Entrevista do Momento: Fernando Morais
Por Milton Pinheiro, transcrito por Rafaela Fraga, via Jornal O MOMENTO – PCB da Bahia
O Momento – Você é um dos mais importantes biógrafos do Brasil. Seu trabalho sobre Olga Benário é uma referência historiográfica, já examinou a possibilidade de trabalhar uma autobiografia?
Fernando Morais – Não. Para falar a verdade, nunca me passou pela cabeça a ideia de fazer autobiografia, por uma razão muito elementar: a minha vida não tem importância nenhuma. O que tem importância é o que eu testemunhei, o que eu vi, o que meu trabalho – seja como jornalista, como crítico, como escritor, como ativista – acabou permitindo que eu testemunhasse ou investigasse. Mas você há de ver que eu próprio não tenho nenhuma história, nenhuma relevância; nada do que eu fiz tem relevância para a história do Brasil. O que tem é o que as pessoas fizeram e que eu tive a oportunidade de pesquisar, de mergulhar. Mas não passa pela minha cabeça autobiografia.
O Momento – O primeiro volume da biografia de Lula teve uma grande repercussão. Quais são os próximos projetos que se encontram na fila para a publicação?
Fernando Morais – Depois do primeiro tomo do livro sobre Lula, uma tarefa na qual eu já estou metido, envolvido e trabalhando, é o segundo tomo. Hoje mesmo, ou ontem, eu publiquei lá no Facebook uma fotografia minha com o José Genoíno que foi feita durante a entrevista que eu realizei com ele já para o segundo tomo. Agora, meu projeto e o projeto da editora é que o segundo tomo fique pronto em meados do ano que vem, em 2023. Primeiro porque tem muita coisa para pesquisar ainda – já tem muita coisa levantada, pois a ideia original era fazer o livro em um único tomo, então tem muita entrevista feita –, mas ainda tem muita coisa para fazer. Eu espero que o tempo seja suficiente para cumprir o contrato com a editora e a promessa com os leitores, de entregar o volume 2 no ano que vem.
Depois disso tem muita coisa para fazer. Eu tenho uma história aí que ninguém tem, que o personagem central já morreu: a história do Antônio Carlos Magalhães. Eu gravei acho que 6, 7 anos com ele, recebi a papelada toda dele, os famosos arquivos de ACM, e estou em dúvida se faço um livro, um argumento para filme ou minissérie, ou se faço as duas coisas – um livro que dê margem a um roteiro para tela, para cinema, enfim.
Eu imagino que seria algo dramatizado, pois ficaria mais saboroso, embora haja muitas imagens reais de Antônio Carlos Magalhães. Durante meio século ele dominou a política do Brasil. Eu acho que a dramatização dá – respeitando, obviamente, a história – um colorido, uma liberdade dramatúrgica, se é que se pode usar essa expressão, que o documentário nem sempre costuma dar.
O Momento – Recentemente você fez alguns comentários elogiosos ao PCB. Como sabe, o partido está completando 100 anos. Você teve alguma relação histórica com esse operador político e o que pensa sobre ele na atualidade?
Fernando Morais – A despeito do que muita gente imagina, eu nunca fui do Partidão, nunca tive relação formal. Fui muito próximo, fui próximo de lideranças, o livro sobre a Olga Benário acabou me aproximando um pouco do Prestes. Aqui em São Paulo a minha vida política tinha uma relação muito próxima com a direção e com militantes do Partido, mas nunca tive ligação formal com o Partidão. Eu vejo com muita simpatia, nesse momento, o trabalho de formiga – e é bom que seja assim – que vem sendo feito por vários cantos do Brasil para reconstruir o velho Partidão.
Sem que isso signifique um desapreço pelos companheiros do PCdoB, ao contrário, tenho relações da melhor qualidade com eles. Acabo de fazer, para você ter uma ideia, um prefácio para o livro de memórias do Haroldo Lima, dirigente histórico, herói da história do PCdoB, com quem eu tinha relações fraternas. Mas tenho procurado contribuir com os companheiros que estão na construção – na reconstrução, eu diria – do ressurgimento do PCB depois da lambança que foi feita com o Partido.
