Jamais esquecer, para que jamais se repita!

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

A passagem dos 60 anos do golpe militar de 1964, que inaugurou uma longa ditadura de 21 anos, ocorre num momento complexo e adverso para a classe trabalhadora brasileira. Embora Bolsonaro tenha sido derrotado eleitoralmente, com uma candidatura que reivindicava os mais brutais crimes da ditadura, a extrema direita que o apoiava se manteve ativa, conquistando uma forte presença no Congresso Nacional e preservando significativo apoio em diversos setores da sociedade.

Desde o resultado das eleições presidenciais de 2022, as agitações golpistas buscaram se concretizar por meio de movimentações golpistas. O não reconhecimento do resultado do pleito, as ameaças de levantes e os acampamentos diante de quartéis organizados por apoiadores do Bolsonaro demonstravam que essa página ainda não estava virada no Brasil.

Em 08 de janeiro de 2023, poucos dias após a posse do presidente Lula, ocorreu a invasão do Palácio do Planalto e do STF em manifestações e agitações golpistas, atividades que ocorreram após meses de preparação em acampamentos em frente a quartéis, contando com a cumplicidade e apoio de parcelas de militares alinhados com Bolsonaro e políticos da extrema direita, além de uma ampla rede de financiadores.

O golpe de 1964, articulado pelos setores hegemônicos da burguesia monopolista brasileira associada ao imperialismo, instaurou no país uma ditadura voltada a reprimir barbaramente o movimento operário e sindical e os movimentos populares em ascensão no Brasil no período. Ao longo de seus 21 anos, perseguiu, prendeu, torturou, exilou e assassinou centenas de ativistas sociais, lutadores pelas liberdades, militantes democráticos e da esquerda revolucionária, em especial os comunistas.

O PCB, nos 60 anos do golpe militar que inaugurou a ditadura que atuou a serviço dos interesses da burguesia brasileira, condena veementemente todas as ações golpistas e exige a punição de todos os envolvidos, agitadores, militares, políticos e financiadores. Não podemos aceitar nenhum tipo de anistia, que, assim como nos últimos anos da ditadura, ofereceu aos militares e agentes da repressão, assassinos, sequestradores, estupradores e torturadores, o direito à impunidade.

Vemos com preocupação as movimentações institucionais que buscam conciliar com os golpistas. Com o fascismo e a extrema direita não pode haver nenhum tipo de acordo!

As posturas do governo Lula de proibir atividades de descomemorações do golpe de 1964, bem como de não mais construir o Museu da Memória e dos Direitos Humanos devem ser amplamente condenadas. Para um governo que nasceu com a justificativa de derrotar tudo o que o bolsonarismo significa, as recentes posturas de Lula se colocam na contramão dessa argumentação.

O PCB, na ocasião dos 60 anos do Golpe Militar e da Ditadura que matou 1/3 dos membros de seu Comitê Central, que cometeu assassinatos, sequestros, torturas, estupros, censura, vem denunciar a anistia aos militares criminosos de ontem e os de hoje. Não aceitamos conciliação, nem apagamentos da memória!

Sempre lembrar para nunca mais acontecer.

Por Verdade, Memória, Justiça e Reparação!

SEM ANISTIA! PRISÃO PARA BOLSONARO E TODOS OS ENVOLVIDOS NA TENTATIVA DE GOLPE!

PELA REVOGAÇÃO DA LEI DE ANISTIA, COM A PUNIÇÃO DOS TORTURADORES, ASSASSINOS E COLABORADORES DO REGIME DITATORIAL

Comissão Política Nacional do PCB