Agronegócio financia a campanha de Bolsonaro

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Jornal O Poder Popular

Na relação de financiadores da campanha eleitoral de Bolsonaro, disponível na página do Tribunal Superior Eleitoral, os empresários do agronegócio aparecem como os principais doadores privados. Das 10 maiores doações feitas ao presidente genocida registradas no TSE, oito são de grandes proprietários rurais.Os valores provenientes de pessoas físicas alcançam mais de 10 milhões de reais, o que representa mais de 51% do financiamento total da campanha.

Os donos do agronegócio respondem por mais de 70% destes financiamentos privados. Em primeiro lugar aparece Oscar Luiz Cervi, dono de transportadora e de agropecuária na cidade de Coxim, no Mato Grosso do Sul, doador de R$ 1 milhão.Em segundo lugar, com 600 mil reais, destaca-se Odilio Balbinotti Filho, presidente do Grupo Atto Sementes (antiga Adriana Sementes), com sede em Rondonópolis e atuação forte não só em MT, mas também em MS e PR e responsável hoje pela maior produção individual de sementes de soja e milheto do país. Destacam-se ainda o ex-piloto Nelson Piquet e o pecuarista Celso Gomes dos Santos, também de Mato Grosso, que doaram meio milhão cada um.

Investigados por ações antidemocráticas e trabalho escravo

Dentre estes doadores, aparecem indivíduos investigados no inquérito dos atos fascistas estimulados por Bolsonaro e seus aliados. Antonio Galvan (PTB-MT), que se licenciou da presidência da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) para concorrer ao Senado, por exemplo, ficou conhecido por ter ido de trator até a sede da Polícia Federal em agosto do ano passado, para prestar depoimento. Outro doador de Bolsonaro que tem processo na Justiça é o empresário Tiago Maximiano Junqueira, que em 2018 foi preso em uma operação da Polícia Civil do Piauí. Ele pagou propina a funcionários do governo local para obter uma licença ambiental.

Há também o caso de empresários processados pelo Ministério Público do Trabalho por utilizar trabalho escravo em suas fazendas, como o empresário Gilson Mueller Berneck, alvo de uma operação do MTE, cujos fiscais encontraram 47 pessoas trabalhando em situação análoga à escravidão em duas de suas fazendas, no interior do Paraná. Berneck foi condenado e recorreu da sentença.

Este quadro demonstra cabalmente a ligação do grupo de Bolsonaro com os grandes empresários do Agro, reforçando as denúncias já feitas por nós, comunistas, acerca dos favorecimentos do governo federal aos interesses dos latifundiários. Por sinal, não apenas Bolsonaro, mas o conjunto das políticas governamentais para o campo, nas últimas décadas, incluindo os governos petistas, contribuíram para consolidar um sistema de produção agropecuária voltado essencialmente para exportação e uma estrutura de agronegócio baseada em práticas predatórias do meio ambiente, intensidade da utilização de agrotóxicos nos alimentos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores e da população do campo.

O latifúndio e a grilagem de terras continuam aumentando em todo o país, a devastação ambiental degrada os ecossistemas, polui os rios e o solo, devasta as florestas, enquanto a mineração nas terras indígenas avança de maneira acelerada e expulsa os camponeses, indígenas e quilombolas de suas terras. É certo que, com Bolsonaro, essas políticas se intensificaram, com mais devastação ambiental, incentivo ao desmatamento, exploração da classe trabalhadora do campo, invasão de terras e massacre dos povos indígenas.

Agro: indústria da pobreza, da morte e da fome

Conforme afirma nossa camarada Sofia Manzano, candidata a Presidenta pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Agro é a indústria da pobreza no Brasil”. Não é só danoso pro meio ambiente e para as relações de trabalho, mas em todos os sentidos: é o responsável pela desindustrialização do país, não paga ICMS para exportar, fazendo com que os estados com forte produção agropecuária tenham baixa arrecadação fiscal. O agro é danoso para a ciência e a tecnologia, pois impõe a prioridade da pesquisa de agrotóxicos, transgênicos e herbicidas. O agro, que domina o Congresso Nacional, é responsável pelos crimes ambientais, pelos assassinatos de indígenas e lideranças camponesas, pela expulsão dos povos originários de suas terras.

Segundo Sofia, qualquer tipo de política macroeconômica, de combate à fome, de ciência e tecnologia, ou mesmo de enfrentamento à violência, tem que passar pelo enfrentamento radical ao agronegócio. A militância e os/as candidatos/as do PCB defendem uma reforma agrária popular sob o controle dos trabalhadores, com a imediata desapropriação sem indenização dos latifúndios, das fazendas com trabalho escravo e as que não estejam cumprindo a função social. Defendemos uma nova política agrícola, ecologicamente sustentável, com incentivo e crédito à produção de alimentos saudáveis, e preços mínimos que possam garantir o aumento da produção. Como estímulo à democratização da posse da terra e garantia de sua propriedade pelos trabalhadores, o governo do Poder Popular incentivará a constituição de grandes cooperativas agropecuárias visando racionalizar o sistema produtivo e ampliar a oferta de alimentos básicos.

CONTRA A FOME E O AGRONEGÓCIO: REFORMA AGRÁRIA E PODER POPULAR!

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