PCB presente no VI Congresso do Partido Comunista do México
PCB presente no VI Congresso do Partido Comunista do México
Secretaria de Relações Internacionais do PCB
Nos dias 03, 04 e 05 de agosto, o camarada Ricardo Costa (Rico), Secretário Nacional de Comunicação do PCB, esteve participando, na condição de convidado internacional e como representante do Comitê Central do PCB, do VI Congresso do Partido Comunista do México, realizado na Cidade do México. No dia 03, pela manhã, aconteceu o Seminário Internacional que debateu o tema “Experiências do trabalho de massas (operário, sindical, setores populares, mulheres, migrantes, indígenas, minorias nacionais, jovens e estudantes), com a presença dos seguintes partidos: PCM, PCB, PCPE, KKE, PCV, PC do Paraguai, Partido dos Comunistas dos EUA, PC Peruano e PC de El Salvador. Também participou do Seminário o representante do Partido Popular Socialista do México e estava presente o representante do Partido Comunista do Peru (Patria Roja). O representante do PCB apresentou parte das resoluções da Conferência Nacional Política e de Organização do PCB, que trata da relação do Partido com o movimento de massas, centrando foco no trabalho desenvolvido pela Unidade Classista, a União da Juventude Comunistas e os coletivos partidários que atuam junto aos movimentos de mulheres, negros e LGBT.
O quadro geral verificado na América Latina, a partir das intervenções dos representantes dos partidos irmãos, é de uma conjuntura de agudização dos reflexos da crise internacional do capitalismo sobre as condições de vida da classe trabalhadora e dos setores populares, com recrudescimento das ações imperialistas comandadas centralmente pelos Estados Unidos, dos ataques aos direitos dos trabalhadores, criminalização das lutas sociais e aumento da repressão sobre os movimentos de combate às políticas da burguesia em todos os países. Destacamos abaixo as intervenções dos representantes do PC do México, PC Peruano e PC da Venezuela.
A situação no México foi caracterizada pelo dirigente do PCM como de uma “tragédia social”: são cerca de 6 milhões de assalariados no país, com baixo nível de organização sindical, em meio aos retrocessos aplicados pelos sucessivos governos na legislação trabalhista, impondo retirada de direitos, como o direito à greve, de organização em sindicatos (há regiões no México onde as empresas multinacionais – maquiladoras – impuseram, como condição para se estabelecerem, a proibição de os trabalhadores se sindicalizarem), convenções coletivas, etc. Os salários em geral estão muito rebaixados, e as estatísticas oficiais não reconhecem greves que vêm pipocando em vários setores da economia. Cresceu o desemprego (na ordem de 7,5 milhões de desempregados) e ampliaram-se os contratos temporários e precários, as terceirizações e o trabalho informal (57% dos empregados estão na informalidade). Hoje há uma disputa acirrada entre os capitais estadunidenses e chineses pelo mercado mexicano. A China se converteu no segundo sócio comercial do México, na ordem de 80 bilhões de dólares, com a presença de 900 empresas operando no país, principalmente nas telecomunicações e exploração de minérios. A chamada “guerra contra o tráfico” serve de escudo para a criminalização e o assassinato dos pobres (cerca de 100 mil mortos e desaparecidos nos últimos 6 anos) e para a proteção e promoção, da parte do Estado, de determinados cartéis do narcotráfico, financiados com armamentos dos EUA, em detrimento de outros. As centrais sindicais (34 no total), assim como a imensa maioria das federações e dos sindicatos, adotam a política da colaboração de classe, seguindo o modelo do sindicalismo estadunidense e aprovando contratos e acordos coletivos de trabalho falsos, isto é, claramente a serviço dos interesses patronais. Apenas 10% dos trabalhadores mexicanos urbanos são sindicalizados, quadro que demonstra ser ainda mais desfavorável no campo.
O Partido Comunista do México é uma organização aguerrida e muito disciplinada, que vem crescendo, nos últimos anos, entre os jovens e as mulheres, por sua atuação destemida contra as ações da burguesia e do imperialismo.
O tema central do VI Congresso do PCM é a atuação no movimento de massas, para aprofundar a relação com o movimento operário, priorizando a organização da classe trabalhadora nos centros industriais e nos bairros populares, assim como com os trabalhadores do campo e das comunidades indígenas. Com relação ao recém-eleito presidente López Obrador, o PCM adota clara postura de oposição, caracterizando o Partido Morena como “nova socialdemocracia” e o novo governo como representante interesses dos monopólios no país, destacando inclusive que, após as eleições, já houve movimentações da parte de Obrador no sentido de promover a “reconciliação nacional” com o projeto do Tratado de Livre Comércio da América do Norte e articulações com aliados do derrotado Peña Nieto (PRI) e com a administração Trump (EUA). Para o PCM, Obrador aplicará medidas de compensação social mais rebaixadas que as dos governos do PT no Brasil e aprofundará a política burguesa em seu país, com mais legitimidade após o resultado eleitoral.
