A decisão de Fachin para além das aparências
(Imagem: STF)
O significado político da anulação dos processos contra Lula para além das aparências
Henrique Suricato – Militante da UJC-SP e do PCB-SP
O programa humorístico da TV Globo “Zorra” sempre dizia que estava difícil competir com a realidade quando seus roteiristas elaboravam o programa com sátiras à conjuntura brasileira. Eles não mentiram, os fatos conjunturais da política brasileira conseguem ganhar a audiência do Big Brother Brasil por simplesmente a realidade ser mais absurda e “inesperada” que a própria ficção e qualquer Reality Show.
Já havia burburinhos acerca da provável anulação das sentenças destinadas a Lula proferidas pela Operação Lava A jato, sob condução do então Juiz Sérgio Moro, para acabar com o “lavajatismo: a doença infantil” [1]. As condenações poderiam ser encerradas ou arquivadas por completo. De qualquer forma, sem condenação, o petista está novamente com condições legais de se candidatar ao Executivo em 2022 e isso logo de cara representa um impacto de grandes proporções políticas na atual conjuntura brasileira.
A decisão de Fachin
Conforme já se especulava, o relator da Lava Jato (LJ) do STF iria levar à 2ª Turma recursos de Lula para tentar demonstrar à Corte que não há suspeição de desembargadores no caso do sítio de Atibaia e, em outros casos, como o do Triplex do Guarujá e do Instituto Lula [2].
Ele não condena as provas em si, mas as decisões tomadas sobre os processos investigativos, cobertos de parcialidade do início ao fim, como ficou bastante revelado nas mensagens entre procuradores e o ex-Juiz Sérgio Moro no “Vaza Jato”[3], agora com o material integral nas mãos da defesa do petista [4].
Fachin se antecipou aos críticos abertos da LJ no STF Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Kassio Nunes Marques, outros membros da 2ª Turma que desejam se valer do caso do Lula para aplicar integralmente sobre todas as investigações tocadas pela Operação. Não atacando diretamente Moro e a LJ, Fachin manda as decisões para a Suprema Corte do Distrito Federal, onde, na escolha de um novo juiz, pode se dar uma nova sentença, arquivar todo o processo ou confirmar a mesma sentença emitida por Curitiba [5]. Foram cedidos os anéis mais vistosos (condenação de Lula) para não perder os dedos (o “legado” da Lava Jato).
A reação da imprensa, do mercado e a ira dos Lavajatistas
A Bovespa, que não caiu quando atingimos médias diárias de mais de 1500 mortos pela pandemia, caiu 3,98% e chegou a cair 4% imediatamente após a decisão. O dólar comercial chegou a R$ 5,78 [6]. A justificativa de Faria Lima gira em torno da instabilidade dos negócios com a polarização e as eleições de 2022 focarem na disputa Bolsonaro x Lula. Mas Faria Lima no fundo escolhe o primeiro por: 1. Paulo Guedes ainda está lá no Ministério da Economia (há quem acredite que Bolsonaro possa tocar reformas liberais para se contrapor ao petismo e trazer de volta boa parte de seu eleitorado) e 2. Afinidade ideológica, mesmo que não agreguem vantagens pragmáticas caso Lula ofereça (o que é provável) uma sinalização à elite.
“É bem difícil a esquerda ganhar sem dialogar com o mercado. Não é viável ganhar sem um pacto que os envolva. O que mudou com relação a 2016/2018 é que parece haver uma disposição de vários setores da elite em conversar de novo com o PT, agora com o Lula” [7].
A piada que corria solta nas redes sociais estava à procura da reação de uma das jornalistas mais pró-Lavajatistas, Vera Magalhães, que, hoje trabalhando para o carioca O Globo, não escondeu sua decepção com a sentença bem mais que previsível [8]. Outros abertos apologistas da Operação, como o comentarista Celso Camarotti, sabiam das consequências da comprovação da parcialidade jurídica de Moro nos processos contra Lula, a qual seria um grande trunfo usado pela defesa petista para anular os processos e impor uma vitória do político não só sobre os lavajatistas, mas a todos os seus adversários e inimigos políticos, independentemente do grau que cada um iria absorver. “Na hora de entregar os anéis, perdeu foi a mão toda” [9].
