Jovens comunistas com Sofia Manzano
Por uma pré-candidatura revolucionária nas eleições de 2022
Coordenação Nacional da UJC
A União da Juventude Comunista (UJC) vem a público manifestar seu apoio integral à pré-candidatura à Presidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e explicar ao conjunto da juventude por que devemos construir uma alternativa revolucionária no ano de 2022.
A conjuntura internacional e nacional
O ano de 2022 é um marco para a história do nosso país. Além do bicentenário da Independência e centenário do Partido Comunista Brasileiro, é um ano que começa com desafios imensos à classe trabalhadora, no Brasil e no mundo. De um modo geral, podemos indicar como principal processo histórico da nossa época a permanência de uma crise sistêmica do capitalismo, que tem afetado a economia em nível global desde 2008/2009. Essa crise, produto necessário do desenvolvimento do capitalismo-imperialismo em sua fase de maior financeirização, demonstra as contradições profundas do modo de produção capitalista e, como toda crise, apresentou-se desde o começo com o sintoma da queda da taxa de lucro da burguesia em nível internacional.
As soluções que a burguesia buscou, na impossibilidade de uma retomada da taxa de lucro por meios produtivos, foi uma reestruturação da produção capitalista no mundo todo – o que significou o ataque sistemático ao nível salarial, às condições de vida e trabalho e aos direitos sociais, econômicos e políticos da classe trabalhadora. Nesse cenário, ficou mais aguda a luta intraburguesa por exportação de capitais e, portanto, as agressões imperialistas e disputas interimperialistas. Chegamos ao meio de 2022 com um saldo de diversos governos de extrema-direita pelo mundo, muitas vezes apoiados pela população trabalhadora justamente pelo esgotamento das posições neoliberais e social-democratas nos cenários nacionais, e com a aplicação do receituário neoliberal na imensa maioria dos casos. Como não poderia deixar de ser, também colhemos, no último período, diversas guerras e agressões militares, em especial no Oriente Médio, mas que escalaram até o conflito entre o bloco EUA-OTAN-UE e o bloco Rússia-China na guerra que hoje acontece na Ucrânia.
O Brasil se destacou nesse cenário com um dos governos mais reacionários das últimas décadas, aplicando fielmente a cartilha da burguesia nacional e internacional de cortes no orçamento dos serviços públicos, retirada e flexibilização de direitos sociais e trabalhistas e agitação sistemática contra as liberdades democráticas e por uma saída golpista. O saldo do governo Bolsonaro-Mourão (em si mesmo, produto de um golpe jurídico-parlamentar e de articulações do judiciário com o imperialismo e a burguesia brasileira), depois de três anos e meio, é de intensa reprimarização da economia, altíssimo desemprego, aumento expressivo da fome e da miséria e ataques contínuos à classe trabalhadora.
Não podemos deixar de colocar a pandemia de COVID-19 no seu lugar correto. Para além de explicações simplistas, que colocam na pandemia a “causa” de toda a situação econômica (muito bem explorado pela extrema-direita no momento de negar a necessidade de combate frontal ao vírus por meio do isolamento social), compreendemos seu impacto como catalisador de tendências que já estavam em movimento no começo de 2020. O pacote de “contrarreformas” neoliberais, como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a Reforma do Ensino Médio e as privatizações de estatais, já eram parte do programa da burguesia há décadas, mas contaram com a impossibilidade de massivas lutas nas ruas e nos locais de trabalho e estudo para serem aprovadas no Congresso Nacional e implementadas.
O impacto da crise do capitalismo na juventude
Sem dúvida, um dos setores mais afetados por esse cenário é a juventude. Hoje, o Brasil se aproxima da cifra de 20 milhões de desempregados, e passa de 30% a fatia dos jovens de 14 a 29 anos que estão nessa situação. Além disso, mesmo os que estão empregados sofrem com a precarização intensa das condições de trabalho, com a terceirização, os contratos intermitentes, o salário mínimo defasado e os trabalhos por meio de aplicativos, sem nenhum direito trabalhista reconhecido. O cenário do movimento sindical, atacado e fragmentado, também contribui para as dificuldades subjetivas da juventude, que não encontra ferramentas de ampla participação e mobilização junto a seus locais de trabalho.
