PCB presente aos 100 anos de PC do Chile

Uma boa tarde a todos, confesso que estou profundamente emocionado de estar aqui representando os comunistas brasileiros neste evento em Iquique, onde nasceu o Partido Comunista do Chile.

Iquique, cidade histórica, de lutas operárias e deste partido de Luiz Emilio, Vitor Jara, Gloria Vladis, Pablo Neruda e de milhares de militantes. Nossas relações são fruto de décadas, não começou agora de forma oportunista ou interesseira.

E são históricas as relações entre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Chile (PCCh), seja naquela entre Pablo Neruda e Jorge Amado, que disputou a eleição para deputado federal por nosso partido em 1946; ou no poema em homenagem do mesmo Neruda a Luiz Carlos Prestes, nosso secretário-geral eleito senador, quando o nosso partido alcançou uma expressiva votação em 1946.

Não podemos deixar de lembrar: durante o governo Allende, muitos exilados brasileiros encontraram abrigo em território chileno para fugir da ditadura empresarial-militar. Os camaradas chilenos se fizeram presentes naquele momento tão difícil para nós brasileiros.

Foi com os camaradas comunistas chilenos residentes no Brasil, no Rio de Janeiro ou em são Paulo, que pichamos muros, realizamos ações de solidariedade e apoio às jovens revoluções cubana e nicaraguense.

Camaradas, compartilhamos com vocês também algumas duras experiências que são a falência de uma esquerda neoliberal, como as representadas pelos governos Michelle Bachellet no Chile e Lula/Dilma no Brasil.

Estes governos mantiveram a agenda neoliberal através das privatizações da saúde e educação, tanto que neste momento professores e estudantes das universidades se encontram em greve.

Sofremos ambos com as leis burguesas autoritárias e antidemocráticas, que criam cláusulas de barreira para impedir que os comunistas tenham representação parlamentar.

Não alimentamos ilusão quanto ao parlamento burguês, porém sabemos ser este uma importante trincheira de luta; o que nãop podemos é em nome de uma cadeira no parlamento burguês fazer concessões ideológicas ao capitalismo e nos rendermos ao cretinismo parlamentar, como fazem certos partidos de esquerda e até alguns que se dizem comunistas.

Camaradas, não se iludam com o projeto da burguesia brasileira. O projeto de nossa burguesia é tornar o Brasil um país imperialista através do financiamento do Estado.

Isto pode ser conferido na ocupação do Haiti e na venda de armas do Brasil ao governo da Colômbia para assassinar trabalhadores colombianos. Como internacionalistas não podemos nos calar, diversos convênios são feitos entre alguns estados brasileiros com o governo colombiano.

O Estado colombiano é um exemplo a ser seguido para toda burguesia do mundo, não foi à toa a visita do secretário de Defesa dos EUA ao Chile, Colômbia e Brasil.

O Brasil tem acordo militar com os Estado Unidos e a Petrobras, por exemplo, é uma grande empresa que poderia ser usada no processo de integração com os povos latino-americanos porém vem sendo privatizada. Além disso, nossa burguesia não tem interesse que o Brasil faça parte da Alba.

Camaradas, precisamos mais do nunca construir e fortalecer o internacionalismo proletário. O capitalismo hoje vive uma de suas maiores crises, porém ele não cairá de podre e tampouco marchamos para o socialismo, ele deve ser derrotado revolucionariamente.

O capitalismo ameaça a existência da humanidade e por isso as questões ecológicas devem ser bandeiras anticapitalistas. O capitalismo, para continuar a existir, terá de recorrer a mais guerras, invasões e vai atacar em todos os países os últimos direitos dos trabalhadores.

Camaradas, com vocês compartilhamos a dor e o sofrimento dos presos, torturados e desaparecidos, estes homens e mulheres são nossos heróis e representam o que há de melhor na humanidade.

Algum dia farão parte dos livros didáticos e canalhas como Pinochet, Bush, Hitler, Geisel e tantos outros serão o lixo da História, tanto que quando se ameaça abrir os arquivos da Ditadura, como ocorre no Brasil, eles se escondem feito ratos em seus próprios lixos. Nós nunca deixamos de andar de cabeça erguida.

Camaradas, também devemos romper com certas ilusões que tivemos no passado em relação às nossas burguesias, todas as burguesias latino-americanas, sejam elas do setor financeiro, industrial, agrário ou de serviços, são aliadas históricas do imperialismo estadunidense.

Sempre que se sentem ameaçadas, recorrem aos tanques, reprimindo, prendendo, torturando, assassinando e até desaparecendo com os corpos dos combatentes.

No dever do internacionalismo temos pela frente a reeleição do presidente Hugo Chaves, para nós do PCB é importante a manutenção e existência da Alba como um contraponto ao imperialismo.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), com nossos 90 anos de luta pelo socialismo, compartilha com vocês seus 100 anos de fundação – que para nós também é nosso aniversário.

No Brasil lutamos para construir uma alternativa aos governistas burgueses que se alternam no poder, sejam eles o PSDB e seus aliados ou o PT e seus aliados, que cooptam os movimentos sociais procurando amortecer a luta de classes a favor do capital.

Essa alternativa é a frente anticapitalista e antiimperialista, que una partidos e movimentos tendo como meta a agenda anticapitalista. Irmos unidos para além do calendário eleitoral burguês e criarmos as condições da revolução brasileira, essa nossa tarefa.

Viva a amizade entre os comunistas brasileiros e chilenos, viva a amizade entre todos os comunistas de todo o mundo, viva o internacionalismo proletário. O socialismo triunfará, avançaremos no rumo do comunismo. Viva a revolução mundial.

Iquique, Chile

09 de junho de 2012

José Renato André Rodrigues

Sub. Secretario de Solidariedade Internacional

Comitê Central do PCB

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