Deltan Dallagnol, na época procurador da Operação e braço direito de Moro, foi um dos que mais protestaram contra a sentença, visando a prescrição das condenações, isto é, que as provas utilizadas na sua condenação não tivessem mais validade jurídica por passar do prazo[10]. Ele estava vendo o principal feito da Operação em termos jurídicos e políticos sendo desfeito. Deveria ter se atentado às consequências políticas não só da condenação de Lula, mas caso os meios utilizados para condená-lo fossem descobertos, tal como foi em 2019 no vazamento das mensagens.
Um dos autores do pedido de impeachment de Dilma em 2016, o jurista Miguel Reale Jr., já reconheceu a impossibilidade de uma nova condenação por conta da idade do acusado e o prazo menor de prescrição da denúncia [11]. Cálculo jurídico feito por outros especialistas da área. Moro, até aqui, está quieto.
A reação imediata do PT
Enquanto a militância de base sempre emocionada com a liberdade de seu grande líder comemora nas redes socais e nas ruas [12], as direções agem com cautela enquanto estas linhas estão sendo escritas, pelo fato de Moro ainda não ter sido condenado integralmente. A forma como Fachin conduziu a análise do processo deixa uma estrada aberta para a Operação e para o próprio Moro no que tange à possibilidade de Brasília condenar novamente Lula e o tornar inelegível novamente, pois as provas, os depoimentos das testemunhas e as investigações estão todas prontas, falta apenas uma nova sentença.
A implosão da oposição
No “Centro”, o que houve foram muitas lamentações: o vacilante centrista Luciano Huck se limita a dizer que, embora na democracia seja necessário respeitar as decisões do STF, apela para que a população não repita “figurinha em seu álbum”. Péssima metáfora, só mostra que nem pra político burguês típico ele presta [13]. Henrique Mandetta, o martirizado ex-Ministro da Saúde, faz uma reflexão tirada da “Teoria da Ferradura”, ao afirmar que os extremos se retroalimentam e essa polarização não fará bem ao Brasil. Ciro Gomes diz que “não contem com ele para este circo” e conclama as forças sensatas da política a fazerem frente ao Lulismo e ao Bolsonarismo [14]. Nas ninguém sai mais baleado que Dória [15]: até então a figura política que fez dentro da burguesia a oposição mas “consequente” ao governo Bolsonaro (o que não é muito difícil, diga-se de passagem), viu não só Lula voltar ao cenário eleitoral e ainda vê seu nome sequer ser consenso no seu próprio partido [16], onde o colega gaúcho Eduardo Leite [17] goza de mais credibilidade pelas cabeças brancas do PSDB e das alas mais pragmáticas e “anti paulistas” da sigla, como o grande desafeto Aécio Neves [18].
Bolsonaro agradece, pero no mucho….
O que parece ser consenso na centralidade dos debates dos analistas políticos da esquerda à direita é como Bolsonaro pode se beneficiar do retorno de seu principal adversário político [19]. Para se derrubar o mito petista, foi necessário erguer uma antítese no polo oposto igualmente reconhecida como “mito”. Mas os métodos de governança e a posição frente às investigações e operações contra a corrupção encontram convergência entre os petistas e o governo Bolsonaro. Os primeiros fortaleceram em Dilma I e II a Polícia Federal e o STF, dando condições para que a operação contra a corrupção pudesse avançar sem os obstáculos anteriores [20].
Uma investigação sobre lavagem de dinheiro em Lava Jatos automotivos do Paraná acabou descobrindo elos muito maiores, ao ver a relação desta lavagem de dinheiro com a Petrobras nos idos de 2014. Isso permitiu a ascensão de um grupo curitibano de investigadores e juízes com ambições claramente políticas – como ficou posteriormente comprovado – para combater a estrutura política abertamente corrupta existente. Mas a legitimidade e toda a operação acabou atendendo a interesses internos e externos de vários agentes políticos, a começar por quem recebeu a assessoria dos Think Tanks americanos [21], com interesses em arruinar este ou aquele setor da economia, de uma burguesia descontente com os rumos da conciliação de classes e sua insuficiência em administrar os conflitos intraburgueses que se manifestavam.
