Capitalismo: nada mais a oferecer do que guerra e miséria

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Por Jorge Cadima, via ODIARIO.INFO

«No plano militar os EUA/UE/OTAN alimentam a guerra com armas e dinheiro e os ucranianos pagam com as suas vidas. Noutro plano, alimentam a guerra econômica com sanções e bloqueios e os povos pagam com os seus empregos, rendimentos, nível de vida. São duas faces da mesma moeda. O capitalismo decadente dos nossos dias nada mais tem para oferecer do que guerra e miséria.»

A confrontação da OTAN com a Rússia não é apenas militar. Em março, o ministro da Economia e Finanças da França tornou claro o objetivo mais geral dos centros imperialistas, proclamando uma «guerra econômica e financeira total» contra a Rússia para «colapsar a sua economia» (Reuters, 1.3.22). A revista Economist (27.8.22) confirma: «um outro combate está sendo travado – um conflito econômico de uma ferocidade e extensão não vistas desde os anos 1940, com os países ocidentais tentando pôr de joelhos a economia de 1,8 trilhões de dólares da Rússia através de um novo arsenal de sanções.»

Mas a revista, que também tem os olhos postos na China, confessa: «Preocupantemente, a guerra de sanções não está até agora correndo como esperado». O FMI prevê que o PIB russo encolha apenas 6% este ano, «muito aquém dos 15% que muitos esperavam em março». A revista queixa-se do resto do planeta, afirmando que «a principal falha é que os embargos [..] não estão sendo implementados por mais de 100 países a que corresponde 40% do PIB mundial».

Ou seja, boa parte do planeta não quer se suicidar para defender a hegemonia planetária das potências imperialistas euro-americanas, que já não corresponde sequer à realidade econômica. Mas a UE quer. O Economist escreve que o ricochete das «sanções do inferno» estão atingindo «a Europa, onde a crise energética pode provocar uma recessão». Ainda o Economist (3.9.22) escreve: «O sofrimento vai ser dramático e irá alastrar […]. Vai aumentar a pressão sobre a economia que já se sente com os aumentos das taxas de juro pelo Banco Central Europeu para combater a inflação. Muitos economistas preveem uma recessão nos próximos meses».

A real dimensão da catástrofe em curso na Europa começa a tornar-se clara neste final de verão. A revista Business Standard (3.9.22), noticiando um estudo ligado às empresas do Reino Unido, titula: «60% das fábricas britânicas em risco de falência com a explosão das faturas de energia» e acrescenta: «quase metade dos produtores tiveram um aumento de mais de 100% nas contas de eletricidade no último ano». A extensa lista de empresas que já anunciaram o encerramento ou redimensionamento das suas operações cresce todos os dias. Está em curso um autêntico processo de desindustrialização da União Europeia com pesadas consequências sociais, além de econômicas e políticas.

O economista Ricardo Cabral explica em dois artigos (Público, 29.8 e 5.9), que a explosão de preços da energia não resulta apenas das sanções que a UE impôs às importações de energia russa, mas é também o reflexo da «desregulamentação do mercado da eletricidade» decretado pela UE desde outubro de 2021, que alimenta a espiral especulativa. A Comissão Europeia parece acordar agora para a gravidade dos seus atos. Tal como o governo português, irão propagandear anúncios de ajudas. Mas não é difícil prever que serão tostões para os povos e milhares de milhões para os grandes grupos económicos.

No plano militar os EUA/UE/OTAN alimentam a guerra com armas e dinheiro e os ucranianos pagam com as suas vidas. Noutro plano, alimentam a guerra econômica com sanções e bloqueios e os povos pagam com os seus empregos, rendimentos, nível de vida. São duas faces da mesma moeda. O capitalismo decadente dos nossos dias nada mais tem para oferecer do que guerra e miséria.

Fonte: https://www.avante.pt/pt/2545/opiniao/168877/Guerra-econ%C3%B3mica.htm?tpl=179

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