O fracionismo na história do PCB
PCB São Paulo
O PCB é o partido mais antigo do Brasil, com uma trajetória de mais de um século representando os interesses das classe trabalhadora brasileira. Seus 101 anos são marcados por vitórias, mas também por derrotas, criminalização, perseguição e fracionismos. Mesmo sob ataques, o Partido resistiu na clandestinidade, legalidade e semi-legalidade, enfrentando movimentos que colocaram sua integridade em risco.
Além das dificuldades em enfrentar a hegemonia burguesa, o Partido também precisou lidar com oportunistas e fracionistas de todo tipo presentes em nossas próprias fileiras. Cabe versar sobre alguns exemplos.
1. Da Revolução Russa até os anos 1990, o que acontecia em Moscou era sempre determinante para o movimento comunista internacional. No final dos anos 1950, a “desestalinização”, liderada por Kruschev, ressoou no Brasil e resultou na consolidação da linha política equivocada de aliança com a burguesia nacional, fortalecendo o pacifismo e o reformismo na estratégia.
2. Outro desfecho foi o racha que originou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1962 e, em seguida, o racha no interior do próprio PCdoB em 1967, resultando na criação do PCR. Hoje, o PCdoB faz parte do campo reformista e tem sua história recente marcada pela aliança com setores burgueses. Seu coletivo de juventude, a UJS, hegemoniza o movimento estudantil e dirige a UNE, adotando políticas de conciliação de classes.
3. Dos episódios fracionistas mais recentes, cabe lembrar o de 1992, quando os liquidacionistas liderados por Roberto Freire tentaram extinguir o PCB, tendo como resultado a criação de um partido definitivamente liberal, o PPS. O golpe liquidacionista de 1992 só pôde obter êxito por uma manobra, quando os golpistas organizaram “Fóruns Socialistas” que elegeram delegados para o X Congresso, contando com a participação de não filiados. No processo, os fracionistas saíram formalmente vitoriosos. No entanto, a maioria orgânica do PCB continuou lutando pela manutenção política e jurídica do Partido, retomando sua perspectiva revolucionária e garantindo seu registro legal.
4. Quase 20 anos depois, em 2011, ocorre a “dissidência de São Paulo” – um grupo paulista disputa internamente o PCB com métodos fracionistas reivindicando uma linha esquerdista e sectária no campo sindical.
5. Anteriormente, em 2005, no XIII Congresso, realizado em Belo Horizonte (MG), com a decisão aprovada pela maioria de romper como governo Lula e de recusar a fusão com o PCdoB, proposta equivocada vitoriosa no XII Congresso, os descontentes romperam com o Partido para seguir aboletados em cargos no governo federal. Parte destes oportunistas atuou de forma entrista no Partido, buscando arregimentar o maior número possível de militantes para o PCdoB, sem obter o sucesso desejado, pois a imensa maioria da nossa militância orgânica continuou firme com o PCB.
A proibição de tendências no PCB, validada desde o X Congresso, tem relação direta com sua orientação marxista-leninista, uma medida fundamental para prevenir ataques de natureza fracionista. Os comunistas brasileiros apostaram no centralismo democrático como condição indispensável para resolver seus problemas internos e como método de construção.
“O processo de enfrentamento aos liquidacionistas travado entre os anos 1980 e início de 1990 deixou claro que qualquer forma de atividade desagregadora ou fracionista é incompatível com o centralismo democrático. O pluralismo de ideias no interior do Partido é saudável, mas não será permitida a existência de tendências organizadas no Partido.” (X Congresso Nacional, 1993)
Essa prevenção não é infundada. Na história dos partidos comunistas, as “armas” mais perigosas utilizadas pelos fracionistas são forjadas muitas vezes no ambiente interno: manipulação das críticas e descontentamentos partidários, deturpação das aplicações dos princípios leninistas adequados à realidade nacional, o auto-posicionamento “à esquerda” e a desqualificação das direções.
Mesmo tentando tantas vezes, os oportunistas nunca conseguiram acabar, de fato, com o Partidão. Esta é mais uma ofensiva que entrará para a história e cujo resultado será de resistência e fortalecimento do movimento comunista brasileiro!
FOMOS, SOMOS E SEREMOS COMUNISTAS!