Grandes comunistas do setor de transportes e os 100 anos do PCB
Na noite de 23 de março na Câmara Municipal de Niterói, às 18 horas, começaram as comemorações dos 100 anos do PCB fundado aqui nesta cidade que, em 1922, foi berço do operariado e lugar de fundação desta bela história de luta!!! Foi um belo evento honrando estes grandes heróis do povo brasileiro com palestras e debates! A célula de trabalhadores em transportes e o partido agradecem ao mandato Paulo Eduardo Gomes por ajudar a organizar esta festa! Viva o partidão! Viva a classe trabalhadora! Viva o PCB!
São 100 anos de lutas de trabalhadores do setor marítimo, através de Emílio Bonfante de Maria; do setor portuário, através de Oswaldo Pacheco; dos ferroviários, através de Raphael Martinelli e Demistocles Batistinha; dos aeronautas com Paulo de Melo Bastos e Ivan Hermine; dos aeroviários com Odilon Mirandinha e Ismael Amud; dos caminhoneiros com José Carolino Tostes; dos operários navais com Irineu de Souza e Benedito Joaquim Dos Santos ; e também do rodoviário ex-presidente do sindicato dos rodoviários de Niterói e região Joaquim Pedro Mayrink Filho.
Compuseram a mesa o vereador Paulo Eduardo Gomes do Psol, Marcelo Schmidt da CONTTMAF a confederação nacional dos trabalhadores em transportes aquaviários e aéreos , na pesca e nos portos ; e Hiran Roedel historiador membro do comitê central do PCB
HOMENAGEADOS:
Emílio Bonfante Demaria nascido em 1923 , marítimo , líder da greve dos 100 marítimos em 1953 , que durou 10 dias, líder do CGG comando geral de greve que depois se tornaria o CGT , liderou a primeira comissão de sindicalistas recebida por Vargas e João Goulart em 53 . Liderança carismática ensinava todos os trabalhadores nos navios sob seu comando a progredirem profissionalmente e politicamente , os amigos e os adversários o respeitavam , dizendo “o Emílio carrega um quadro negro nas costas” . Se autodenominava: “sou um agitador e a base me fez um líder de massas e quando ela não quiser mais não serei mais líder”. Dele também é a frese inspirada nos operários navais : “A luta sindical é uma extensão da luta de classes , e as classes são antagônicas com o patrão de um lado e nos do outro, estamos em um cabo de guerra , cada um de um lado e quem tiver mais força vai levar daí a imagem do cabo de guerra , a ideia de medição de forças” preso em 1964 foi torturado e exilado.
Irineu José de Souza e Benedito Da Silva operários navais ; o primeiro foi eleito em 1953 não era empossado por ser comunista, mas a pauta da greve de 1953 era a posse , o movimento de massas com repercussão internacional fez eles os patrões e o governo se dobrarem; irineu era um homem simples que vendia quiabo na feira e no entanto aprendeu com muita disciplina a sua profissão e a arte e a ciência política ; liderou a revolta das barcas maior revolta da história de Niterói e colocou os operários navais junto com os marítimos como os trabalhadores mais fortes do Estado do Rio; em 1964 foi um dos primeiros a serem presos ; Benedito Joaquim Dos Santos presidente em 1964 e assim como irineu lideranças do CGT respeitadas nacional e internacionalmente ; os operários navais são a representação da chamada classe em anexo da indústria naval uma das maiores grandezas que este país já teve . No sindicato estadual dos operários navais cabiam 10 mil trabalhadores em assembleia
Oswaldo Pacheco estivador portuário de Santos , nasceu em 1918 , líder da federação nacional dos estivadores com sede no Rio de Janeiro , imortalizado por Jorge amado nos subterrâneos da liberdade por liderar a greve dos estivadores contra o envio de café para a Espanha fascista e a Alemanha nazista.