Também na área da educação, a juventude sofre com a conjuntura atual. O desmonte da educação pública e a precarização até mesmo da educação privada colocam os estudantes em um cenário de formação de péssima qualidade e altos preços. A Reforma do Ensino Médio, aplicando o modelo do Banco Mundial, reduz a obrigatoriedade e a disponibilidade do ensino de diversas disciplinas, reduzindo a formação secundarista ao ensino de língua portuguesa e matemática, de modo a criar um contingente de força de trabalho de baixa qualificação, moldada para receber salários irrisórios, e de nenhuma perspectiva crítica ou emancipatória. As escolas cívico-militares vêm para esse cenário aprofundar o controle social antidemocrático desde o ensino fundamental, combinando práticas autoritárias dentro das escolas, perseguição à auto-organização estudantil e inúmeros casos de assédio moral e sexual, em especial contra as mulheres.
As mobilizações durante o governo de Bolsonaro e Mourão
Esse cenário de piora geral nas condições de vida dos jovens apresenta todos os motivos necessários para uma forte mobilização e luta, ainda que com as dificuldades objetivas que trazem ao movimento. Em 2019, mobilizações em torno da pauta educacional e em oposição à Reforma da Previdência marcaram o começo da oposição ao programa da burguesia nessa fase de ofensiva, mas esse ciclo foi bruscamente interrompido pela pandemia de COVID-19. Em 2021, depois de praticamente um ano de dificuldades de mobilização pela pandemia, vimos surgir um forte movimento de questionamento ao governo Bolsonaro-Mourão, gestor da crise e aplicador das políticas da burguesia.
O movimento teve seu ascenso a partir de maio, com mobilizações contra a violência policial no Rio de Janeiro, e um crescimento muito grande a partir do dia 29 de maio, em que uma forte mobilização em defesa da vacinação e das condições de vida e sustento das trabalhadoras e dos trabalhadores começou a colocar o governo em xeque. Apesar do grande impulso, as mobilizações da campanha Fora Bolsonaro começaram a refluir já em julho e agosto, dado o espaçamento delas e a falta de ligação com outras lutas que ocorriam no conjunto da classe trabalhadora, como campanhas salariais e greves. A tática de esvaziamento, preferida pelas organizações da social-democracia, como o PT e o PCdoB, tinha como fundamento “desgastar Bolsonaro até as eleições de 2022”, o que fez com que abandonassem a necessária luta pela queda do governo naquele momento. Já no fim de 2021, portanto, as mobilizações de rua já não contavam com a força necessária e as organizações políticas da esquerda começaram a definir suas políticas para as eleições de 2022.
O cenário político e eleitoral de 2022
O cenário político deste ano, assim, começou com mudanças importantes dentro da esquerda. Até 2020, tínhamos uma clara e importante divisão entre dois campos dentro do movimento dos trabalhadores: um pólo, representado principalmente por PT e PCdoB, tinha uma avaliação positiva do ciclo dos governos de conciliação de classes (2003-2016) e buscava uma aproximação com setores da assim chamada “direita democrática” para um novo pacto de classes; outro polo, representado por PSOL, PCB e, mais recentemente, UP, tinha uma avaliação crítica da conciliação de classes e buscava constituir uma alternativa dentro do movimento, que combinasse a luta dos diversos movimentos sociais dentro de uma perspectiva de independência de classe, ainda que com inúmeras contradições internas.
O PSOL neste ano, no entanto, passou a aderir à pré-candidatura da conciliação de classes, representada na chapa de Lula e Alckmin. A justificativa, pautada numa alegada necessidade de unidade programática contra Bolsonaro, contribui para uma indiferenciação dentro da classe trabalhadora entre as posições rebaixadas e avançadas, o que não pode ser aceito pelos comunistas. Assim, o PCB lançou, já no início deste ano, a pré-candidatura da camarada Sofia Manzano, economista e membro do Comitê Central (CC) do Partido, à Presidência da República.
A proposta eleitoral dos comunistas
Essa pré-candidatura, que foi recebida com entusiasmo pela União da Juventude Comunista, está a serviço da construção de um polo com independência de classe entre os jovens trabalhadores. Para a juventude, que inicia sua luta num cenário de fragmentação e burocratização de vários instrumentos de luta da nossa classe, essa é uma necessidade fundamental: é preciso haver uma alternativa eleitoral que expresse a necessidade de reorganização da classe trabalhadora e não se contente em “louvar” um ciclo anterior de apassivamento das lutas, nem busque confundir as trabalhadoras e os trabalhadores substituindo a luta de classes pela luta meramente democrática.
Compreendemos que haja, dentro da juventude e da classe trabalhadora, setores que veem com desespero o cenário atual e acreditem que um novo governo Lula possa representar uma retomada do crescimento econômico e uma revalorização das condições de trabalho, estudo e vida em nosso país. Assim, em uma situação tão terrível, a principal posição eleitoral de oposição à Bolsonaro ganha espaço na consciência das massas e aparece como uma saída para a classe trabalhadora, em especial para aqueles que não estavam ainda envolvidos, por questões de idade, no ciclo de lutas contra os governos da conciliação de classes. Respeitamos todos os jovens que compartilhem desse temor e estendemos nossas mãos em solidariedade.
