Contra os ataques aos AMTIGOS! Rubinho Nunes é nosso inimigo!
Coletivo LGBT Comunista de São Paulo
O Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (AMTIGOS-IPq-HCFM/USP) existe desde 2010, inicialmente para atendimento à população trans adulta, e hoje se dedica a atender prioritariamente crianças, adolescentes e suas famílias. Promove atenção profissional nas áreas de psicologia, psiquiatria, endocrinologia, fonoaudiologia e ginecologia, tendo como principal objetivo o de garantir o bem-estar biopsicossocial de pessoas que apresentam sofrimentos diversos, a partir da incongruência de gênero, caracterizada pela não identificação com o gênero atribuído no nascimento e/ou reproduzido de forma sistemática e violenta pelas instituições sociais.
Recentemente, o AMTIGOS ganhou destaque por ser alvo de um pedido de abertura de CPI por parte de um vereador da capital paulista. No requerimento, Rubinho Nunes (União Brasil) alega que as pessoas atendidas pelo ambulatório são “tratadas como verdadeiras cobaias” e que o acompanhamento multidisciplinar oferecido se trata de uma preparação “desde tenra idade para realizarem procedimento cirúrgico de redesignação sexual aos 18 (dezoito) anos.”
Entretanto, o parlamentar não traz qualquer evidência que sustente suas afirmações e se baseia em uma ideia de proteção à infância e à família. A despeito das acusações de “maus tratos” e “submissão de crianças a testes hormonais”, não foram apresentados relatos ou denúncias que argumentem a seu favor, mostrando que o documento se trata meramente de um apelo aos seus colegas de câmara e tentativa de dialogar com sua base eleitoral.
Não propomos uma defesa irrestrita das práticas adotadas ou invalidar relatos genuínos de pessoas que tenham sido prejudicadas pelo atendimento do ambulatório, embora questionemos a base material do visível ataque proferido pelo vereador, não ao AMTIGOS, mas às pessoas trans e suas famílias, que buscam na instituição um acompanhamento sério de profissionais da saúde, pautado em evidências científicas e não em dogmas morais e religiosos. Sabemos que a sociabilidade no capitalismo é marcada pelo uso da violência para defender a ordem social burguesa, que inclui em sua estrutura a família nuclear heterossexual e cisgênero, necessária para reprodução social da força de trabalho através da exploração, majoritariamente de mulheres cis, que realizam um serviço gratuito e compulsório de criação, alimentação, educação e formação de novos trabalhadores.
É necessário incorporar à luta pelo socialismo a crítica aos meios violentos utilizados pelo liberalismo para minar as relações de afeto entre a classe trabalhadora. Entre esses meios, está a sociabilização dos indivíduos em um modelo familiar pautado na manutenção de opressões, preconceitos e estigmas, que reforçam o sofrimento da nossa classe e dificultam a busca por relações que transcendam a moral burguesa e permitam vislumbrar um futuro verdadeiramente inclusivo, livre da exploração do homem pelo homem.
Os ataques da direita não devem nos confundir ou silenciar, mas reafirmar nosso compromisso com a construção do poder popular no rumo do socialismo, tendo como horizonte a emancipação completa da classe trabalhadora expressa no comunismo.
Avante, camaradas, até a vitória!
#lgbt #comunismo #trans #saudelgbt #AMTIGOS
https://g1.globo.com/…/vereador-de-sp-pede-abertura-de…
https://splegisconsulta.saopaulo.sp.leg.br/…/GerarArqui…