Escalada israelense sem precedentes na Síria

imagemUm tanque istraelense nos Montes Golã ocupados em frente à cidade de Quneitra

Créditos / PressTV

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A Síria condenou o plano israelense para duplicar a população de colonos nos Montes Golã, alertando para o aumento «sem precedentes e perigoso» das atividades de expropriação de terras e expansão de colonatos.

Numa nota emitida na última segunda-feira, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros afirmou que os Montes Golã ocupados são parte integrante do território sírio à luz do direito internacional e que o país árabe tudo fará para os recuperar, «por todos os meios necessários».

«O governo sírio reafirma o seu apoio total e firme a toda a nação síria, incluindo os residentes nos Montes Golã ocupados, que se mantêm firmes na sua resistência contra a ocupação israelense e rejeitam rotundamente a anexação do território sírio, bem como as políticas de apropriação de terras por parte das autoridades israelenses», lê-se no texto, citado pela agência SANA.

A diplomacia síria sublinha que o plano israelense agora aprovado viola os princípios internacionais, nomeadamente a Quarta Convenção de Genebra de 1949 e Resolução 497 de 1981 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considerou nula e sem efeito legal a decisão de Israel de impor a sua jurisdição e administração nos Montes Golã sírios ocupados.

Duplicar o número de colonos em cinco anos
Numa reunião realizada domingo passado no colonato de Mevo Hamma, nos Montes Golã ocupados, o governo israelense aprovou o plano de expansão da população de colonos de Israel na região, com o objetivo de a duplicar no espaço de cinco anos.

O projeto, que tinha sido apresentado em outubro, tem um custo estimado de 279 milhões de euros e visa construir 7300 unidades habitacionais no colonato ilegal de Mevo Hamma, procurando atrair cerca de 23 mil novos colonos judeus para a região.

«Este é o nosso momento. Este é o momento dos Montes Golã», disse o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennet, na reunião. «Depois de muitos anos parados em termos de extensão do colonato, o nosso objetivo agora é duplicar o colonato nos Montes Golã», acrescentou, citado pela PressTV.

Em outubro, Bennet afirmou categoricamente que «os Montes Golã são israelenses» e que, em última instância, o objetivo seria até multiplicar por quatro a população judaica atualmente ali residente, levando-a a crescer até aos 100 mil habitantes nos próximos anos.

O primeiro-ministro de Israel não se esqueceu de agradecer ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, cuja administração, num passo inédito, reconheceu a soberania daquele país sobre o território ocupado em 2019.

Entretanto, a atual administração dos EUA mantém-se silenciosa sobre o estatuto do território, algo que Bennet entende como uma aceitação do reconhecimento de soberania por parte de Trump.

Israel capturou os Montes Golã em 1967, no contexto da Guerra dos Seis Dias, que também levaria à ocupação da Faixa de Gaza, da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental, na Palestina.

No território, que foi formalmente anexado em 1981 – passo nunca reconhecido pela comunidade internacional –, vivem cerca de 23 mil drusos sírios, que enfrentam constantes ameaças de expulsão, deslocamentos forçados e apreensão de terras devido aos planos de expansão israelenses.

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