PCB da Paraíba: por Memória, Verdade e Justiça
ATO EM CELEBRAÇÃO À VIDA E LUTA DOS MÁRTIRES DA LUTA PELA TERRA É REALIZADO NO MEMORIAL DAS LIGAS E LUTAS CAMPONESAS DA PARAÍBA
Na tarde de 2 de abril foi realizado um ato em memória aos mártires da luta pela terra, na comunidade Barra de Antas, em Sapé-PB. Na ocasião, foram homenageados lutadores e lutadoras como João Pedro Teixeira, Nego Fuba, Pedro Fazendeiro, Margarida Alves, Almir Muniz, Antônio Chaves, Sandoval Avelino e Bila.
Estiveram presentes estudantes, pesquisadores, movimentos sociais, coletivos culturais, sindicatos rurais, associações de trabalhadores do campo, partidos políticos e anistiados da ditadura empresarial-militar de 1964.
O ato ocorreu no Memorial das Ligas e Lutas Camponesas (MLLC), localizado na casa em que viveram João Pedro Teixeira e Elizabeth Teixeira.
A data marca o assassinato do líder camponês e comunista João Pedro Teixeira, reconhecida liderança da Liga Camponesa de Sapé.
QUEM FOI JOÃO PEDRO TEIXEIRA?
Paraibano, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e um dos maiores líderes das Ligas Camponesas no Brasil, João Pedro Teixeira foi assassinado com três tiros de fuzil a caminho de casa, em 2 de abril de 1962, emboscado por dois policiais militares e um jagunço que atuavam como capangas para o “Grupo da Várzea”, corporação que atuou mais intensamente entre as décadas de 1950 e 1980, unindo duas grandes famílias latifundiárias da Paraíba: os Ribeiro Coutinho e os Veloso Borges.
Filho de camponeses, dedicava-se à lida no roçado e nas pedreiras da região, não tardando a rebelar-se contra a exploração capitalista.
Em 1945, quando foi morar em Jaboatão dos Guararapes (PE) com sua companheira Elizabeth Teixeira e seus filhos, e filhas, trabalhou em uma pedreira em que, diante das injustiças, destacou-se como importante líder entre os trabalhadores, assumindo a presidência do recém criado Sindicato dos Operários.
Adentrou as fileiras do PCB ainda na década de 1950, e por causa de sua combativa militância passou a ser perseguido, tendo dificuldades em se empregar, o que fez com que retornasse à Paraíba com sua família para viver em Barra de Antas, no município de Sapé, numa propriedade da família de Elizabeth.
Lá, juntamente a figuras como o também comunista João Alfredo Dias, o “Nego Fuba”, e Pedro Inácio de Araújo, o “Pedro Fazendeiro”, fundou em 1958 a Liga Camponesa de Sapé.
A Liga Camponesa de Sapé, fundada oficialmente como “Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé”, foi uma ferramenta política fundamental para a organização da classe trabalhadora no espaço agrário paraibano e, sob influência direta do PCB, chegou a ter, em seu auge, cerca de 13 mil associados, tornando se uma das mais relevantes organizações de luta no campo brasileiro entre o final da década de 1950 e início da década de 1960.
As Ligas Camponesas foram uma resposta a contínua piora das condições de vida dos camponeses nos anos de 1940 e 1950, que incluiu: o avanço das terras para cultivo da cana-de-açúcar; a cobrança do “cambão”, perversa relação de produção que impunha forçadamente aos camponeses alguns dias de trabalho não-remunerados nas grandes propriedades; e a própria expulsão de trabalhadores e trabalhadoras da terra.
Por seu papel na agitação e mobilização da classe trabalhadora, passou a ser alvo de constantes ameaças dos latifundiários da região. Tais ameaças se concretizaram em 2 de abril de 1962, quando João Pedro foi assassinado em uma emboscada na estrada entre Café do Vento e Sapé, fato que gerou grande comoção e revolta entre os trabalhadores e trabalhadoras do campo.
Com o acirramento da luta de classes no campo paraibano, Elizabeth Teixeira e seus companheiros de luta Nego Fuba e Pedro Fazendeiro seguiram com a luta de João Pedro na Liga Camponesa de Sapé, que viu suas fileiras engrossarem consideravelmente naquele período.
Apenas o golpe empresarial-militar de 1964, com sua perseguição aos movimentos populares, conseguiu brecar o avanço da Liga, assassinando Nego Fuba e Pedro Fazendeiro, que estão entre os primeiros desaparecidos do regime, enquanto condenava Elizabeth Teixeira a viver por anos na clandestinidade, no interior do Rio Grande do Norte.
61 anos depois de sua morte, ainda é necessário reivindicar a verdadeira natureza de sua militância política: a construção do socialismo no Brasil. Herói do povo brasileiro, João Pedro Teixeira foi um aguerrido e incansável militante comunista, fato que não raramente é seletivamente ocultado de sua história.
AJUDE A MANTER O MEMORIAL DAS LIGAS E LUTAS CAMPONESAS!
Recentemente, o MLLC iniciou a campanha “Cultive o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas”. Além de ser um instrumento fundamental à preservação das memórias das lutas camponesas de outrora, o Memorial se constitui como um espaço de referência para as lutas atualmente travadas no campo paraibano, promovendo a partir de diversas iniciativas projetos voltados à educação popular, agroecologia e Direitos Humanos.
Para dar continuidade às suas ações, o MLLC conta com o apoio e a solidariedade de pessoas dispostas a contribuir financeiramente, de maneira mensal ou esporádica, a partir dos dados abaixo:
ONG – Memorial das Ligas Camponesas
Caixa Econômica Federal:
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AG: 0922
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