Foi eleito deputado em 1945 e dele é esta frase : “Quando fui convidado para ser candidato a deputado federal (1945), levei o convite para a diretoria (do Sindicato dos Estivadores) e condicionei minha aceitação tanto ao apoio da diretoria como da Estiva e dos demais sindicatos de Santos. Obtivemos este apoio unânime…Esta união, consciência e luta nos deu uma votação das bases,…fomos dos mais votados no Estado”. Em agosto de 1958 representou os ferroviários, os marítimos e os portuários no III Congresso Sindical Nacional dos Trabalhadores, onde defendeu, ao lado de outros líderes comunistas, a formação de uma central sindical nacional. Em maio de 1961, durante uma reunião de representantes de 45 sindicatos filiados à Federação Nacional dos Portuários, à Federação Nacional dos Marítimos e à União dos Portuários do Brasil, os ferroviários, marítimos e portuários criaram o Pacto de Unidade e Ação (PUA). Ao lado de Rafael Martinelli, tornou-se um dos principais dirigentes da organização. O PUA encarregado de lutar pelas reformas de base , se torna o CGG e depois o CGT onde foi seu secretário geral, ajuda a organizar o comício da central do Brasil em 1964. Com o golpe e cassado , preso e exilado . Durante sua prisão temos a famosa frase dos presos : “Só tiram o Pacheco daqui se matarem todos nós”. Com esta solidariedade, confessou anos mais tarde : “eu estive quatro anos no referido presídio e saí com o movimento pela anistia. Logo que saí da prisão, voltei para a Estiva de Santos. O tempo que estive preso recebi a solidariedade de companheiros de várias profissões e de meus familiares e foi assim que sobrevivemos”.
Raphael Martinelli, e Demistocles Batistinha ferroviários. O primeiro, presidente da FNF federação nacional dos ferroviários, assim como Oswaldo Pacheco e Bonfante de Maria , Martinelli líder histórico do CGT era uma liderança de base capaz de parar 150 mil ferroviários no Brasil , e exerceu esta liderança por diversas vezes , as greves tinham como objetivo pautas sindicais , a equiparação salarial com militares e funcionários públicos ; pautas classistas para juntar forças com outras categorias , e pautas políticas que tiveram o poder de mudar o curso dos acontecimentos do país . De Martinelli é a frase “da condição do trabalho ferroviário deriva a sua organização sindical e política” . E “O companheiro se aprofunda no marxismo – leninismo para melhor servir a classe operária e ao nosso sindicato nos futuros embates contra os patrões” participou de diversas campanhas que iam muito além da sua categoria como a campanha do petróleo . Sobre a organização e a ênfase na formação “a educação revolucionária como fundamento na construção do revolucionário”: “o que determina a solidez do novembro operário é o grau de consciência política da da classe operária em consonância com a sua vanguarda” . E o homem que representou os trabalhadores no congresso mundial da FSM em Moscou resume: “minha vida foi organizar os ferroviários nacionalmente. Greves de todos os tipos em todos os lugares. Levamos uma federação que era tida como pelega e policial e a transformamos em uma entidade combativa” e o povo ? “O povo quer uma vida melhor”. Demistocles Batistinha , capa da revista o Cruzeiro em 1961 com Raphael Martinelli “Estes homens podem fazer o país parar” Batistinha era líder de base que como Martinelli se formou advogado , liderança especializada na construção de greves , sabia avançar e recuar na hora certa ; foi uma das lideranças regionais , a mais destacada de uma rede de excelentes militantes que estavam espalhados por todo o Brasil.
