Liberdade para Jesús Santrich!
(Nota Política do PCB)
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem a púbico expressar seu mais veemente repúdio à notória montagem judicial que o estado colombiano articula com o imperialismo estadunidense ao prender Jesús Santrich, o dirigente do partido FARC (Forças Alternativas Revolucionárias do Comum), ex-comandante guerrilheiro e ex-membro da Mesa de Diálogos que se processou em Havana, dando início a um processo de extradição para os Estados Unidos que, de forma absurda, se atribui o direito a jurisdição extraterritorial. Santrich foi preso em sua residência em Bogotá por ordem de um juiz de Nova Iorque!
A farsa judicial, em conluio com a mídia hegemônica, consiste em imputar-lhe a leviana acusação de tráfico de drogas para os Estados Unidos que, além de servir para proteger os verdadeiros traficantes – oligarcas colombianos ligados a milícias paramilitares que agem sob o manto da impunidade estatal – tem como objetivo político principal jogar uma pá de cal no chamado acordo de paz construído sob os auspícios da ONU e que já vem sendo desrespeitado pelas instituições estatais em praticamente todas as suas cláusulas, como a não libertação de mais de 600 ex-guerrilheiros, ainda presos políticos, a despeito da cláusula de anistia prevista no acordo.
Denunciamos ainda o novo extermínio político que vem sendo praticado na Colômbia contra aqueles que ousam lutar contra a injustiça e pelos direitos dos trabalhadores. Nos últimos meses, foram assassinados centenas de militantes políticos e sociais que se opõem ao sistema, incluindo ex-guerrilheiros que depuseram suas armas. A autoria é atribuída invariavelmente a paramilitares, apresentados como bandos apartados do estado, expediente usado historicamente pela burguesia colombiana para assegurar a impunidade das instituições e autoridades estatais.
Lembramos ainda que o recrudescimento da repressão e da violência do estado colombiano é parte da ofensiva da direita em toda a América Latina, em conluio com o imperialismo norte-americano que, em meio à crise do capitalismo e ao acirramento das contradições interimperialistas, quer retomar o domínio de todo nosso continente.
O Estado colombiano joga o papel de principal cão de guarda dos EUA nessa ofensiva, abrigando sete bases norte-americanas, com as maiores e mais treinadas forças armadas da região, sua localização estratégica entre a América do Sul, o Caribe e a América Central e México e sua exótica vinculação orgânica à OTAN. Com grande fronteira com a Venezuela, a Colômbia é a ponta de lança da tentativa de desestabilização do processo bolivariano de mudanças, do ponto de vista político e possivelmente militar.