A desonestidade como marca da pequena política: o caso PCO

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Por Milton Pinheiro

O PCO, “partido da causa operária”, tem se notabilizado por uma postura política bizarra, desonesta em relação à esquerda e subserviente aos pressupostos da democracia formal da ordem capitalista. Essa turma tem ganhado notoriedade por fazer defesas contundentes de personagens que representam ideologicamente as questões do modo de vida burguês (ferindo postulados do pensamento de Trotsky), a exemplo do jogador Neymar, o neonazista Monark, o neofascista Olavo de Carvalho e congêneres.

Essa lógica política dos causadores esmera-se numa falsa compreensão de que todos (as), a partir do direito burguês, poderiam emitir opiniões criminosas e isso deveria ser compreendido como liberdade de expressão (até Voltaire ficaria preocupado com essa noção). Não obstante, se essa primeira impressão não for suficiente para explicar o comportamento dessa turma, poderíamos acrescentar que talvez seja uma necessidade de ser visto a partir das polêmicas estéreis que geram.

Ao lado desse método, amplamente questionável de fazer “militância” política, os mistificadores que se autoproclamam seguidores do revolucionário Trotsky, têm demonstrado parca capacidade intelectual e raso discernimento político para se colocar na atual quadra da luta de classes. O papel central dos causadores, também nesse momento, é questionar as ações de rua, construídas pela ampla unidade das entidades do campo proletário, popular e dos partidos de esquerda.

Existe sim, nessa turma, não um universo paralelo, mas uma profunda fuga de tudo que não diga respeito ao projeto eleitoral de Lula e do campo majoritário do PT. E para defender esse desiderato, o PCO tem usado de argumentos desonestos e covardes para atacar partidos de esquerda, militantes e perspectivas revolucionárias; inclusive se valendo das falsas notícias da imprensa burguesa.

No eixo desses ataques, encontra-se, já há algum tempo, o professor Jones Manoel, professor, publicista e militante do PCB, com ampla intervenção nas redes sociais, que vem sendo atacado de forma criminosa e mentirosa pelos causadores. Agora, a verborragia da pequena política desse grupelho se volta, de forma misógina, contra a pré-candidatura da professora Sofia Manzano à presidência da República, pelo PCB.

Incapaz, pela lógica oportunista a que se propôs intervir na política, o PCO insiste na rota idealista de fazer política pelo critério da vontade. Desse limitado patamar, não consegue entender o método de análise que é pautado na investigação da realidade concreta (talvez seja demais esperar essa postura dos causadores).

O real e concreto da luta de classes, a partir dos interesses da classe trabalhadora, nos informa que precisamos agir na perspectiva da articulação da frente anticapitalista e anti-imperialista contra o neofascismo e os golpistas de 2016; que as massas populares devem ter a oportunidade de conhecer, já no primeiro turno, as propostas daqueles(as) que operam no campo da independência de classe e que, nesse momento eleitoral de possível politização, devemos aprofundar o projeto de reorganização da classe trabalhadora para enfrentar o que virá no pós eleitoral, independentemente de quem vença as eleições.

A partir dessas balizas de ação, o PCB tem, como centralidade nas trincheiras da disputa política, denunciar o capitalismo, apresentar um programa para o Brasil que dialogue com as necessidades imediatas das massas, contudo, sem rebaixar a pauta ao programa da conciliação de classes; ao tempo em que debateremos com as massas populares o nosso projeto estratégico.

Pensamos e agimos a partir da ação que movimenta a luta pelo Poder Popular, na perspectiva do Socialismo. Ao contrário dos causadores, não contribuímos para a subalternização da esquerda ao projeto da conciliação burgo-petista. Nesse cenário, consideramos que quem está contribuindo para fortalecer ideologicamente na sociedade os postulados da direita são aqueles que em seu desiderato fogem do programa da independência de classe e se rendem ao pacto entre capital e trabalho.

Nessa lógica de inversões políticas, lamentavelmente, em aliança com as hordas neoconservadoras, o PCO tem rebaixado o debate sobre o sistema das opressões da ordem capitalista a uma discussão sobre identitarismo e ONGs; sem perceber que o sistema capitalista estrutura na sociedade de massas o racismo, o machismo/misoginia, a lgbtfobia e outras formas de opressão.

É importante identificar que, na formação social capitalista brasileira, levando em consideração o perfil da classe trabalhadora, a lógica estruturante da ordem do capital organiza os ataques à população preta e pobre das mais diversas periferias. Fugir desse debate pelo viés argumentativo do entendimento burguês é um desserviço ao conjunto do povo que hoje enfrenta as opressões do sistema e a violência policial.

Mas, ainda no campo das posições turvas, os causadores defendem que as ruas sejam apenas para manifestação dos seus desejos eleitorais. Os espaços das ruas e praças são para muito mais do que isso. Devemos tensionar para que nessa disputa ideológica consigamos tornar pública a proposta da esquerda e o significado de um projeto de classe.

O primeiro turno das eleições de 2022, independente do sentido das alianças, deve servir para elevar o discernimento do conjunto da classe trabalhadora para aquilo que realmente lhe interessa. Portanto, a quem serve a pré-candidatura da professora Sofia Manzano do PCB? Serve ao projeto de reorganização da classe trabalhadora; serve para apresentar um programa em torno das necessidades imediatas do povo sem sucumbir à lógica do pacto capital/trabalho, serve para politizar o momento das eleições, serve para construir a unidade de ação do campo proletário, popular e de esquerda. Portanto, serve para fortalecer o sentido de que a classe trabalhadora deve ser colocada no posto de comando da ação e se fortaleça na luta de classes.

Milton Pinheiro é Cientista Político, professor e membro do CC do PCB.

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