos, armaduras, visão noturna, rapel automático e veículos blindados “, informa Paul Craig Roberts, antigo secretário-adjunto do Tesouro. “Algumas têm tanques”.

FATO: Morrem às mãos da polícia, pelo menos, 400 a 500 pessoas inocentes por ano. Com efeito, os americanos têm oito vezes mais probabilidades de morrer num confronto com a polícia do que serem mortos por um terrorista. Os americanos têm 110 vezes mais probabilidades de morrerem duma doença por falta de comida do que num ataque terrorista.

FATO: Os polícias têm mais probabilidades de serem atingidos por um raio do que de serem responsabilizados financeiramente pelos seus atos errados .

FATO: Num dia normal na América, mais de 100 americanos veem as suas casas invadidas por equipas policiais SWAT . A maior parte desses assaltos baseia-se em mandados. Tem havido um assinalável aumento nos últimos anos de equipas SWAT fortemente armadas nas organizações federais sem ligação à segurança , como o Departamento da Agricultura, o Conselho de Reformas dos Caminhos-de-ferro, a Autoridade do Vale do Tennessee, o Gabinete de Gestão de Pessoal, a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo, os Serviços de Pescas e Vida Animal dos EUA, e o Departamento de Ensino.

FATO: O sistema de reconhecimento facial Next Generation Identification (NGI), do FBI, que vai deter dados sobre milhões de americanos , incluirá uma série de dados biométricos, incluindo as impressões da palma das mãos, a varredura da íris, e dados de reconhecimento do rosto. O ING poderá carregar 55 mil imagens por dia , e efetuar dezenas de milhares de pesquisas de fotos por dia.

FATO: Integrando uma indústria de 82 mil milhões de dólares , espera-se que haja pelo menos 30 mil “drones” a ocupar o espaço aéreo dos EUA em 2020.

FATO: Tudo aquilo que fizermos acabará por estar ligado à Internet. Calcula-se que, em 2030, haverá 100 milhões de milhões trillion de dispositivos sensores ligando dispositivos eletrónicos humanos (telemóveis, computadores portáteis, etc.) à Internet. Grande parte dos nossos dispositivos eletrónicos, senão todos, estarão ligados ao Google, que funciona abertamente com agências de inteligência governamentais. Praticamente tudo o que fazemos hoje – por mais inocente que seja – está a ser recolhido pela espionagem do estado policial americano.

FATO: Os americanos não sabem praticamente nada da sua história nem como funciona o seu governo. Com efeito, segundo um estudo do Centro da Constituição Nacional, 41% dos americanos “não sabem que há três ramos de governo e 62% não conseguiram nomeá-los; 33% nem sequer conseguiram mencionar um deles”.

FATO: Só seis em cada cem americanos sabem que têm o direito constitucional de responsabilizar o governo por ações erradas, conforme garantido pela cláusula do direito à petição da Primeira Emenda.

O fato mais perturbador talvez seja o seguinte: entregamos o controle do nosso governo e da nossa vida a burocratas sem rosto que nos consideram pouco mais do que gado, que têm que alimentar, marcar a ferro, matar e vender para ter lucro.

Se é que ainda há qualquer esperança de restaurar a nossa liberdade e reclamar o controlo do nosso governo, não é com os políticos mas com o próprio povo.

Depois de tudo dito e feito, cada americano terá que decidir por si mesmo se prefere uma perigosa liberdade a uma escravidão pacífica. Uma coisa é certa: o ritual tranquilizador de votar não vai alterar uma vírgula no caminho para a liberdade.

*Presidente de The Rutheford Institute.

O original encontra-se em www.rutherford.org

Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

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