Pela saúde e segurança dos trabalhadores
PCB – Centro de São Paulo
A vida acima dos lucros: o que defendem os comunistas pela saúde e segurança dos trabalhadores de São Paulo
Enquanto alguns países do mundo já se encontram em estágios avançados em suas campanhas de vacinação nacionais, o Brasil segue como protagonista mundial da disseminação incontida da COVID-19. Além da mortandade alarmante, se disseminam também as variantes diversas das cepas do vírus, que se desenvolveram conforme o avanço da pandemia. Em São Paulo, uma das maiores cidades do Brasil e do mundo, a situação não é diferente – ao contrário, em muitos aspectos, a situação é pior.
Buscando se projetar como alternativa eleitoral do empresariado a nível nacional, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, se utilizou de uma retórica de compromisso com o controle da pandemia, chegando a ensaiar medidas de isolamento social e um discurso de polarização com o negacionismo científico de Bolsonaro. Mas suas medidas foram efêmeras: alguns curtos períodos de isolamento social, intercalados com flexibilizações para o retorno das atividades comerciais. Esse “isolamento social pela metade”, puramente performático, fez pouco mais pelo combate à pandemia do que o negacionismo bolsonarista e escancarou a ainda mais a desigualdade entre aqueles que tiveram condições econômicas de adotar o isolamento social e aqueles que não.
Desesperado por fazer retornar a “normalidade” econômica capitalista, Dória não estava disposto a levar o isolamento social “longe demais” – muito menos estava disposto a qualquer política de suporte econômico à massa pobre do povo durante a pandemia. É natural, então, que, diante disso, a política de Dória apenas ajudasse a fortalecer ainda mais o negacionismo, pela necessidade prática, entre a massa dos trabalhadores autônomos e pequenos empresários pobres.
Sem muita alternativa para a realização de qualquer isolamento social efetivo; em meio ao desemprego crescente e ao aumento do custo de vida; diante da cesta básica mais cara do país (em São Paulo, R$ 654,15, mais da metade do salário mínimo); sem auxílio emergencial nacional suficiente para todos e quando muito também com o auxílio municipal ínfimo, que já acabou (entre R$100,00 e R$ 200,00 reais) – a massa dos trabalhadores pobres de São Paulo foi forçada a optar entre se expor ao vírus ou morrer de fome.
Coroando sua farsa, Dória declarou guerra contra o isolamento social dos professores da rede pública, e teve que ser derrotado pela força grevista organizada dos trabalhadores do transporte, limpeza urbana e outros setores do proletariado dos serviços essenciais, em luta por sua vacinação prioritária. Por fim, segundo o site oficial do governo do Estado, pouco mais de 20% da população paulista recebeu a primeira dose da vacina e menos de 12% está vacinada também com a segunda dose.
Há mais de 90 dias, o Brasil “estagnou” num índice de cerca de dois mil mortos todos os dias. Em abril de 2021, o mês mais letal da pandemia até agora, a cidade de São Paulo registrava 800 óbitos diários, com o número diminuindo em 300 óbitos diários no início do mês de maio. Mas essa “melhora” relativa ainda nos mantém em uma situação pior do que durante todo o ano de 2020: desde o início de 2021, os números de mortos no Brasil inteiro aumentaram em relação aos números nos mesmos meses do ano anterior. Para cada cinco mortos pela COVID-19 em todo o Brasil, um é residente da capital paulista. Essas cifras descomunais de vidas ceifadas não importam para os defensores de uma política que preza pelos lucros acima das vidas dos trabalhadores. Por isso Dória apenas culpa Bolsonaro pela falta de vacinas, sem retomar seriamente qualquer isolamento social ou limitação das atividades não essenciais; e o Ministro da Saúde de Bolsonaro, recuando do negacionismo, culpa a falta de insumos… mas isso só confirma o que dizem os comunistas: que a crise que vivemos não é causada apenas pelo vírus, mas também pelo próprio sistema econômico capitalista, defendido tanto por Bolsonaro quanto por João Doria.