O Partido Comunista Peruano, liderado pela camarada Flor de María Gonzáles Uriola, primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária Geral, sofreu a tentativa, pelo governo mexicano, no aeroporto, de deportação de dois camaradas do Comitê Central, porque carregavam na mala uma bandeira vermelha do PC Peruano, fato que foi contornado com a pronta ação dos dirigentes e militantes do PCM, que imediatamente se dirigiram em protesto para a porta da Secretaria de Relações Exteriores e conseguiram reverter a ação discricionária e discriminatória. O PC Peruano, fundado pelo intelectual marxista José Carlos Mariátegui em 1928, sofreu divisão na década de 1970, quando surgiu o partido maoísta Bandera Roja, que deu origem ao Patria Roja e ao Sendero Luminoso. Até hoje o PCP sofre discriminação e é alvo de repressão e perseguição quando vai às ruas com suas bandeiras, por causa do Sendero, cujos integrantes, nos anos 1990, falsamente indicavam como se fossem dos comunistas as autorias de seus próprios atos terroristas. Muitos militantes comunistas caíram sob as balas do terrorismo ou da violência policial estatal. Hoje o Partido procura superar o período dos últimos 25 anos, quando se produziram desvios socialdemocratas no interior do PCP e degeneração ideológica. Busca crescer junto à juventude e às mulheres peruanas, na perspectiva classista. Os militantes atuam também no interior da Confederação Geral dos Trabalhadores Peruanos (CGTP), enfrentando a hegemonia socialdemocrata e reformista no movimento sindical peruano.
O camarada Carolus Wimmer, Secretário de Relações Internacionais do PC da Venezuela, informou que a situação de seu país é de extrema adversidade, por causa do boicote dos EUA e das grandes empresas, principalmente ligadas aos bancos capitalistas, que buscam sufocar a economia venezuelana e impedem até a circulação de dinheiro vivo, além de provocar uma inflação brutal, com forte deterioração das condições de vida das camadas populares. No entanto, a maioria da população continua apoiando o governo Maduro, como se verificou no resultado das eleições presidenciais e na reação massiva ao recente atentado sofrido pelo presidente, por entender que o causador de todo este quadro são os Estados Unidos. Há um posicionamento fortemente crítico arraigado na população contra o imperialismo estadunidense. O PCV coloca-se de forma independente em relação a Maduro, apoiando o governo contra as investidas da direita venezuelana e do imperialismo, ao mesmo tempo em que organiza manifestações populares em favor do aprofundamento do processo político em social que se levem em conta as necessidades da classe trabalhadora e dos setores populares. O PCV se organiza através de comissões de massa, a exemplo das Comissões Nacionais do Movimento Operário Sindical, de Mulheres Comunistas, Movimento Popular Comunitário, Agrária Camponesa, Comissão Internacionalista pela Paz, etc.
A Juventude Comunista da Venezuela atua em diversas frentes. Recentemente, o PCV ajudou a organizar a Marcha Campesina, que percorreu 600 quilômetros desde o interior do país até o Palácio Miraflores, em Caracas, sede da Presidência da República. Trata-se de um movimento contrário à ação dos latifundiários, à falta de políticas mais incisivas do governo para com os camponeses e à corrupção de representantes governamentais no campo. O movimento se iniciou com cerca de 70 camponeses e, ao longo dos 30 pontos de parada, nas comunidades, foi recebendo a solidariedade popular e incorporando mais gente, chegando a 300 pessoas ao final, enfrentando repressão, prisões e tentativas de divisão e desmobilização da marcha por parte do governo. Os líderes foram recebidos pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte e por Maduro. Depois, os integrantes da Marcha se reuniram na sede do Comitê Central do PCV para fazer o balanço da luta. Nos dias seguintes, três líderes da Marcha foram assassinados a mando de latifundiários.
Na Abertura do VI Congresso, os representantes das delegações internacionais e de inúmeras entidades presentes, dentre organizações políticas e do movimento social, sindical e popular mexicano, fizeram suas saudações aos dirigentes e militantes do PC do México, afirmando a certeza de que os debates em torno das teses congressuais representariam o aprofundamento da coesão ideológica do Partido e que contribuiriam fortemente para fazer do PCM uma organização política cada vez mais inserida nas lutas da classe trabalhadora e dos setores populares do México. As intervenções dos convidados internacionais destacaram ainda a importância do PCM como uma liderança inconteste na América Latina à frente do combate ao capitalismo e ao imperialismo, fortalecendo os laços de amizade e solidariedade que unem os partidos comunistas e operários da América Latina e de todo o mundo na luta efetiva contra os ditames do capital e em favor do Socialismo e do Comunismo.