Quem foi Claudino José da Silva?

imagemUnião da Juventude Comunista (UJC) de Niterói/São Gonçalo (RJ)

▪️ Nascido em 23 de julho de 1902, em uma fazenda no município de Natividade do Carangola (RJ), Claudino José da Silva era filho de camponeses pobres. Aos 13 anos, após o falecimento de sua mãe, abandonou a escola ainda no ensino básico e tornou-se trabalhador rural em uma das fazendas de sua cidade. Em 1918, mudou-se para Niterói, capital do Estado do Rio de Janeiro à época, e trabalhou inicialmente como carpinteiro até ingressar como operário de construção. E foi aí que começou sua jornada política, atuando no sindicato e participando de greves.

▪️ No movimento sindical, assistiu palestras de figuras como Octávio Brandão, Laura Brandão e Astrojildo Pereira. Tornou-se um grande admirador de Lênin e da Revolução Russa e, em 1927, entrou para o Partido Comunista (PCB). Membro da Liga Operária da Construção Civil de Niterói, Claudino foi preso diversas vezes por atuar em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Em uma dessas vezes, ficou gravemente enfermo por ter sido tão fortemente torturado e violentado pelas autoridades. Depois desse acontecido, foi encaminhado pelo PCB para organizar o partido em Juiz de Fora e Belo Horizonte.

▪️ Após sucessivas prisões e uma notória e combativa atuação, se torna membro do Diretório Nacional do PCB. Posteriormente, no contexto de redemocratização pós-Estado Novo, assume a Secretaria Política do Comitê Executivo do PCB no Rio de Janeiro e torna-se membro do Comitê Central do Partido Comunista. Em 1946, ao lado de Carlos Marighella, Gregório Bezerra, Jorge Amado, Luiz Carlos Preste e outros, Claudino é eleito Deputado Constituinte pelo PCB.

▪️ A bancada comunista eleita em 1946 gerou fortes incômodos e desconfortos aos demais parlamentares, uma vez que, ao contrário dos outros, que em sua maioria eram de origem rica e representavam os interesses da burguesia, os comunistas, além de majoritariamente terem vindo de origem pobre, traziam pautas em defesa da classe trabalhadora.

▪️ Esse desconforto da classe dominante com a bancada e sua origem social fica evidente em algumas situações. O jornal O Estado de São Paulo de 14/02/1946, por exemplo, usava os seguintes termos para qualificar o discurso do deputado Claudino José da Silva: “O orador ocupou a tribuna por tempo excessivo, e lia imperturbavelmente, atrapalhava-se na leitura, cometia silabadas a todo instante. (…) O orador comunista, um autêntico popular e crioulo, cumpriu o seu dever partidário até o fim, apesar dos tropeços na leitura, cujo texto era rebarbativo, mesmo para letrados, tal o jargão em que estava escrito”.

▪️ Em 1948, no governo de Gaspar Dutra, teve seu mandato parlamentar cassado junto com os de seus camaradas. Nos anos de Ditadura Militar e de completa ilegalidade e perseguição aos comunistas, pouco se sabe sobre o paradeiro de Claudino, exceto que, em 1968, já idoso, foi preso por distribuir materiais “subversivos” em Joinville. Faleceu em 1985, aos 82 anos de idade, deixando um imenso legado de luta e esperança. Em 2013, através do samba-enredo “O Bafo do Tigre mostra ao povo a saga do negro Claudino José da Silva”, sua vida foi tema de desfile da escola de samba “O Bafo do Tigre”, localizada no Morro do Estado, em Niterói.

A célula do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Niterói leva Claudino José da Silva em seu nome, como homenagem.

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