Alertamos, no entanto, para o impacto no movimento de massas de um novo ciclo de ilusões da nossa classe nas saídas por dentro da ordem capitalista. É óbvio que um governo de conciliação de classes pode oferecer condições objetivas mais favoráveis para a luta da classe trabalhadora – não por seu apoio, mas por suas contradições internas, que possivelmente farão mais lentos os ataques contra a classe trabalhadora. No entanto, também chamamos toda a juventude trabalhadora a observar as diferenças de programa entre as diversas pré-candidaturas. O enfrentamento à extrema-direita não se dá apenas em palavras, mas em ações que efetivamente ajudem a reorganizar o movimento dos trabalhadores em um novo patamar, com instrumentos sindicais, populares e estudantis ligados de forma indissolúvel aos interesses objetivos da nossa classe. A conciliação de interesses com a burguesia, mesmo sob um cenário de melhorias pontuais, enfraquece a consciência de classe e desarma as trabalhadoras e os trabalhadores para uma luta independente contra a burguesia e o Estado. Só assim, contribuindo para as condições subjetivas da nossa classe, poderemos converter o saldo organizativo e político das eleições em construção do Poder Popular, no rumo da Revolução Socialista.
É nesse sentido que não apenas nos colocamos em apoio à pré-candidatura da camarada Sofia Manzano, pelo PCB, construindo ativamente suas atividades, mas colocamos essa pré-candidatura à disposição das lutas da juventude no país inteiro e no mundo. Ainda, apresentamos aqui as propostas fundamentais, encampadas pela pré-campanha, para a luta da juventude no próximo período – que não se resumirá às eleições.
jornada semanal de 30 horas de trabalho para todas as categorias, sem redução de salário, como forma de combater o desemprego, melhorar as condições de vida e construir campanhas sindicais em torno de uma bandeira unificada avançada;
pela revogação das “contrarreformas” (previdenciária, trabalhista e do Ensino Médio), para a retomada dos direitos sociais e trabalhistas da nossa classe e garantir melhores condições de ingresso no mundo do trabalho;
pela revogação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos, para retomar os investimentos públicos em educação, saúde e outros serviços públicos;
pela reestatização das empresas privatizadas, como a Petrobrás, a Eletrobrás e a Vale, como forma de retomar o desenvolvimento industrial e gerar empregos, divisas e produção de Ciência e Tecnologia para a classe trabalhadora;
pelo fim do vestibular e por um programa de investimento 100% público na educação pública, incluindo a estatização de universidades privadas, com o perdão da dívida do FIES a todos os estudantes e formados endividados;
pela abertura de concursos públicos para provimento das vagas hoje existentes e expansão dos serviços essenciais.
pela criação de programas de emprego emergenciais, com a adoção de um programa de obras públicas de saneamento, habitação, de reforma de escolas e hospitais, bem como de expansão da malha ferroviária nacional.
É com esses objetivos em mente e levando essas bandeiras de luta para todos os espaços de atuação e mobilização da juventude que a UJC defende a pré-candidatura revolucionária da camarada Sofia Manzano, do PCB, para as eleições presidenciais, além de fortalecermos todas as pré-candidaturas do PCB espalhadas no Brasil inteiro.
Aproveitamos a oportunidade para publicizarmos nossas pré-candidaturas encabeçadas por jovens comunistas da UJC, que abraçaram o dever histórico, junto ao PCB, de disputar e ganhar espaço no parlamento burguês:
Caetano Costa, pré-candidato a deputado federal no Maranhão;
Arthur Ramos, pré-candidato a deputado federal em Goiás;
Victoria Pinheiro, pré-candidata a deputada federal em Pernambuco;
Lucas Santos, pré-candidato a deputado federal no Espírito Santo;
Thomás Carrieri, pré-candidato a deputado federal em Minas Gerais;
Nina Espaguete, pré-candidata a deputada federal em Minas Gerais;
Cheynne Ayalla, pré-candidata a deputada federal na Bahia;
Raquel Luxemburgo, pré-candidata a deputada federal em São Paulo;
Gabriel Tavares, pré-candidato a deputado estadual em São Paulo;
Beatriz Barbieri, pré-candidata a deputada federal em São Paulo;
Jules Saraiva, pré-candidata a deputada estadual em São Paulo;
Christy Muniz, pré-candidata a deputada estadual em São Paulo;
Gustavo Pedro, pré-candidato a deputado federal no Rio de Janeiro.
PELO PODER POPULAR! PELO SOCIALISMO!