Enfrentar o pesadelo e construir nosso sonho

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Manifesto em defesa da candidatura de Sofia Manzano e Antônio Alves pelo PCB

“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho,
de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação
com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias.
Sonhos, acredite neles”.
Lênin

Ao apresentar as candidaturas de Sofia Manzano à presidência da República e de Antônio Alves à vice-presidência, o PCB reafirma seu compromisso histórico e sua interminável capacidade de sonhar.

Há cem anos alimentamos um sonho que mobilizou gerações de pessoas comprometidas com nosso país e o mundo. Pessoas que colocaram todas as suas energias na tarefa de mudar o Brasil, enfrentando as chagas da injustiça, da exploração, da opressão, buscando compreender as cicatrizes marcadas no corpo de nossa formação social deixadas pelo colonialismo, pelo escravismo e pela subordinação aos ditames do grande capital imperialista.

Uma luta e um sonho que se confunde com nossa própria história, com suas dores e glórias, mas sempre com a certeza de estar ao lado dos justos e da classe trabalhadora. Estamos convictos que nosso país pode e deve ir além de seu destino de um ser explorado por uma aliança de classes dominantes que sugam nossa riqueza e condenam nosso povo à fome e a miséria, a exploração brutal no trabalho e a opressão sobre mulheres, negros e negras, indígenas e, sobretudo, jovens a quem se nega o direito ao sonho e ao futuro.

Somos um país, como dizia o grande poeta, de cães sem plumas, de seres de quem lhes tiram tanto que lhes arrancam até o que não tem. Somos o país da expropriação que nos tira a terra, o trabalho, a moradia, a saúde, o ar que respiramos e a água que bebemos. Terão expropriado também nossa coragem, nossa dignidade e a capacidade de resistir? Acreditamos que não. Comprova nossa convicção a resistência cotidiana daqueles que constroem a cada dia este país que é saqueado, que reúnem energias para continuar sonhando e defendendo a vida. Em especial aos militantes que fazem de sua resistência obra coletiva nos movimentos sociais, na luta sindical, na organização nos bairros, nas lutas por moradia, pela terra, por educação, por saúde, enfim, pela vida.

É por eles, nossos militantes e nosso povo, que temos a obrigação de seguir sonhando e lutando, de manter nossa convicção de que é possível um novo Brasil e um novo mundo, de resistir a tentação da acomodação em uma ordem desumana e criminosa e persistir na construção de um futuro emancipado. Esta é a postura de toda pessoa consciente e uma obrigação para os comunistas.

Os militantes guardam sonhos, mas não os guardam para si mesmos, partilham com aqueles que passaram a acreditar que se nada somos neste mundo podemos ser tudo pois somos nós que fazemos este mundo e não aqueles que sugam nosso trabalho e nossas esperanças.

O Brasil não pode mais adiar sua emancipação, não pode mais adiar o enfrentamento de seus graves problemas com as fantasias de que podemos superá-los pelo crescimento de uma economia capitalista dependente e subordinada ao imperialismo. Sabemos que os problemas do Brasil não se devem a este ou àquele governo burguês de plantão, mas a caminhos conscientemente escolhidos pelas classes dominantes e seus aliados que supõe que a forma capitalista é insuperável e que seus efeitos deletérios podem ser amenizados com medidas cosméticas que só escondem a carne podre de um modo de produção em crise terminal.

Para nós, comunistas, um programa de transformação profunda de nosso país só pode emergir da compreensão nítida das raízes de nossos problemas e da capacidade de setores sociais significativos se colocarem em movimento para enfrentar as barreiras que se erguem entre nós e nossos desejos.

