No Chile, mais de um milhão de pessoas se manifestaram em mais de cinquenta cidades

imagemMarchas contra a aposentadoria privada

Resumen Latinoamericano/ 22 de agosto de 2016 – Pela segunda vez em um mês, os chilenos se lançaram massivamente às ruas para reclamar o fim do sistema privado de aposentadorias e pensões, imposto por Pinochet e que Bachelet busca reformar, porém não eliminar.

Mais de um milhão de pessoas reclamaram no Chile que se abandone o sistema privado de aposentadorias.

Centenas de milhares de pessoas saíram ontem às ruas do Chile, pela segunda vez em um mês e sem incidentes, para reclamar o fim do sistema privado de aposentadorias e pensões que rege desde 1981, quando o país estava sob a ditadura de Augusto Pinochet, e que a presidenta socialista Michelle Bachelet visa reformar, porém não eliminar.

Só em Santiago marcharam umas 80.000 pessoas, segundo os Carabineros, ou 600.000, segundo os organizadores, e as manifestações se replicaram em mais de 50 cidades e 250 comunas, informou a imprensa local.

O movimento No+AFP, que convocou o protesto, estimou que em todo o país em torno de 1,3 milhão de pessoas participaram da demonstração, quase o dobro das 750.000 que dita organização tinha calculado na primeira ocasião, em 24 de julho passado. AFP é a sigla das administradoras (privadas) de fundos de pensões.

“A vontade dos cidadãos, a vontade do povo, termina esbarrando com a intransigência daqueles que se opõem à petição. Fazemos este clamor com muita humildade, porém com muita força, também”, afirmou o coordenador de No+AFP, Luis Messina.

“Somos aqueles que hoje juramentamos não descansar até conseguir que nossas economias deixem de estar a serviço dos grupos econômicos e que de uma vez por todas se coloquem a serviço daqueles que são seus verdadeiros proprietários: os trabalhadores e trabalhadoras”, expressou o dirigente durante seu discurso.

Além de destacar que o protesto ia ser complementado com um panelaço, Messina advertiu que se o governo não aceitar as reivindicações, “será inevitável” chamar uma greve geral em “todo o território nacional” para o dia 4 de novembro.

No dia 10 deste mês, Bachelet anunciou em cadeia nacional de radio e televisão o iminente envio Congresso de um projeto de lei para reformar o sistema de pensões, porém sem eliminar o regime privado e acrescentando a este uma AFP estatal.

“Fortaleceremos o caráter solidário do sistema; nosso sistema deve ser verdadeiramente misto e tripartite, incorporando o esforço compartilhado dos trabalhadores, os empregadores e o Estado”, disse então a mandatária. “Deveremos realizar mudanças dos parâmetros que são usados para estimar as pensões e assegurar que o sistema não só seja justo, mas sustentável”, acrescentou.

“Continuaremos adiante com a criação de uma administradora de fundos estatais, que introduza mais concorrência, que seja uma alternativa para os que a queiram e que acolha os trabalhadores e trabalhadoras que hoje necessitam de cobertura previdenciária”, detalhou Bachelet.

Parte da motivação dos manifestantes que reclamam o fim do regime privado se relaciona aos ativos de pensão dos altos cargos das forças armadas e de segurança que, em alguns casos, equivalem a cerca de 50 aposentadorias mínimas.

Quando, em 1981, se impôs o sistema privado de aposentadorias e pensões, o governo de Pinochet deixou de fora as forças armadas e de segurança, que continuam no antigo sistema de distribuição estatal e atribuem a seus aposentados ativos similares aos recebidos pelos que estão em atividade. Em compensação, ao se aposentarem, os contribuintes do sistema privado recebem ativos equivalentes a entre um terço e a metade do que ganhavam durante a vida trabalhista ativa.

Em abril de 2014, Bachelet criou a Comissão Assessora Presidencial sobre o Sistema de Pensões, presidida pelo economista David Bravo, que entregou em setembro do ano passado seu informe final com propostas para melhorar o sistema de pensões, porém nenhuma delas até agora foi discutida no Congresso.

Poucos dias antes da primeira manifestação, em julho passado, seis legisladores da coalizão governante Nueva Mayoría apresentaram um projeto de lei de reforma constitucional que inclui o fim do sistema de AFP e sua substituição por um sistema público e solidário de cotização, a ser pago pelos trabalhadores, os empregadores e o Estado.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/08/22/en-chile-se-manifestaron-mas-de-un-millon-de-personas-en-mas-de-cincuenta-ciudades-marchas-contra-la-jubilacion-privada/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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