Se é para identificar, para apontar alguém, é muito ruim esse negócio de ficar dizendo “é responsabilidade de fulano, de beltrano”. Não é de uma única pessoa. Isso vem desde antes mesmo do fim da União Soviética, quando surge a história do eurocomunismo, que as pessoas debochavam dizendo que era neurocomunismo ou euro-oportunismo. O Partido veio se desmoronando; a saída do Prestes é um choque muito grande, e depois acabam escolhendo para coveiro o Roberto Freire.
Então eu tenho procurado, modestamente, contribuir com essa reconstrução do Partidão. Já anunciei que em Pernambuco vou apoiar o Jones Manoel para a candidatura a governador, mas não tenho e nunca tive uma ligação formal. Mas não sei que rumo tomar. Eu tenho um lado meio indisciplinado que talvez não seja bom para algum partido, seja ele qual for. Eu fui filiado durante décadas ao MDB, desde o tempo do Dr. Ulysses [Guimarães]. Ontem eu falava com Airton Soares, por exemplo, que me filiou ao velho MDB no começo dos anos 1970. Fui muito próximo do grupo autêntico, fui deputado da ala esquerda do MDB, mas acho que eu não sou uma pessoa que tenha vocação para vida partidária, para o cotidiano partidário.
Eu prefiro poder dar contribuição modestamente, à distância, no que for possível, sem ter obrigatoriamente uma ligação orgânica com o Partido. Aliás, eu sugeri à Companhia das Letras, minha editora, que fizesse uma reedição do “Olga”, agora a propósito do centenário do Partidão, para que cuja edição eu pretendo fazer um posfácio mesclando um pouco a história do PC com a história da Olga, e a história do PC com o Brasil de 22, o Brasil da Semana de Arte Moderna, o Brasil da exposição do centenário, dos Dezoito do Forte, o Brasil do nascimento do Tenentismo. É naquela efervescência de 1922 que surge o Partido. Claro, Olga só vem a participar duas décadas depois, mas o livro será de alguma maneira uma forma de registrar o centenário do Partidão.
O Momento – Você é, para além de um grande jornalista/escritor, um arguto participante da história política contemporânea. Quais personagens do PCB te chamam a atenção?
Fernando Morais – É impossível falar da história não só do Partido, mas do comunismo no Brasil, sem falar de Luiz Carlos Prestes, de Olga Benário, de Gregório Bezerra, de Salomão Malina, de Maurício Grabois, já pós-dissidência no PCdoB, no João Amazonas. São pessoas que eu tive o privilégio de conhecer de perto. De todos esses aí, os dois únicos que eu não tive a oportunidade de ter convívio pessoal foram o Grabois e a Olga – naturalmente, pois quando a Olga morreu eu não era nem nascido. Mas o Partido tem uma galeria de heróis, de gente que deu a vida, que sacrificou a sua vida para lutar por um país melhor, por um mundo melhor.
Acho que ambos os Partidos, tanto o PCB quanto o PCdoB, com todas as virtudes que já assinalei de uma maneira genérica, têm lá suas misérias também, que têm que ser expostas. Você não ensina para as pessoas a história de um Partido só contando as virtudes. Muito particularmente – eu não sou cientista político, não sou especialista, mas – na minha observação, na minha convivência com gente do Partido e um pouco de conhecimento de um período do Brasil que me interessa muito, que vai da proclamação da República até os dias de hoje, eu vejo que, se houve um momento em que o Brasil esteve perto de construir uma transformação mais profunda da sociedade, talvez tenha sido em 1930, quando Getúlio Vargas, conspirando para a Revolução de 30, manda os ex-tenentes e ex-membros da Coluna [Prestes] João Alberto e Siqueira Campos a Buenos Aires convidar o Prestes para ser chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Revolução.