Com uma classe média moralista inflamada pela imprensa que via na operação uma redenção da pátria maior que os processos do Mensalão, a grande parte da corja de políticos oportunistas que, mesmo atingidos na operação, viam na liquidação petista a oportunidade de rearranjar o pacto político da redemocratização. O pano de fundo, isto é, o combustível para tudo isso eram a insurreição de junho de 2013, a recessão econômica e a cooptação daquela insurgência toda pela direita e sua canalização contra o governo petista. Logo mais tarde, na rasteira do descrédito da direita tradicional, elegeria seu campeão em 2018, o até então folclórico Bolsonaro, mas altamente competente por ter canalizado para si todo o antipetismo da sociedade de todas as classes sociais.
O cálculo político do benefício da elegibilidade de Lula para Bolsonaro é feito sobretudo no antipetismo, que fez todas as forças políticas organizadas da sociedade burguesa apoiar pontualmente ou de forma convicta, ora descarada, ora envergonhada, a candidatura e o atual governo do bonapartista contra a ameaça petista, cujo governo ameaçava a realização de um novo pacto governamental burguês, onde nos bastidores do processo de impeachment, o PT até poderia ser readmitido como uma oposição útil de esquerda, mas não mais retornar à governança do Estado brasileiro. Há quem diga que Bolsonaro desejava polarizar com o PT, mas não exatamente contra Lula.
Um fato passado a ser recordado: o áudio de Romero Jucá
O processo de esquecimento parece ser proposital, afinal não se pode recorrer a novos erros se você interpreta corretamente os fatos ocorridos no passado, o que não permite a sua reprodução em forma de farsa. Há um elemento do passado recente, de 4 anos atrás que nos ajuda e muito a explicar as disputas intraburguesas atuais.
Lá em maio de 2017 [22], quando houve o vazamento das conversas de Joesley Batista com dirigentes políticos, no dia que ficou conhecido pelo Bovespa como o “Joesley Day”, o então Senador Romero Jucá (MDB-RR) em conversas captadas de março de 2016 afirmava a necessidade de gerar “um grande acordão com o Supremo e com tudo” a partir do Governo Temer (2016-2018). O pacto envolvia cessar a Operação Lava Jato de um jeito e de outro, envolvia uma recondução do poder das forças centristas com uma presidência de centro direita do tipo PSDB ou MDB e uma transição em 2018 para algum partido com este perfil e até a reabilitação petista como uma oposição útil, “perfeita”, mas não mais permitindo o seu retorno à presidência [23]. Só tinha um problema nesse cálculo político todo: a própria Lava Jato e sua atuação como um verdadeiro partido político, seu apoio estrutural vindo de organizações americanas, seu desejo “jacobino” de expurgar o país da corrupção, as classes médias e a grande imprensa em sua total empolgação e no fila, a sua adesão ao Bolsonarismo.
O custo disso para a economia nacional foi altíssimo. Não se pode atribuir apenas a operação à ruína da economia brasileira, mas ela a serviu como uma das catalisadoras. A destruição de empreiteiras e dos setores diretamente dependentes, a perda de dinamismo econômico da maior empresa e principal estatal do país, um sentimento generalizado de “antipolítica”, que com uma esquerda implodida pela derrocada petista e gritante fragilidade organizativa promovida com a ofensiva pós impeachment nas conquistas dos trabalhadores e suas entidades, combinados à desorganização política promovida por anos de conciliação de classe petista a deseducar uma geração inteira. A direita tradicional que aspirava o poder foi arrastada por aquilo que a operação produziu de fenômeno político mais autêntico. E a sacada de cooptar Moro ao Governo Bolsonaro e o tornar Ministro da Justiça era a coroação perfeita.
A grande verdade é que estes agentes todos dessa operação sabiam ser tudo, menos políticos. Sabiam combater seus inimigos, mas não sabiam o que fazer de fato depois dele. Quando estavam com o poder na mão não sabiam o que fazer, pois demonstraram a vacilação típica da pequena burguesia, a sua total incapacidade de ser uma força política independente.
Quando Bolsonaro viu o STF apertar o cerco a sua família e as suas declarações golpistas, correu de volta aos braços dos mais autênticos dirigentes políticos da burguesia brasileira, o famoso Centrão e este exigiu a cabeça de Moro e o fim da LJ, como a Presidência da Câmara dos deputados ainda exige a total liquidação [24]. Foi uma verdadeira prova de sua incompetência em controlar as consequências de suas próprias decisões políticas, tal qual um feiticeiro que invoca feitiços dos quais não consegue controlar mais se voltam contra si, pois outro feiticeiro, mais experiente, doma a força estranha invocada e a usa. Com o suficiente enfraquecimento das organizações políticas dos trabalhadores e de seus partidos e organizações, seria a extrema direita personificada em Bolsonaro a maior beneficiária e trataria de liquidar o polo concorrente dentro de seu próprio campo, o lavajatismo.