José Carolino Tostes caminhoneiro histórico do PCB , veterano de muitas greves em Volta Redonda na região da CSN e no Rio de Janeiro , andou por este Brasil ensinando e politizando como todo caminhoneiro , e na sua área de atuação mais municipal junto aos caminhoneiros empregados fez formação política com as massas em um tempo que isso era obrigação de cada lutador social , combateu a ditadura e aprendeu com luiz Carlos Prestes e outros grandes deste partido. Enxergou a luta caminhoneira como uma luta classista dos trabalhadores em transportes e dos trabalhadores mais estratégicos muito antes das greves caminhoneiras de 2016/18 . Viu a força do CGT e como as lideranças do setor de trabalhadores em transportes eram recebidas nos palácios de governo não para pedir favor mas para pensar o país e a classe trabalhadora. José Carolino é um herói do povo brasileiro que simboliza a luta da classe caminheira empregada e autônoma que hoje sofre nas mãos das grandes transportadoras e dos governos patronais.
Paulo Mello Bastos e Ivan Hermine: Mello Bastos foi comandante de avião, trabalhou na Varig foi um grande líder sindical e militante do PCB. Foi presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), da FNTTA (Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos), diretor da CONTTTMAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Marítimos, Aéreos e Fluviais), além de vice-presidente da CGT (Comando Geral dos Trabalhadores).
Mello Bastos teve uma importante participação no movimento sindical da década d 1950 até o golpe de 1964. Foi um dos criadores da PUA (Pacto Unidade e Ação), da CGT além de comandar várias greves com os aeronautas, sendo que em 1963 foi demitido pela VARIG, claramente em represália a sua atuação no CGT e por ser um lutador incansável dos direitos dos trabalhadores.
Na sua gestão como presidente do SNA, houve a conquista da regulamentação profissional e levou a categoria aeronauta a ser a primeira no Brasil a ter direito a aposentadoria especial.
Na noite de 30 de março de 1964, Mello Bastos estava reunido no sindicato dos estivadores com o CGT, quando recebeu a notícia do golpe. O sindicato foi cercado pela polícia, todos receberam ordem de prisão, mas ele conseguiu furar o cerco e todo o comando político do CGT foi até o Palácio das Laranjeiras cobrar uma definição de Jango. Tentou conseguir armas e tropas para resistir ao golpe, mas não foi possível. Mello Bastos seguiu para o exílio e passou a ser indiciado por vários Inquéritos Policiais.
Comandante Mello Bastos, um grande herói da luta de classe dos trabalhadores brasileiros!
Comandante Ivan Hermine foi também uma grande liderança do setor aéreo nos anos 1980, nascido em 1947, cursou sociologia política e filosofia; foi piloto da Vasp e realizou formação em aviação em vários espaços nacionais e internacionais , foi professor universitário , tendo participado de várias greves nos anos 1980 e do primeiro CONCLAT , vice presidente do sindicato dos aeronautas. Hermine é um grande professor do Capital de Marx para trabalhadores, um grande educador popular
Odilon Miranda e Ismael Amud: Aeroviários, Odilon Miranda mais conhecido como Mirandinha, participou do Levante Comunista de 1935. Foi preso e torturado pela ditadura Vargas. Como militante do PCB, em 1944 foi um dos organizadores do MUT (Movimento Unificado dos Trabalhadores), movimento que faz renascer a vida sindical no país. O que era Associação dos Aeroviários passa a ser Sindicato Nacional dos Aeroviários.
Em 1960, Mirandinha tem a tarefa de criar o Sindicato dos Aeroviários de Belo Horizonte, pois para a criação da FNTTA (Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos) seriam necessários 5 sindicatos do mesmo ramo de atividades e naquele momento só existiam o SNA (aeroviários), o SNA e o SAESP (aeroviários de SP), sendo também criado o Sindicato de Recife.
Com o golpe de 1964, Mirandinha foi deposto e preso pela ditadura, mas como ele mesmo declarou: “Quando veio o golpe, queríamos reagir. Nosso sonho era que o governo nos desse armas, se isso acontecesse, a situação seria outra.”
Após ser solto, o camarada foi viver clandestinamente no interior do Espírito Santo. Com o fim da ditadura, já idoso e marcado pelas torturas que sofreu, mesmo assim Mirandinha ainda contribuiu para a retomada do SNA para a luta classista dos trabalhadores aeroviários.
