Governo Bolsonaro e a agenda do capital

imagemOs ricos, os patrões e seus políticos de estimação nunca se importaram com a vida do povo trabalhador

Mario Mariano – militante do PCB em MG

Jair Bolsonaro vem cumprindo à risca a agenda dos interesses dos ricos e poderosos no Brasil. Seu modo tosco de fazer as coisas tem deixado tudo mais dramático e angustiante para a maioria do povo. Já sentíamos diariamente o sucateamento do SUS, a destruição da previdência social, os ataques aos direitos trabalhistas, a falta de moradia, o desemprego, as dificuldades da informalidade, a falta de recursos para a educação, ou seja, o estado mínimo para os pobres e forte para defender os interesses dos capitalistas.

Com a chegada do novo coronavírus no Brasil, esse quadro, que já era desumano, se torna mais doloroso, pois se soma a uma doença que tem assolado populações em todo o mundo. Temos podido ver o que nos espera se o lucro, e não a vida, continuar ser o guia de condução dos governos. O prefeito de Milão, na Itália, logo no início da pandemia em sua cidade, espalhou um vídeo pedindo para que a cidade não parasse. Passado um breve tempo, veio à TV pedir desculpas, diante de um quadro em que famílias perderam seus entes queridos em números assustadores. Caixões estão empilhados nas funerárias, e a Itália é o país com maior número de mortes causadas pela COVID-19 até agora: mais de 13 mil.

Se já sabemos, pelas experiências de diferentes países e de pesquisas na área de saúde, que estimular as pessoas a ficar em casa é uma medida bastante eficiente para salvar vidas nesse tipo de situação, qual a explicação para a atitude de Bolsonaro de debochar das medidas de isolamento e repetir que os comércios devem reabrir e que a economia não pode parar?

As falas e decisões de Bolsonaro vêm deixando escapar o verdadeiro caráter dos interesses econômicos e políticos que ele e seu governo representam. Paulo Guedes e seu ultraliberalismo na economia, Damares e sua agenda conservadora nos costumes, Weintraub e seu ataque diário a estudantes e professores, Ernesto Araújo e sua submissão a Trump são parte de um governo que, em conjunto com setores das elites que ainda os apoiam, acredita que a vida do povo trabalhador pouco importa se ela não está sob a batuta do seu patrão na lógica da sociedade capitalista. Por isso defendem a EC-95 (emenda do Teto dos Gastos), que tira dinheiro da educação e saúde para garantir os lucros dos banqueiros. Pelo mesmo motivo se esforçaram tanto para atacar a previdência social e os direitos trabalhistas, seguindo a cartilha neoliberal para garantir o chamado “bom humor” do mercado. A vida das pessoas nunca foi prioridade para esses representantes dos interesses das elites, dos bancos e dos ricos.

Bolsonaro corre atrás do tempo para fazer a economia funcionar para as elites que o elegeram. Para que serviria um presidente, na lógica do capitalismo, se ele não consegue manter um Estado que permite, diariamente, que o sangue e o suor de quem trabalha se transforme em lucro para os capitalistas? Ele usará todas as suas armas para isso, mesmo que custe a vida de milhares de pessoas que poderão ser infectadas pelo novo coronavírus e que não conseguirão atendimento em um SUS que Bolsonaro sucateou ainda mais para manter os lucros das empresas privadas da área de saúde. O jogo da exploração não pode parar para Bolsonaro e para os interesses que ele representa.

Bolsonaro e seu posicionamento nefasto sobre a pandemia é, no Brasil, a ponta de um iceberg chamado capitalismo. Isso significa que faz sentido derrubar Bolsonaro, Mourão, Paulo Guedes e seus aliados como um passo de uma tarefa ainda maior: derrotar o projeto das elites capitalistas e fortalecer uma saída para a crise atual que tenha como ponto fundamental o Poder Popular e o Socialismo, ou seja, a vida humana plena de toda sua riqueza material e não material.

Se Bolsonaro está do lado do capital e do lucro, nós devemos estar com a classe trabalhadora, do lado da vida, contra a exploração e contra toda forma de opressão. Se os ricos, os patrões e seus políticos de estimação nunca se importaram com a vida do povo trabalhador, sejamos nós a juntar nossas forças, nossa inteligência e nossa solidariedade de classe em cada local de moradia, trabalho e estudo para cuidar dos nossos e fazer avançar nossa luta para tirar Bolsonaro e Mourão do nosso caminho e construir a alternativa em que a vida derrote o lucro de uma vez por todas!

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