E os comunistas diante de tudo isso?
Falamos de tudo isso para chegar ao que interessa: e nós, comunistas e classe trabalhadora, como ficamos diante de tudo isso? Como ficamos diante desses novos fatos durante uma pandemia que já matou 270 mil pessoas em nossa pátria? O que ganhamos, ou perdemos com tudo isso?
Para além das análises imediatas e superficiais de emocionados de plantão [25] e do desmascaramento de falsos comunistas, que não passam de petistas radicalizados, as atenções voltam-se para demarcar nossa independência de classe, que pode ser jogada para segundo plano. Longe de ignorar todos os processos ilegais, de toda a falcatrua e das disputas intraburguesas mais que comprovadas para tirar o PT do poder pela necessidade de tocar uma ofensiva geral do capital contra o trabalho sem mediadores, tornar Lula elegível logo depois da queda da popularidade de Bolsonaro, depois de seus deslizes frente aos seus apoiadores liberais e de pesquisas que comprovam a sua derrota frente a Lula [26] colocam novos pressupostos na atual luta de classes e no cotidiano das ações dos revolucionários e comunistas daqui para frente.
Começando pelo mais imediato, não é forçoso dizer que, salvo exceções honrosas, os petistas fizeram pouco, mais muito pouco enquanto partido e sua esfera imediata de influência para reorganizar as massas, para tirar Bolsonaro do poder, para além dos velhos métodos institucionais que esvaziam qualquer iniciativa independente dos trabalhadores (os inúmeros pedidos de impeachment engavetados pelo então Presidente da Câmara Rodrigo Maia). Lembremos das jornadas antifascistas do meio do ano passado e o pouco peso dado a elas. Lembremos do discurso oficial para deixar o governo sangrar e se vingar de 2018 com 2022 na arena eleitoral, lembremos da sua “tropa” de ativistas que só servem como massa eleitoral, que só sabem militar nas redes sociais, zombam dos comunistas, tacham em geral os eleitores de Bolsonaro como “gados” incorrigíveis e desestimulam qualquer ação organizada e coletiva dos trabalhadores na derrubada do governo.
A sua militância de fato, que se limitou a fazer apenas meras ações simbólicas [27] e assistencialistas, teve muito mais energia e disposição para sair às ruas e comemorar o retorno dos direitos políticos de Lula do que auxiliar os trabalhadores na pandemia e no combate ao governo. Daqui para a frente, caso se confirme a suspeição total dos casos sentenciados por Moro, e Lula seja de fato o candidato do PT à presidência de 2022, veremos, em cada frente ampla, em cada explosão da conjuntura até lá, em cada trabalho de base onde as circunstâncias colocam os revolucionários no encontro com os petistas, a máxima do PCO: frente ampla de esquerda em torno de Lula 2022. Jogarão, tanto na prática quanto na retórica, tudo para as eleições.
Como as demais forças de esquerda veem tudo isso? Depende. Se antes Boulos manifestou publicamente a sua desistência de se candidatar à presidência caso Lula volte a ser candidato [28], cabe agora saber se o companheiro do PSOL persistirá nesta posição ou os últimos acontecimentos o possam levar a uma condução independente da esquerda em torno de um projeto e um programa a superar o petismo [29].
Qualquer iniciativa independente de reorganização dos trabalhadores, que supere a conciliação de classe e suas consequências, enfrentará uma oposição dos petistas em prol de seu projeto eleitoral. Disso os revolucionários já estarão exaustos e meio calejados em lidar com essa prática corriqueira e está vendo o filme se repetir novamente, agora com contornos de uma trágica farsa. Pois os elementos conjunturais que viabilizaram uma governança petista nos anos 2000 não estão mais colocados nem na conjuntura nacional e nem na internacional.
