PCV: as tarefas das e dos comunistas hoje

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Por Oswaldo Ramos (*), via Tribuna Popular

Caracas, 05-03-2022

Anos antes da fundação das primeiras células do Partido Comunista da Venezuela (PCV), em 5 de março de 1931, os pioneiros do pensamento marxista em nosso país estavam cientes dos riscos de formar uma organização comunista durante a sangrenta tirania de Juan Vicente Gómez. Desde 1928, a atual Constituição proibia, no infame “parágrafo sexto” de seu artigo 32, sob as penas mais severas, todas as formas de atividade comunista; não foram poucos os que já haviam passado pelas prisões e campos de trabalhos forçados do regime como punição por sua audácia revolucionária.

Não obstante, apesar dos perigos que isso implicava, diversos grupos de ativistas operários e intelectuais, até então dispersos e desorganizados, foram se unindo, inicialmente na forma de círculos de estudo, até evoluírem e se tornarem organizações comunistas.

A arriscada decisão de se tornar um partido comunista foi tomada levando em conta a necessidade de dotar os trabalhadores venezuelanos de um instrumento moderno para lutar por seus direitos políticos, sociais e econômicos. O PCV tornou-se um baluarte permanente na defesa dos interesses da classe trabalhadora e camponesa e do povo venezuelano em geral, pela derrubada do sistema capitalista, pela libertação nacional e pela construção de uma sociedade socialista em nosso país.

Nos 91 anos que se passaram desde então, o Estado burguês tentou submeter, subjugar e até fazer desaparecer o partido da classe trabalhadora e do campesinato, usando procedimentos diferentes, prendendo, desaparecendo, assassinando e torturando seus líderes e militantes, fechando seus jornais, infiltrando provocadores, tentando subornar e corromper, proibindo suas atividades. Nos últimos cinco anos, o Governo de Maduro tem retomado velhos hábitos, tentando ilegalizar o PCV, visando silenciá-lo e o tornar invisível nos meios de comunicação, impedindo sua participação nos processos eleitorais.

Mas tudo foi em vão: apesar das sucessivas ondas de ataques, repressão e censura, o partido do Galo Vermelho nunca deixou de existir e funcionar.

Hoje, como ontem, nós comunistas venezuelanos dizemos e gritamos ao mundo: ninguém destruirá o PCV! A existência deste partido é uma necessidade histórica, determinada pela perspectiva do triunfo da revolução proletária e popular, na construção da sociedade superior, a sociedade socialista, sob a orientação científica da doutrina marxista-leninista.

Os desafios de hoje

As ameaças do sistema capitalista mundial contra a Venezuela obrigam todos nós, revolucionários e, em particular os comunistas, a fortalecer nossas capacidades de defesa pátria. Uma dessas medidas é o desenvolvimento de vínculos e mecanismos de relacionamento que nos permitam contar com a solidariedade dos povos do mundo e de suas organizações progressistas diante da possibilidade de intervenção política e militar estrangeira.

Por outro lado, devemos ter em conta que o processo de mudanças iniciado em 1999 tem inimigos dentro e fora dele, apoiados, direta ou encobertamente, pelos interesses do imperialismo mundial. Esses inimigos do povo aproveitam-se da difícil situação que o país atravessa para semear o desânimo entre as massas e promover as ideias de que “a revolução” fracassou e que o “socialismo” não é viável.

Desde antes do agravamento da crise econômica, o PCV vem explicando ao povo venezuelano e ao mundo que na Venezuela não há e não houve socialismo, mas, ao contrário, vivemos em um capitalismo totalmente dependente, com um modelo de acumulação atrasado, rentista e improdutiva. Consequentemente, a crise que vivemos hoje dificilmente poderia ser uma “crise do socialismo”: é antes a crise terminal do modelo capitalista baseado na extração e exportação de petróleo que dominou a vida nacional desde o início do século passado.

Mesmo que há alguns anos, tenham se apresentado condições que nos permitiriam construir um novo modelo econômico e desenvolver as forças produtivas nacionais, isto não foi possível devido à falta de planejamento racional no uso dos recursos, desperdício e corrupção em diversos órgãos governamentais, uso parasitário e improdutivo de grandes massas de dinheiro recebidas do Estado pela burguesia tradicional e pelos novos ricos que surgiram abrigados no Governo. E tudo isso no contexto de uma correlação de forças dominada por setores pequeno-burgueses em ascensão, guiados por uma perspectiva oportunista e reformista, que impuseram e protegeram seus interesses em detrimento das necessidades do povo trabalhador e do país.

Hoje, quando comemoramos os primeiros 91 anos de nosso partido, nós comunistas venezuelanos ratificamos que, para alcançar uma verdadeira solução revolucionária para a crise nacional, é necessário construir espaços como a Alternativa Popular Revolucionária (APR) e outros, onde participamos o PCV e as forças honestas e consequentemente revolucionárias e socialistas, que garantam o fortalecimento do movimento revolucionário operário-camponês, comunitário e popular e dos militares patrióticos.

* Oswaldo Ramos é membro do Birô Político do Comitê Central do PCV. Secretário Nacional de Propaganda e Diretor do Tribuna Popular.

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