Vivemos três grandes crises estruturais que estão na base de todos nossos problemas: uma crise na produção industrial, marcada pelo novo padrão de acumulação de capitais e seus efeitos para a vida dos trabalhadores e toda a sociedade, uma crise causada pelo novo padrão capitalista e monopolista no campo, eufemisticamente chamado de “agronegócio” que leva ao máximo a exploração dos trabalhadores rurais, a expropriação de camponeses e a concentração de terras, e, finalmente, uma crise urbana que resulta das duas primeiras e se manifesta no inchaço das cidades, na expropriação e gentrificação urbana, na captura do espaço urbano para a sanha do capital em transformar valores de uso essenciais, como moradia, transporte, saneamento, lazer e outros em mercadorias a serviço do lucro.

As três crises têm por base a forma capitalista e monopolista de produção no momento máximo de seu desenvolvimento e das crises inevitáveis que dele derivam. O capital se transformou numa poderosa força destruidora que vorazmente se apropria de tudo transformando em mercadoria de forma que nossas necessidades mais elementares e nossos desejos mais elevados só podem ser alcançados pela mediação do mercado e da exploração do trabalho que os cria visando a acumulação privada do lucro. Fomos transformados em meros meios descartáveis para realizar os interesses do capital e daqueles que os personificam.

A crise política é apenas a manifestação da crise mais profunda da ordem capitalista que não mais consegue legitimar-se nas atuais formas institucionais próprias do Estado burguês. Não nos surpreende que, desta maneira, a forma política apresente de igual maneira os tons inconfundíveis de putrefação da ordem burguesa, seja nos cadáveres revividos da extrema direita, seja na reapresentação de ilusões de que seria possível revestir a ordem brutal e assassina do capital com formas políticas próprias da conciliação de classes. Não é possível uma pele saudável em um organismo podre.
Carregamos sonhos, mas também a convicção inabalável de que as mudanças que precisamos são estruturais e, por isso, afirmamos que nosso programa tem que ser necessariamente anticapitalista, apontando para uma profunda desmercantilização da vida para reverter a tendência antivida na indústria, na terra e nas cidades.

Sabemos que existem problemas urgentes que exigem resposta, por isso apresentamos um programa de medidas aplicáveis e possíveis de enfrentamento imediato, mas podemos e devemos, apontar para as medidas que se dirijam às raízes destes problemas e para isso é necessário que os trabalhadores e a maioria da população se apresente como força política capaz de fazer frente a seus inimigos. Isto não será possível através das formas políticas e institucionais hoje existentes, por isso apontamos para a necessidade de construção de um verdadeiro poder popular fundado na luta e na resistência dos trabalhadores, dos jovens, das mulheres, dos povos indígenas, daqueles que vivem o preconceito e a estigmatização de suas formas de amar, dos negros e negras que sofrem além de toda a exploração o peso do racismo.

Estaremos, como sempre estivemos, na primeira fila em defesa das liberdades democráticas, na luta contra a extrema direita e a ameaça do fascismo. Mas estaremos lá com nosso programa, nossa bandeira vermelha colorida pelo sangue daqueles que por ela lutaram e com os sonhos que carregamos a tanto tempo.

Seguimos firmes nas lutas e carregando sonhos. Convidamos todas, todos e todes a sonhar com a gente.