A base daqueles que se auto consideram parte da esquerda revolucionária carrega muito consigo de petismo, não de maneira consciente, é claro, por conta de boa parte da atual geração de militantes serem formados em tempos de grande refluxo internacional das lutas operárias na esteira da queda da URSS e dos países socialistas do Leste Europeu, da liquidação dos Partidos Comunistas, do triunfo do neoliberalismo e da ascensão de uma esquerda anti leninista e rebaixada, mais medíocre que a Social Democracia histórica do Século XX. Os anos 1990 foram demasiado terríveis para os comunistas. Reconhecer isso é o primeiro passo.
O segundo é não hesitar em reconhecer que a luta mais consequente contra a ameaça fascista de Jair Bolsonaro e seus ataques à classe trabalhadora e às suas organizações é indissociável da crítica mais impiedosa e consequente que os marxistas-leninistas podem exercer ao oportunismo petista, que se pinta de novo e joga com o esquecimento coletivo das novas gerações, de seu desarme quase completo da nossa classe quando esteve no poder e não foi capaz de promover uma mínima reforma de caráter progressista e barrar os algozes burgueses.
A única saída dos trabalhadores para a crise atual não deve ser o Lula 2022, e não devemos nos isentar de trabalhar para construir uma outra alternativa de fato, onde a independência política do proletariado e de seus aliados esteja garantida independentemente do governo a assumir.
Conclusão
Sem sectarismos, a consciência geral de esquerda das massas ainda é bem petista. Elas se limitam a reivindicar e a se organizar em torno da perspectiva institucional, eleitoral. O PT e seus satélites sabem disso, são coerentes com seu programa e por isso apostam em 2022 e trabalham para isso. Será necessário separar o joio (as direções, os ativistas profissionais conscientes do que estão defendendo, os burocratas sindicais, comunitários e estudantis etc.) do trigo. Mas isso não poderá ser feito se apenas nos limitarmos a correr atrás dessa massa simpática ao PT parcialmente.
O que a ciência política chama de massa isenta é a grande maioria de nosso proletariado, “apolítico”, não organizado, que pode ser mobilizado para além do mero apoio passivo, como pudemos testemunhar na Greve Geral de 2017, nas lutas secundaristas, na primavera feminista e nas inúmeras resistências promovidas em menor escala em todo o território nacional. Ele precisa ser trazido para a luta organizada, coletiva e de caráter permanente e só fará isso se encontrar nas vanguardas políticas de nosso campo as palavras de ordem que correspondam diretamente às suas necessidades mais imediatas, aliadas à perspectiva segura de se organizarem em torno delas e para além delas, no conjunto de outras reivindicações que superem a perspectiva eleitoral e economicista.
Os trabalhadores não podem esperar até 2022 para serem mobilizados novamente, não podem continuar dispersos enquanto a pandemia mata mais de 2 mil por dia, quando o desemprego atinge todas as gerações e os condena a décadas de carestia, a inflação a corroer a renda e os direitos duramente conquistados são arrancadas com facilidade. Somente com a nossa independência política de classe, em torno de um bloco revolucionário com um programa próprio, novamente podemos impor à burguesia e aos oportunistas as pautas da classe trabalhadora e suas reivindicações na ordem do dia. Que voltem a nos temer de fato!
Posfácio de 9 de Março de 2021
A decisão da segunda turma do STF responsável por julgar a suspeição de Moro teve seu adiamento motivado pelos pedidos de vista de Kassio Nunes Marques, logo ele, o ministro indicado por Bolsonaro que era tido como um dos juízes garantistas a votar junto com Lewandowski e Mendes contra Fachin e Carmen Lúcia [30]. O placar ficou 2 a 2, a ação não passou despercebida por muitos. Parece que Bolsonaro está, nos bastidores, negociando a barganha necessária para saber a quem melhor combater e se pode contar com os seus aliados políticos.