Mirandinha continua sendo uma referência para todos os trabalhadores da aviação.
Ismael Amud: Aeroviário, trabalhou na Transbrasil, Rio Sul e Líder Táxi Aéreo como despachante operacional de vôo. Vem de uma família em que seu pai e tio eram trabalhadores da Panair do Brasil.
Militante do PCB, em 1982 junto com outros camaradas do partido e mais alguns outros companheiros do PDT e outros vindos das CEB´s, formam o MANO (Movimento Aeroviário Nacional de Oposição) e lançam uma chapa contra a pelegada presente no sindicato desde o golpe de 1964. Nessa eleição foram derrotados devido a fraude, mas em 1985 ganham a eleição e retomam o SNA para a luta classista.
Foi secretário geral do SNA entre 1985 e 1991. Em 1986 houve a primeira greve dos trabalhadores da aviação após o golpe de 1964, e Ismael “bancou” na assembleia a greve, mesmo com a oposição da maioria da diretoria, pois achavam que ainda não era o momento. A greve foi vitoriosa, e muitas conquistas até hoje presentes na vida dos aeroviários, vieram com esse movimento.
Ismael está aposentado, e hoje vive na zona rural do município de Bananal SP, onde participa da agricultura de subsistência e atua na questão ambiental de reflorestamento da Mata Atlântica.
Ismael Amud, um grande líder e referência na luta classista dos trabalhadores aeroviários.
Joaquim Pedro Mayrink Filho era originário de Minas Gerais , mas fez sua carreira e luta aqui no Estado do Rio de Janeiro, foi presidente dos rodoviários de Niterói e região e discursava nas praças, um presidente que articulava greves junto com os operários navais e outros setores; muito forte na base, muito querido pelos rodoviários; ele era recebido em palácios de governo pelo seu poder junto a base e não para pedir favores a patrões e governos; pensava os objetivos da classe rodoviária e para o setor. Muitas greves foram feitas e muitos ônibus foram parados entre o centro da cidade até o Barreto passando pela Ilha da Conceição. Não havia desunião dos trabalhadores e todos estavam sob o CGT o comando geral dos trabalhadores. Pedro Mairink e sua direção e todos os trabalhadores em transportes foram derrotados em 1964 pelo golpe, e para não ser preso ele tenta se exilar no consulado do Uruguai, mas foi capturado, torturado e desaparecido, e de acordo com depoimentos dos rodoviários mais antigos foi morto pela repressão. Depois da sua gestão o sindicato perdeu força e respeito se burocratizando, um mesmo grupo se instalou no sindicato até tornar este sindicato a serviço da patronal que temos hoje. Mas hoje uma nova oposição surge da força da classe rodoviária para honrar a memória de Pedro Mayrink um dos heróis do povo brasileiro.
Foi um evento que reuniu cerca de 70 pessoas , em sua grande maioria trabalhadores destes setores com destaque para rodoviários, caminhoneiros, portuários e marítimos; também tivemos a presença de Amaury ex-presidente do sindicato dos trabalhadores metalúrgicos de Niterói que fez a homenagem aos operários navais ; Nelsides Diniz ex-secretário geral do sindicato nacional dos aeroviários que fez a homenagem aos trabalhadores nos setores aéreos ; Cícero Mathiassos do sindicato do bloco e da estiva e da ANTP que fez a homenagem aos portuários , Isac presidente do sindicato dos caminhoneiros autônomos de Niterói ; Daniel Ferreira dirigente da oposição rodoviária chapa 2 da classe rodoviária de Niterói e região ; e Marcelo Schmidt que homenageou os marítimos , ferroviários , caminhoneiros; e a presença do dirigente Genobre da direção dos petroleiros em Caxias ; Dinarco Reis militante histórico do PCB e petroleiro, Pery Monroy dirigente da OAB em Niterói e Aderson Businger da OAB RJ.