Apoiam:
José Paulo Netto (UFRJ)
Leila Escorsin Netto (UFRJ)
Marcos Del Roio (UNESP)
Osvaldo Coggiola (USP)
Bia Abramides (PUC/SP)
Paulo Douglas Barsotti (FGV/SP)
André Almeida Uzêda (UEFS)
André Moulin Dardengo (UFVJM)
Alcides Pontes Remijo (UFG)
Alexandre Barba (UFF)
Antonio Carlos Mazzeo (USP)
Augustina Rosa Echeverria (UFG)
Aline Faé Stocco (UFVJM)
Ana Clara Magalhães (UFAL)
Ana Cristina Albuquerque (UEL)
Anderson Deo (UNESP)
Anielli Fabiula Gavioli Lemes (UFVJM)
Astrid Baecker Avila (UFSC)
Ana Karen de Oliveira Souza (UEFS)
André Rosa Martins (IFRS)
Antônio Rosevaldo Ferreira da Silva (UEFS)
Atanásio Mykonios (UFVJM)
Atenágoras Oliveira Duarte (UFPE)
Benedito Carlos Libório Caries (UFS)
Bernadete Aued (UFSC)
Bianca Novaes de Mello (UFF)
Breno Ricardo Guimarães Santos (UFMT)
Breno Pascal de Lacerda Brito (UFLA)
Bruno Pizzi (UFDourados)
Bruno Souza Bechara Maxta (UFMG)
Caio Martins (UFRJ)
Camila Leite Oliver (UNEB)
Carla Daniel Sartor (UNIRIO)
Carlos Henrique Ferreira Magalhães (UEM)
Carlos Pereira Neto (UESC)
Carlos Vitório de Oliveira (UESC)
Carolina Pichetti Nascimento (UFSC)
Carmen Suzana Tornquist (UDESC)
Carmen Regina de Oliveira Carvalho (UESB)
Caroline Magalhães Lima (UECE)
Carlos Augusto Aguilar Júnior (UFF)
Célia Regina da Silva (UEMG)
Célia Regina Vendramini (UFSC)
Cézar Maranhão (UFRJ)
Cláudia Lúcia da Costa (UFCAT)
Clayton Romano (UFTM)
Cleide de Lima Chaves (UESB)
Cleusa Santos (UFRJ)
Daniela Ferreira (UFPE)
Cristiano Ferraz (UESB)
Danilo Barbuena (UFVJM)
David Albuquerque de Menezes (UECE)
David Maciel (UFG)
Diorge Sgarbi (IFSP)
Douglas Ribeiro Barboza (UFF)
Edna Garcia Maciel (UFSC)
Eduardo de Amorim Neves (UEM)
Eduardo Chemas Hindi (UTFPR)
Eduardo Serra (UFRJ)
Eduardo Pinto e Silva (UFSCar)
Elizabeth Sara Lewis (ADUNIRIO)
Elza Peixoto (UFBA)
Emerson Barili (UEM)
Emerson Vitor Castelani (UEM)
Fabiana Itaci Corrêa de Araújo (UFG)
Fabio Bezerra (CEFET-MG)
Fernando Leitão Rocha Junior (UFVJM)
Fernando Medeiros (UFAL)
Fernando Santos (UFJ)
Filipe Boechat (UFRJ)
Fernando Prado (Unila)
Franciele Rebelatto (Unila)
George Francisco Ceolin (UFG)
Giovanni Felipe Ernst Frizzo (UFPEL)
Guilherme Dornelas Camera (UFRGS)
Gustavo Miranda (IFRS)
Gracinete Bastos de Souza (UEFS)
Helga Maria Martins de Paula (UFJ)
Henrique André Ramos Wellen (UFRN)
Hélio Messeder (UFBA)
Hilbeth Parente Azikri de Deus (UTFPR)
Hilusca Alves Leite (UEM)
Hugo Leonardo Fonseca da Silva (UFG)
Isabella Vitória Castilho Pimentel Pedroso (UFF)
Idaleto Malvezzi Aued (UFSC)
Itamar Silva de Souza (UNEB)
Ivna Nunes (UFMT)
Jamesson Buarque de Souza (UFG)
Jaqueline Botelho (UFF)
Jefferson Rodrigues Barbosa (UNESP)
João Paulo Chaib (CEFET/MG)