[1] https://www.poder360.com.br/lava-jato/fachin-chama-lavajatismo-de-doenca-infantil-mas-nega-fim-da-operacao/
[2] https://politica.estadao.com.br/blogs/carlos-melo/decisao-de-fachin-acelera-o-processo-politico/ e https://oglobo.globo.com/brasil/em-oito-pontos-entenda-conteudo-impactos-da-decisao-de-fachin-que-anulou-condenacoes-de-lula-1-24915323
[3] https://theintercept.com/series/mensagens-lava-jato/
[4] https://www.cartacapital.com.br/justica/lewandowski-determina-que-lula-tenha-acesso-a-todas-as-conversas-da-vaza-jato/
[5] https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/lula-esta-apto-para-disputar-eleicoes-em-2022-mas-pode-voltar-a-ficar-inelegivel/
[6] – https://www.infomoney.com.br/mercados/ibovespa-acelera-queda-a-mais-de-2-apos-ministro-do-stf-anular-condenacoes-de-lula-na-lava-jato/
[7] – https://www.cartacapital.com.br/politica/tragedia-bolsonaro-pode-levar-setores-da-elite-a-reatar-lacos-com-lula/ “ É bem difícil a esquerda ganhar sem dialogar com o mercado. Não é viável ganhar sem um pacto que os envolva. O que mudou com relação a 2016/2018 é que parece haver uma disposição de vários setores da elite em conversar de novo com o PT, agora com o Lula
[8] – https://blogs.oglobo.globo.com/vera-magalhaes/post/lava-jato-vira-letra-morta-e-2018-parte-2-e-logo-ali.html
[9] – https://g1.globo.com/globonews/playlist/videos-2-turma-do-stf-julga-imparcialidade-de-moro-no-caso-lula.ghtml?video-9334520-id
[10] https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/lava-jato/deltan-decisao-abre-chances-de-prescricao-de-processos,b287fe4697b356cffd199563066c35875ubo9kmw.html
[11] https://www.brasil247.com/brasil/miguel-reale-jr-autor-do-processo-de-impeachment-contra-dilma-diz-que-processos-contra-lula-estao-praticamente-prescritos
[12] https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/03/08/pt-e-comemoracao-para-fora-e-cautela-para-dentro.ghtml
[13] https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,decisao-de-fachin-mobiliza-politicos-e-presidenciaveis-veja-repercussao,70003640812
[14]https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/08/interna_politica,1244487/ciro-gomes-sobre-lula-em-2022-nao-contem-comigo-para-esse-circo.shtml
[15] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/lula-no-jogo-de-2022-atordoa-o-centro-e-acelera-candidatura-de-doria.shtml
[16] https://oglobo.globo.com/brasil/doria-faz-ofensiva-por-candidatura-presidencia-expoe-racha-no-psdb-24876424
[17] https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADtica/leite-defende-renova%C3%A7%C3%A3o-pol%C3%ADtica-ao-comentar-decis%C3%A3o-de-fachin-1.582963
[18] https://noticias.r7.com/prisma/r7-planalto/em-derrota-a-doria-bruno-araujo-e-reeleito-presidente-do-psdb-12022021
[19] https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,com-lula-no-jogo-polarizacao-politica-volta-a-assombrar-o-brasil-veja-analise-de-marcelo-de-moraes,70003640863
[20]https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/24/interna_politica,847909/moro-diz-que-nos-governos-do-pt-nao-houve-interferencia-politica-na-pf.shtml
[21] o Camarada Luís Fernandes desenvolve bem o Fenômeno da Lava Jato pra além de Moro e sua Ligação com os EUA https://pcb.org.br/portal2/23394/o-lava-jatismo-se-resume-a-sergio-moro/
[22] https://www.infomoney.com.br/mercados/joesley-day-a-delacao-que-colocou-em-xeque-a-agenda-de-reformas-e-fez-o-ibovespa-derreter-mais-de-10/
[23] https://m.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1774018-em-dialogos-gravados-juca-fala-em-pacto-para-deter-avanco-da-lava-jato.shtml
[24] https://oglobo.globo.com/brasil/arthur-lira-lula-pode-ate-merecer-moro-jamais-24915187
[25] https://www.brasil247.com/blog/a-vitoria-da-politica-de-lula-e-irresistivel-e-o-mandela-libertado
[26] https://blogs.oglobo.globo.com/capital/post/reacao-do-mercado-volta-de-lula-ao-jogo-eleitoral-teria-sido-diferente-um-mes-atras.html
[27] Como as inúmeras carreatas, panelaços e outras ações performáticas que engajam somente a militância das classes médias, sem nenhum trabalho prévio de convocação e convencimento das massas de fato.
[28] https://br.noticias.yahoo.com/para-boulos-poss%C3%ADvel-candidatura-lula-201300632.html
[29] https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/antes-de-lancar-nome-vamos-discutir-projeto-diz-boulos-sobre-haddad-para-presidencia-em-2022.html
[30] https://istoe.com.br/nunes-marques-pede-vista-e-julgamento-de-suspeicao-de-moro-e-adiado/