O rastro de morte na guerra imposta à Síria
Pedro García Hernández
Damasco, 20 jan (Prensa Latina)
O dramático rastro de morte em mais de cinco anos da guerra imposta à Síria constitui algo sem precedentes na região do Oriente Médio, uma das mais conturbadas historicamente no mundo.
Os ângulos desse terrível rastro de sangue ultrapassam atualmente a aterrorizante cifra de mais de 500 mil pessoas mortas, mutiladas ou desaparecidas nas piores condições de confrontos descritas como ‘crimes de lesa humanidade’.
O Acordo ou Carta de Paris de 8 de agosto de 1945, que estabeleceu o Estatuto do Tribunal de Nuremberg, englobou nesse conceito o ‘assassinato, extermínio, escravidão, deportação e qualquer outro ato desumano contra a população civil, ou perseguição por motivos religiosos, raciais ou políticos, quando tais atos ou perseguições se fazem em conexão com qualquer crime contra a paz ou em qualquer crime de guerra’.
Poucas vezes respeitado nas múltiplas guerras convencionais ou não que comovem o mundo há muitos anos, na Síria adquirem uma dimensão poucas vezes vista e na qual se envolvem, de uma ou outra forma, as potências internacionais com responsabilidades definidas e comprováveis na triste e objetiva realidade.
O tema adquire uma brutal conotação supostamente prevista, mas agora comprovável, quando recentes informações assinalam a descoberta pelo Exército sírio de valas comuns nas zonas de Daraya, Moadamiyeh, Al Tel e Al Drusha.
Todas, próximas a Damasco e atualmente libertadas da ocupação terrorista, demonstram a desumana ação desses grupos, submetidos à rendição ou ao abandono de suas intenções ante a aplicação de uma sensata política de reconciliação nacional que abarca até agora mais de 1.100 mil localidades em todo o território deste país do Levante.
O presidente da Associação Geral de Medicina Legal da Síria, Husein Noafal, afirmou em recentes declarações que se prepara uma primeira fase para a identificação dos corpos que esclarece, pelo menos, o destino de muitos sírios que se encontram em paradeiro desconhecido.
‘Não podemos dizer o número exato de pessoas cujos corpos estão agora enterrados em valas comuns na Síria. Os terroristas continuam controlando muitas áreas e não sabemos quantos túmulos há’, precisou o especialista.
A este rastro de morte devem se agregar situações similares em Alepo, recém libertada pelo Exército sírio e milícias aliadas, as cidades de Homs, Palmira ou Deir Ezzor e Raqqa, a ‘capital’ do Estado Islâmico, Daesh, no norte da Síria.
A lamentável cifra de vítimas, computadas por diversas fontes e, por outro lado, muito difícil de comprovar nos cenários de combate, inclui 85 mil civis, entre os quais 14.711 mil são menores de idade.
Tentar destruir uma nação a tão alto custo humano ultrapassa largamente, em somente cinco anos, qualquer holocausto promovido com perfídia e sadismo a partir dos maiores centros de poder do mundo ocidental.
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