Seminário PCB 90 anos debate a Europa: Crise, retirada de direitos e resistência popular

O sistema midiático falsifica a história, utiliza uma linguagem criada pelo imperialismo para manter a sua dominação, como é o caso das expressões “comunidade internacional” e “primavera árabe”, esta no caso uma grande mentira, basta ver o que ocorreu no Egito, na Tunísia e na Líbia. A afirmação é do jornalista e escritor comunista português, e que militou no PCB, Miguel Urbano Rodrigues.

Para ele, o que ocorreu atualmente na Síria é similar ao que houve com a Líbia, só sendo possível porque conta com o apoio da China e da Rússia, pois o imperialismo mudou de caráter. Explicou que as duas guerras mundiais foram inter-imperialistas, o que não ocorre atualmente já que as contradições dos países não são antagônicas.

O imperialismo coletivo ataca de maneira bélica onde quer, embasado na santa aliança dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, à vezes com a Alemanha, e apoio de pequenos países para superar a crise, que é estrutural, não é cíclica, não tem saída, daí a opção utilizada ser a agressão, o saque dos povos do Terceiro Mundo.

Destacou que a guerra do Afeganistão ameaça tornar-se uma catástrofe para os EUA, similar à do Vietnã. No Afeganistão foram criadas grandes civilizações da humanidade, é um país que tem tradição, daí ser uma guerra perdida. Nos últimos 15 dias foram publicadas fotos de soldados estadunidenses com uma bandeira nazista, outra de um soldado a urinar sobre militares afegãos mortos. Além disso, oficiais queimaram o Alcorão e houve um, aclamado como herói de guerra, que matou 16 pessoas, entre mulheres e crianças.

Analisou que os Estados Unidos invadiram Uganda sob o pretexto de combater uma seita religiosa, que não tinha 100 a 200 pessoas, apenas para instalar um governo marionete. O Pentágono quer criar um exército permanente na África de 100 mil homens, tanto que instalaram uma base militar na antiga Somália francesa.

Como reagir a tudo isso? Não tem receita, procuramos sistematicamente as melhores formas de luta, emendou. Segundo Miguel Urbano, o fim da URSS afetou gravemente os partidos comunistas da Europa: – Só os camaradas gregos mantem atitudes firmes, a grande maioria dos demais existe para democratizar a luta de classes. Os gregos batem-se pela humanidade.

O representante do Partido Comunista da Grécia (KKE), Georges Marinos, Secretário de Relações Internacionais,  defendeu o legado do socialismo ocorrido na União Soviética, apesar de alguns erros, e ressaltou que há imensas calúnias contra a revolução bolchevique para anular as forças do socialismo.

Ressaltou que em seu país os comunistas lutam pelo poder dos trabalhadores, o poder popular, com a socialização dos meios de produção, planificação central, cancelamento da dívida que não foi feita pelo povo grego e pela saída dos organismos internacionais a mando do imperialismo, como a OTAN e a União Europeia.

Ao analisar a crise econômica afirmou que “é filha do desenvolvimento capitalista” e que não é simultânea em todos os países, o que não quer dizer esperá-la se manifestar, pois vai chegar onde hoje não está presente, por isso o papel dos comunistas é preparar a classe operária para tal enfrentamento, acumular forças para canalizá-las em direção da derrocada do poder capitalista.

O representante do Partido Comunista dos Povos da Espanha, Severino Menendez, membro do Comitê Central, disse que os trabalhadores estão vivendo um momento duro, no qual estão sendo retirados seus direitos históricos, em um claro plano do capitalismo para intensificar a exploração, reiniciar um novo ciclo de produção.

Destacou alguns itens fundamentais para explicar o ocorrido: antes aos direitos dos trabalhadores sem ameaçar os da oligarquia; um mesmo tipo de política aplicada pelos diferentes partidos na Europa, sejam eles de centro direita ou de centro esquerda, ditada pela oligarquia; a intensificação da batalha ideológica, com a criminalização das lutas dos trabalhadores; e a oferta do reformismo como alternativa para ajudar essas mesmas oligarquias, a distrair a população das verdadeiras causas da crise.

Contou que em seu país estão criando comitês para a unidade dos trabalhadores, que é preciso fortalecer o partido comunista e seu caráter bolchevique, com centralismo-democrático; além de redobrar a luta ideológica em todas as frentes, mostrar que existe outra alternativa ao capitalismo, que é o socialismo.

Por fim afirmou que a reconstrução do movimento comunista internacional passa pela reconstrução da Internacional Comunista, desta feita sob perspectiva revolucionária.