Prestes já era comunista, já tinha feito a opção pelo marxismo-leninismo e estava se aprontando, inclusive, para se mudar para a União Soviética. Ora, você chamar um militar com a experiência que Prestes tinha da Coluna, Coluna invicta, que percorreu o Brasil inteiro sem sofrer uma única derrota do Exército de Artur Bernardes, e acima de tudo um comunista – Getúlio sabia, obviamente, que Prestes tinha feito a opção pelo comunismo; chamar um homem com esse perfil para ser chefe do Estado Maior das Forças Armadas de uma Revolução, isso te sugere um futuro diferente do que o Brasil teve.
Prestes se recusou, ele achava que aquilo não era uma revolução, achava que era um movimento burguês, que tinha mais ligações com as elites, com as classes dominantes do que com os trabalhadores da cidade, do campo, os operários, os camponeses. Não aceitou. E aí acontece uma tragédia na volta, quando o João Alberto e o Siqueira Campos estão voltando de Buenos Aires para Montevidéu, de onde eles viriam para o Brasil: o avião em que eles viajavam cai no Rio da Prata. O João Alberto consegue se salvar nadando, mas o Siqueira Campos morre afogado.
Aqui em São Paulo muita gente passa em frente ou pelas imediações do MASP, onde há uma estátua muito bonita do Siqueira Campos, um parque com o nome de Siqueira Campos, e a maioria das pessoas não faz a menor ideia de quem se trata. Não acho que foi uma opção correta do Prestes a recusa ao convite de Getúlio. Mas pode ser que qualquer historiador, qualquer cientista político chegue aí e desmanche essa minha teoria com um peteleco. Assim como a Guerrilha do Araguaia, que por maiores que sejam os méritos e a coragem dos companheiros do PCdoB em tentar uma guerrilha rural, a história comprovou que havia alguma coisa errada, que havia algum erro político ali. Eu acho que, com o passar do tempo, essas coisas vão emergindo e nos ajudando a entender melhor o Brasil, entender por que o Brasil é do jeito que é hoje.
O Momento – A quadra histórica brasileira é muito complexa, existe algum perigo de ruptura pela ação de setores da direita e neofascistas?
Fernando Morais – É evidente que eu me preocupo muito com a situação atual do Brasil. Essa situação dramática, trágica que a gente vive desde o golpe contra a Dilma, que na verdade não era um golpe contra a Dilma, mas contra o Lula, contra o lulismo e contra o que significa o Lula e o lulismo. Se você for buscar as causas da situação que a gente está vivendo, vai ter que voltar a 1954, ao tiro no peito do Getúlio. As elites brasileiras que levaram o Getúlio ao suicídio são as mesmas que, em seguida, tentam impedir a posse de Juscelino Kubitschek à presidência da República usando os argumentos mais banais, mais inacreditáveis. E depois que Juscelino toma posse, é preciso que se diga isso – passou agora o dia 11 de novembro e não saiu uma miserável linha, em nenhum veículo, falando sobre o Marechal Lott, da chamada Novembrada – Lott atrasou o golpe [militar, de 1964] por 10 anos pelo menos.
Juscelino toma posse quase que na marra, pela mão de ferro do Marechal Lott, e durante o governo de Juscelino há duas tentativas de golpe militar da direita da Aeronáutica, da UDN, que são os levantes de Aragarças e Jacareacanga. As elites são as mesmas. Se você olhar agora, inclusive, alguns são filhos ou netos daqueles que estavam dando golpe. Começaram em 1954, reaparecem contra JK, ressurgem quando Jânio [Quadros] renuncia e tentam sacramentar o golpe aproveitando a presença do Jango, vice-presidente da República, na China.
Faz-se um acordo de cúpula – com a habilidade do Dr. Tancredo [Neves], a capacidade dele de costurar política, e faz-se um parlamentarismo de perna de pau, que não sobrevive. E o Jango ganha o plebiscito para o presidencialismo, mas não resiste ao golpe de 1964. Também é preciso chamar a atenção para uma coisa que é o seguinte: no decorrer da ditadura militar de 1964 vão morrendo aos poucos os últimos generais e oficiais nacionalistas. Por maiores que tenham sido os crimes cometidos pela ditadura militar, você não pode esquecer o lado nacionalista de alguns militares da ditadura. O primeiro país a reconhecer o Movimento Popular de Libertação de Angola é o Brasil, antes de Cuba, que tinha 250 mil soldados lá dentro. Antes da União Soviética, que armou esses 250 mil soldados. O Brasil foi o primeiro.
