Vamos derrotar Crivella nas urnas, mas a verdadeira mudança só virá com o poder popular!

imagem(Nota Política do PCB-RJ)

As eleições municipais no Rio de Janeiro têm sido um caso particular em meio à ofensiva conservadora e reacionária em todo país. Diversos setores democráticos, socialistas, comunistas e movimentos populares convergiram na construção da candidatura de Marcelo Freixo e Luciana Boiteux, representantes da coligação PSOL-PCB na cidade. Conseguimos, com muito empenho da militância, senso de unidade e diversidade, construir uma verdadeira alternativa política e eleitoral frente às candidaturas da ordem. Conseguimos, também, a possibilidade de fortalecer uma grande e unitária resistência na cidade aos diversos ataques aos direitos trabalhistas, sociais e democráticos em curso, para além das próprias eleições.

Foi desse jeito que chegamos ao segundo turno. Por outro lado, acompanhamos a aglutinação das forças mais reacionárias e obscuras na candidatura do Bispo Marcelo Crivella: apoio de milicianos, políticos corruptos, setores empresariais e igrejas que mais funcionam como “empresas da fé” por se aproveitarem das mazelas do capitalismo e sofrimento das classes populares. Contudo, na conjuntura de aprofundamento da crise capitalista em nosso país, acirram-se as disputas interburguesas.

A burguesia monopolista, através dos grandes meios de comunicação e outros aparatos, tenta manipular a pauta eleitoral e as candidaturas. As disputas entre os grupos de mídia repercutem na competição, pela influência no poder entre os maiores grupos de monopólios nacionais e uma burguesia emergente que acumula seus capitais através do nefasto negócio das “empresas da fé”. Essa disputa tem empurrado Marcelo Crivella para posições ainda mais reacionárias e fascistizantes.

Eleger Crivella prefeito do Rio de Janeiro representa mais ataque e repressão aos trabalhadores e movimentos populares, mais poder e organização para os grupos fundamentalistas e de extrema direita. Portanto, a primeira tarefa de todos os progressistas é DERROTAR CRIVELLA NAS URNAS.

No entanto, as pressões numa eleição burguesa também repercutem em candidaturas progressistas e populares. É com preocupação que o PCB interpreta a “Carta Compromisso”, de autoria de Marcelo Freixo. Nosso partido não foi consultado a respeito nem concorda com os compromissos assumidos pelo candidato. Não temos ilusão de que podemos superar o capitalismo e o seu Estado através apenas de eleições, ainda mais em se tratando de uma prefeitura, mesmo que numa cidade importante como o Rio de Janeiro. Também não acreditamos que seja possível “humanizar” o capitalismo ou torná-lo mais ético.

Porém, assumir o compromisso genérico com o chamado equilíbrio fiscal é se submeter à lógica neoliberal de gestão das políticas públicas. É em nome do “compromisso fiscal” que hoje o governo golpista anuncia ataques aos trabalhadores, como a PEC 241 e a reforma da previdência. Outro ponto que não concordamos é a apologia de um secretariado técnico de governo. Não existe neutralidade, por mais que seja importante o conhecimento técnico específico. Esse conhecimento, de forma direta ou indireta, está associado a decisões políticas e visões de mundo. Fazer esse discurso tecnicista é despolitizar a política, menosprezar a importância das organizações e partidos políticos. A transformação da nossa sociedade não virá apenas através de soluções técnicas ou heróis. No caso do PCB, não nos coligamos com o PSOL em troca de cargos ou favores políticos, mas sim porque apostamos na construção de uma ampla frente da esquerda socialista, para lutar contra os ataques em curso do governo federal ilegítimo e organizar os trabalhadores na luta pelo socialismo.

Não nos surpreendemos com essas disputas e pressões comuns no jogo eleitoral burguês. Ainda confiamos que Marcelo Freixo continuará a cumprir os compromissos firmados na ampla construção programática que envolveu milhares de pessoas, movimentos populares e organizações políticas. O comício de ontem foi uma bela demonstração de força dessa construção de baixo para cima, capaz de derrotar o reacionarismo e o conservadorismo representados na candidatura de Marcelo Crivella.

Desejamos e lutamos para que essa bela campanha seja um exemplo nacional, um germe de uma duradoura e necessária unidade política de diversos setores populares em luta. Mas insistimos que a mudança real só virá com o povo trabalhador organizado e consciente de seu papel. Se por um lado temos as pressões do poder burguês, é hora de fortalecermos a autonomia e unidade da classe trabalhadora em torno da luta pelo do poder popular.

Sem dúvida, essa campanha tem contribuído para avançarmos nesse árduo e longo trabalho. Nesse sentido, conclamamos nossos militantes, amigos e simpatizantes a se somarem na caminhada e panfletagem que o PCB fará no próximo sábado (dia 29) pela manhã, no calçadão de Campo Grande, bairro do subúrbio da zona oeste do Rio de Janeiro.

Nesse domingo, 30 de outubro, vamos votar no Freixo e na Luciana 50. Vamos votar num processo político construído por muitas mãos, por diversos setores organizados na base, em reuniões, encontros, plenárias em toda a cidade, processo que nos orgulhamos de ter participado.

É hora de unirmos todas as forças para derrotarmos o obscurantismo e a extrema direita nas urnas. E, para além das eleições, construirmos para já a unidade do movimento popular e sindical e das organizações políticas em oposição à ordem capitalista, contra os diversos ataques em curso contra a classe trabalhadora.

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2016

Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Regional PCB-RJ