O Brasil capitalista afunda no desemprego, na miséria e na violência
Ney Nunes*
A mídia burguesa tenta de todas as formas “tapar o sol com a peneira”, mas a dura realidade vai se impondo aos olhos de todos, pelo menos daqueles que não perderam a capacidade de, minimamente, entender o que se passa a sua volta.
As informações divulgadas pelo IBGE na semana passada sobre os 27 milhões de desempregados e subempregados, assim como dados sobre o crescimento da inadimplência, do aumento do número de imóveis (residenciais e comerciais) desocupados, apenas confirmam a gravidade da situação em que vive a maioria do povo trabalhador.
As saídas individualistas da crise, como o apregoado e incentivado “empreendedorismo”, esbarram na atual derrocada econômica, onde até mesmo empresas, antes solidamente estabelecidas, reduzem drasticamente suas atividades ou simplesmente fecham as suas portas, o que faz dos novos pequenos e micros empresários sérios candidatos à falência.
Os cortes nos gastos sociais fazem que os serviços públicos sofram uma contínua deterioração, além do que, são sobrecarregados pela proletarização crescente de segmentos da chamada classe média, antes usuários dos serviços privados, como educação e saúde.
As grandes cidades, já inchadas pelo avanço do agronegócio e da mecanização nas lavouras que expulsaram as populações rurais, tornam-se reféns da violência, acossadas pelo banditismo que há muito tempo deixou de ser algo residual para se transformar, com o aumento da crise social, num fenômeno de massa.
Some-se a isso tudo a degeneração das instituições burguesas, de seu aparato de governo, jurídico e parlamentar, e chegamos ao atual estado de coisas, verdadeira antessala da barbárie. Situação típica dos países entregues à sanha do imperialismo, onde a classe dominante abriu mão de qualquer projeto de soberania nacional.
O governo Temer é o resumo dessa decadência burguesa, mas essa crise vai muito além da podridão de um governante, dos seus ministros e da sua base parlamentar. A crise é do sistema de dominação e exploração capitalista, ela não terá, portanto, solução fora das transformações estruturais, a partir da constituição de um bloco de forças do proletariado, dos assalariados da classe média, dos pequenos proprietários do campo e da cidade e da intelectualidade progressista, em oposição ao atual bloco dominante da burguesia e do imperialismo.
*Membro do Comitê Central do PCB