Você não pode esquecer que o Médici – talvez o pior de todos os facínoras da ditadura militar, o governo que mais matou, que mais torturou, que mais barbarizou os Direitos Humanos – foi quem criou o mar de 200 milhas, e é dentro desse mar de 200 milhas que está o pré-sal. Hoje eles estão vendendo o Brasil. Estes governos que vieram depois do golpe contra a Dilma, primeiro o postiço do Michel Temer, depois o genocida Bolsonaro, eles estão vendendo o Brasil a preço de banana, estão desidratando as estatais – Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, agora está na mira de ser privatizada a Eletrobrás. E não tem um único general, um único brigadeiro, um único almirante que diga ‘não’ a isso.
Então eu temo que a geração dos militares nacionalistas, que começa lá em 1922, com os tenentes, alguns que passam pela Coluna, que passam pela Revolução de 30, que essa geração tenha acabado. Tenho muito receio de que não haja mais absolutamente nenhuma preocupação com o papel essencial das Forças Armadas, que é defender o patrimônio brasileiro. Eu tenho preocupação. Agora, ao mesmo tempo, as coisas não são pretas ou brancas. Eles montaram uma operação para deixar o Lula na prisão, mofar e morrer na prisão, e de uma para outra, por uma casualidade, um garoto hacker do interior do estado que não era nenhum Snowden, não era um analista da CIA, não era um Julian Assange; era um rapaz, garoto, que aliás, politicamente era um sujeito originalmente a favor da Lava Jato; é ele quem desenterra os cadáveres dessa acusação, que levam a Justiça a anular a operação Lava Jato, a libertar o Lula e a provar a suspeição do então juiz Sérgio Moro.
Hoje, pré-candidato a presidente da República, Moro se despe e se mostra nu à população que achava que ele era um herói nacional limpando o Brasil de ladrões, de assaltantes dos cofres públicos. Pois isso é armada a operação e ele, particularmente, tinha a ilusão de que ia tirar proveito disso. Para não dizer que o Moro é responsável por isso sozinho, se juntaram nesse processo as 5 famílias que dominam a mídia no Brasil. Eu costumo recomendar que as pessoas leiam meu livro sobre o Lula de trás para frente, para verem o apêndice em que eu publico sobre o comportamento dos veículos mais importantes do Brasil – Jornal Nacional, Veja, O Globo, Folha [de S.Paulo] e O Estado [de S. Paulo] – para verem o massacre perpetrado contra o Lula, contra o PT e para o endeusamento a Sérgio Moro.
E, no entanto, a história deu uma cama-de-gato nessa gente toda. Foi uma casualidade, mas se não fosse assim, teria sido de outra forma. A firmeza do Lula, de jamais admitir os crimes de que ele era acusado, ele não aceitava nem a remissão de pena por leitura de livro. Muitos meses antes de ser preso, eu perguntei, gravei e publiquei no livro: “Mas presidente, e se por acaso o senhor for condenado e te oferecerem prisão domiciliar? O senhor pode ficar em casa fazendo política e com uma tornozeleira no pé”. Eu achei que ele ia ter um infarto, de fúria. Ele levantou a perna da calça e disse o seguinte: “Nessa canela aqui, Sérgio Moro não põe tornozeleira. Ele pode por tornozeleira na mãe dele, mas na minha perna ele não põe”.
Essa coragem do Lula, que só a inocência explica, contribuiu muito para a virada que o Brasil deu. Então, a história às vezes prepara surpresas inesperadas para os nossos inimigos também. A minha expectativa é essa. Estou trabalhando, estou fazendo o que eu posso com as limitações que eu tenho, e não vejo muita expectativa de que a gente faça mudanças profundas no Brasil com o povo desorganizado, sendo uma sociedade desorganizada. Você vê alguns poucos movimentos, como MST, MTST, CUT. É muito pouca organização para uma tragédia tão grande.