Somente a luta garante a vida acima dos lucros
Dentro deste espetáculo de horror promovido pelos diversos setores da política burguesa, fica apenas mais claro que a luta organizada pela defesa de nossa classe é a única maneira de garantir nossa sobrevivência e a melhoria de nossas condições de vida. Em primeiro lugar, é necessária a volta imediata e inegociável do auxílio emergencial nacional de, no mínimo, 600 reais. Com o Brasil voltando ao mapa da fome e a capital paulista sendo a ponta de lança de desemprego no país, é imprescindível que nossa classe trabalhadora receba o auxílio para garantir o básico de proteção alimentar, sanitária, de saúde e moradia. Com o auxílio, devem ser ampliadas, igualmente, as políticas de testagem em massa, com um mapeamento e controle sanitário por região para controle da disseminação do coronavírus. Depender somente da vacina, no momento, é insuficiente na conjuntura que vivemos.
Assim, nossas defesas imediatas vão muito além do debate que os setores da burguesia ruminam, limitado ao lockdown, por um lado, e a abertura do comércio, por outro. Para nós, comunistas, interessa a vida digna e a continuidade da luta pela construção do poder popular. Nesse momento de crise econômica e sanitária, esses interesses demandam com urgência a construção da greve geral de diversos setores de nossa classe. A mobilização agora, portanto, deve ser construída no sentido de que possibilite uma organização geral dos trabalhadores, que nos leve à possibilidade de construir uma base que assegure as medidas de segurança e proteção sanitárias de ampla testagem de Covid-19, vacinação de todas as pessoas, efetiva e gratuita e acesso aos insumos básicos de sobrevivência, para que possamos seguir travando nossas lutas pela emancipação da nossa classe.
Falando da Cidade de São Paulo, centro mais dinâmico da produção capitalista do país, foram notadas, também, as mais diversas implicações da crise nos setores urbanos. Com a flexibilização e fechamento constante, muitas pequenas e médias empresas se viram no dilema de continuarem existindo ou, de vez, fecharem as portas. É necessário lutar contra o fechamento de postos de trabalho, promovendo inclusive uma política de suspensão das demissões, que tem jogado a classe trabalhadora cada vez mais ao setor informal do comércio, onde os tentáculos da exploração do sistema capitalista se mostram mais fortes e impiedosos, ou no desemprego.
De nada adianta, porém, a defesa de um auxílio emergencial e emprego se, ao fim do dia, o trabalhador não tiver para onde voltar, e essa é a realidade de muitos em São Paulo. Aliado às exigências supracitadas, que garantiriam não só um controle sanitário e a mínima condição de estabilidade financeira do povo, é necessário: o congelamento emergencial dos aluguéis e fim dos despejos; redução emergencial dos preços dos itens da cesta básica; suspensão das operações policiais e reintegrações de posse.
Ao longo da pandemia, essa luta vem sendo travada por diversos setores da classe trabalhadora, organizando cada vez mais brigadas de solidariedade e comitês locais em defesa das condições de vida do povo pobre em diversos bairros populares. Iniciativas como essas demonstram, na prática, parte do potencial proletário para a construção efetiva do poder popular, assumindo nas mãos da classe trabalhadora a solução dos problemas que assolam ela própria, na luta pelas suas condições de vida imediatas na construção da contra ofensiva da nossa classe aos avanços da exploração capitalista. É necessário criar e fortalecer nossas ações organizadas, comprometidas com um programa anticapitalista e anti-imperialista de transformações sociais, num horizonte não apenas de sobrevivência imediata frente às crises que enfrentamos diariamente, mas também apontando a necessidade, urgência e a possibilidade da superação do sistema capitalista que nos explora e oprime – através da reorganização socialista da sociedade!
PCB – Célula Centro – SP