Contra as intimidações da GCM aos motoboys!

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Nota política UJC Núcleo Niterói-São Gonçalo a respeito de intimidações da Guarda Civil direcionadas aos motoboys

Após a primeira manifestação emplacada pela Família 2 Rodas, coletivo formado majoritariamente por motoboys e entregadores e que luta pelas melhorias das condições de trabalho da classe, realizada no dia 25/01/23, o coletivo começou a pautar um segundo ato denunciando abusos de poder, a realização de enquadros (fugindo da atribuição da Guarda Civil Municipal) e apreensões de motos e mercadorias cometidos pela GCM de Niterói. O movimento vem crescendo e conquistando cada vez mais a atenção e confiança da categoria. Novo ato ocorreu na segunda, 06/02, às 9h, em frente ao Criam do Barreto, Niterói.

Frente a isso, nesta semana vimos duas vezes a Guarda ameaçar diretamente a categoria. Primeiro, em abordagem arbitrária a entregadores – que nem parte do Coletivo F2R fazem parte, tampouco falavam da manifestação -, agentes da corporação ameaçaram os trabalhadores que aguardavam por uma entrega em seu local de trabalho, durante a noite, dizendo que “era melhor mudar a pauta; não vai dar em nada; se fizerem a manifestação, vão voltar a visitá-los”. A ameaça foi repentina e direcionada aos trabalhadores que pouco estavam envolvidos com a manifestação, o que mostra o medo da guarda. Querem desmobilizar toda a categoria!

Alguns dias depois, o presidente do Coletivo Família 2 Rodas, o companheiro Léo “Família” Pereira recebeu intimação da guarda para depor na 76ª DPO. Léo e a F2R foram acusados de “incitar a desordem, ameaçar a ordem física dos GCM e as instalações físicas da prefeitura de Niterói, em tom raivoso, incitando mensagens de ódio e suscitando outros manifestantes a coibir a atuação da guarda”. E mais: que supostamente “as motos fiscalizadas costumam ter diversas práticas de adulteração da identificação dos veículos, bem como outras infrações”.

A F2R está recebendo apoio também dos mandatos da Deputada Federal Taliria Petrone e do vereador Professor Tulio e encontra-se bem. Fora a extensa duração (2 horas e meia), o depoimento correu bem, com respeito da delegada presente.
O segundo caso, direcionado à liderança, busca provocar também o medo e fraturas internas. A UJC vem acompanhando e apoiando a F2R no processo de construção do ato e atesta: a Família 2 Rodas sempre buscou manifestar-se de forma pacífica, protocolando os atos na SEOP/Niterói e frisando nos grupos de divulgação ser uma manifestação pacífica.

O coletivo jamais menosprezou a importância de ter o veículo e a habilitação regularizados – inclusive, tem pautas como o projeto “Minha Primeira CNH”, campanhas de educação no trânsito e cursos de primeiros socorros – mas reconhece a importância de os companheiros que, mesmo não regularizados, comparecem aos atos. A precarização da classe é tanta que muitas vezes faltam condições de sustentar a própria família, o que dirá manter as documentações e o veículo em dia. A luta é justamente para não ter que escolher entre um e outro!

Essas foram ameaças feitas com a tentativa de desmobilizar o ato, a luta e o coletivo. Vemos há muito tempo práticas das forças de segurança para isso, com infiltrados, depredações de patrimônio, criação de rixas internas, repressão direta pela violência e muitas outras. A natureza dessas ameaças não é diferente de quando estudantes e professores ou grevistas são atacados e presos por lutarem em defesa de melhores condições de estudo e trabalho.

A atenção dada à Guarda, porém, não nos passa outra mensagem: tentam intimidar porque reconhecem o poder dos trabalhadores e a eficiência das manifestações atestadas pelo crescimento do movimento e o reconhecimento da F2R enquanto entidade representativa da categoria. As ameaças acontecem pois reconhecem o perigo de se questionar o papel e a atuação das forças de segurança em uma sociedade profundamente estratificada, em que as forças de segurança praticam papel central para sua continuidade.

Vale lembrar a função da criação da PMERJ: evitar uma possível revolução negra na vinda da Família Real após a Revolução Haitiana. Ainda hoje vemos a manutenção da estrutura racista pelas corporações – enquanto a Guarda Civil apreende motos e mercadorias de ambulantes, majoritariamente pretos e favelados, a PM comete assassinatos desses grupos, como fez com Matheus Bruno em dezembro passado na Engenhoca ou o entregador Elias Oliveira, do Morro do Palácio, em novembro de 2021. Então, claro, a Guarda não ficaria silenciosa sendo alvo de críticas e denúncias dos trabalhadores.

A luta da União da Juventude Comunista é pelo direito à vida com dignidade e pelo fim da exploração perpetuada pelo sistema capitalista. Entendemos que as atuais corporações de segurança, como as PM e GCM, fazem parte dos pilares que sustentam a precarização do trabalho que assola muitos entregadores, mas também motoristas de aplicativos e de ônibus, enfermeiros, professores, artistas e estudantes e por aí em diante. Por sua vez, essas corporações têm seu fundamento no racismo.
Nossa luta é por uma sociedade em que um só é livre se todos forem!

Toda solidariedade ao companheiro Léo Família e todos os motoboys em luta!

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