O Momento – O livro que escreveu sobre Cuba é um clássico no Brasil. Como examina a atual situação política da ilha revolucionária?
Fernando Morais – A Revolução Cubana é um exemplo para todos nós. Não precisamos de modelos copiáveis, decalcáveis. Cada sociedade resolve suas tragédias à sua maneira. Cuba tem o tamanho de Pernambuco, tem a população da cidade de São Paulo. Então a gente não pode simplesmente dizer que vamos fazer uma Revolução Cubana aqui. Agora, a verdade é que são 60 anos de agressões diplomáticas, comerciais e militares da maior potência bélica que o mundo já conheceu, que são os Estados Unidos, e a Revolução está de pé.
Dizia-se muito: “Cuba sobrevive por causa da União Soviética”. A União Soviética acabou e a Revolução está aí. E não é que está aí com as pernas bambas, está aí mandando médicos para o mundo inteiro para salvar populações ricas, da Europa, para salvar os povos de vários países de uma tragédia como foi a COVID-19. Ali não tem perigo. Eu brinco muito dizendo que eu sou um cubano nascido em Mariana, Minas Gerais. Então acho que a Revolução Cubana é um exemplo não só para a América Latina, mas para a humanidade.
Claro que eles tiveram o privilégio de ter líderes da estatura de Fidel [Castro], Raul [Castro], Juan Almeida, mas têm um povo que não engole desaforo. Cuba é um país exemplar nesse sentido. Exemplar. A história da Revolução Cubana está provando, cada vez mais, que o modelo deu certo. E só não deu mais certo por conta do bloqueio norte-americano. Obama, o “negro democrata”, cinicamente prometeu acabar com isso, acabar com o bloqueio e fechar Guantánamo, mas não mexeu em nada.
É preciso desmistificar essa bobagem de achar que nos Estados Unidos os democratas são mais progressistas que os republicanos. Claro que se pode pegar exceções dos dois lados: pegar um tarado como Trump, por exemplo, e comparar com Jimmy Carter, que é um democrata liberal, um homem com outra visão do mundo. Mas a verdade é que um dos primeiros atos de política externa do Joe Biden foi botar 20 milhões de dólares para a extrema-direita de Miami infernizar a vida da Revolução, promovendo essas guerras cibernéticas contra Cuba. Não passarão. Pode tirar o cavalo da chuva. A Revolução Cubana já sepultou 10 presidentes dos Estados Unidos e ainda vai sepultar mais uns 10.
O Momento – Na sua compreensão, a partir das contradições colocadas na cena política global, é possível a concretização de um mundo melhor na perspectiva do socialismo?
Fernando Morais – Eu tenho convicção, clareza de que o socialismo vai triunfar. Do alto da minha ignorância – brinco muito dizendo que as coisas que não sei cabem num livro de mais de mil páginas – a emergência do socialismo é tão certa quanto o sol vai nascer amanhã. Você pode até não ver; você pode olhar amanhã de manhã e o céu estar nublado, mas o sol nasceu. O sol vai nascer, o socialismo vai nascer, até por razões aritméticas.
Não há nada, absolutamente nada que justifique, que permita, que perpetue o fato de que milhões de pessoas morrem de fome, morrem de trabalho que em alguns lugares adquire características de trabalho escravocrata, para atender aos interesses de uma elite minoritária. O Brasil é um dos exemplos mais bem-acabados disso. Você está vendo os bancos aí: cada um dos três grandes bancos brasileiros têm um faturamento 30 bilhões de dólares – e esses dividendos não estão sujeitos a Imposto de Renda. O sujeito enfia esse dinheiro no bolso e dá uma banana para a Receita Federal.
Ora, isso não pode ser para sempre. Se vai levar uma semana, um mês, um ano, um século, vai depender de circunstâncias para as quais a minha capacidade de prever, de refletir, é escassa, mas eu não tenho absolutamente nenhuma dúvida a respeito da vitória do socialismo.