Josias Alves (UESB)
José Alex Soares Santos (UECE)
Jocemara Triches (UFSC)
Juliana Bohnen Guimarães (UEMG)
Juliane Larsen (UNILA)
Júlio César Pereira Monerat (UFJF)
Kate Lane Costa de Paiva (UFF)
Kátia Melo (UFAL)
Kathiuça Bertollo (UFOP)
Lara Carlette Thiengo (UFVJM)
Larissa Figueiredo Salmen Seixlack Bulhões (UFLA)
Leandro Cristino Pereira (CEFET/MG)
Leandro Rocha (UEG)
Leonardo Santos (UFMT)
Leonardo Segura Moraes (UFU)
Leonardo Silva Andrada (UFJF)
Leônidas de Santana Marques (UFAL)
Lucas Gama Lima (UFAL)
Luciana Aguilar Aleixo (UESB)
Luiza Damboriarena (Unila)
Luís Augusto Vieira (UFG)
Luís Eduardo Acosta (UFRJ)
Luiz Roberto Agea Cutolo (UFSC)
Manoel Estébio Cavalcante da Cunha (UFAC)
Marcelo “Russo” Ferreira (UFPA)
Marcelo Braz (UFRN)
Marcelo Húngaro (UnB)
Márcia Lemos (UESB)
Márcio Magalhães da Silva (UFLA)
Marcos Antonio da Silva Pedroso (UFS)
Marcos Cassin (USP)
Marcos Botelho (UFRJ)
Maria Ceci Misoczky (UFRGS)
Mariléia Maria da Silva (UDESC)
Matheus Kuchenbecker (UFVJM)
Mauricio Silva (UFT)
Mauro Iasi (UFRJ)
Mário Mariano Ruiz Cardoso (UFVJM)
Michael Melo Bocádio (UECE)
Michele Silva Sacardo (UFJ)
Milton Pinheiro (UNEB)
Muniz Ferreira (UFRRJ)
Moisés Lobão (UFAC)
Natali Torres (UFSC)
Neila Nunes de Souza (UFT)
Neimy Batista da Silva (UFG)
Nilson Berenchtein Neto (UEM)
Olinda Evangelista (UFSC)
Osvaldo Maciel (UFAL)
Otávio Cabral (UFAL)
Pablo Bielschowsky (UFRRJ)
Paulo Caldas Ribeiro Ramon (UEM)
Pablo Lima (UFMG)
Paula Pereira Gonçalves Alves (UFMT)
Paulo Roberto Felix dos Santos (UFS)
Paulo Winicius T. de Paula (IFG)
Qelli Viviane Dias Rocha (UFMT)
Rafael Vieira Teixeira (UFES)
Raquel de Azevedo (UFU)
Raquel Brito (UFMT)
Renato Domingues Fialho Martins (CEFET-RJ)
Ricardo Gaspar Muller (UFSC)
Ricardo Silvestre (UFVJM)
Roberto Silva de Oliveira (UESB)
Robson Pereira Calça (UFF)
Robson Souza Moraes (UEG)
Rodrigo Bischoff Belli (UEL)
Rodrigo Castelo (UNIRIO)
Rogério Giuliano Gimenez (UNILA)
Rogério Massaroto de Oliveira (UEM)
Roger Domenech Colacios (UEM)
Rosalve Lucas Marcelino (UESB)
Rubens Ragone (IFJF)
Sâmbara Paula (UECE)
Saulo Henrique Souza Silva (UFS)
Sérgio Prieb (UFSM)
Sócrates Oliveira Menezes (UESB)
Soraya Franzoni Conde (UFSC)
Tarcila Mantovan Atolini (UFVJM)
Théo Martins Lubliner (IFS)
Thiago Fanelli Ferraiol (UEM)
Tito Flavio Bellini (UFTM)
Túlio Lopes (UEMG)
Vicente José Barreto Guimarães (UNEAL)
Victor Neves de Souza (UFES)
Vamberto F. Miranda Filho (UNEB)
Vivian Batista Gombi (IFPR)
Vinícius Correia Santos (UESB)
Walcyr de Oliveira Barros (UFRJ)
Wesley Vagner Inês Shirabayashi (UEM)
Wellington Augusto Silva (UFRRJ)
Wladimir Nunes Pinheiro (UFPB)

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