800 mil palestinos sem direito à educação
Imagem: Khalida Jarrar Créditos / FPLP
AbrilAbril
Pelo menos 800 mil estudantes dos vários níveis de ensino foram privados do direito à educação desde o início da ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, denunciaram as autoridades palestinas.
Num comunicado emitido no dia 22/06, o Ministério palestino da Educação afirma que, desde 7 de outubro, Israel «atacou deliberadamente crianças, mulheres e civis, matando, ferindo e detendo dezenas de milhares, incluindo milhares de estudantes e trabalhadores da educação».
No sábado de manhã, cerca de 50 mil estudantes realizaram o exame final do Ensino Secundário (Tawjihi) nas diversas províncias da Margem Ocidental ocupada e em escolas palestinas no estrangeiro, mas, na Faixa de Gaza, «a guerra genocida de Israel» impediu os estudantes de fazer o mesmo.
De acordo com as autoridades, este ano 40 mil estudantes das várias áreas do Ensino Secundário não poderão participar nas sessões de exame, o que constitui «uma violação sem precedentes que ameaça o seu futuro e mina as suas possibilidades de avançar para universidades locais e internacionais».
O texto, citado pela agência Anadolu, destaca que «85% das instalações educacionais ficaram fora de serviço» na Faixa de Gaza «devido aos ataques diretos e deliberados, colocando um desafio ainda maior aos esforços para retomar o processo educacional após o fim da guerra».
Passando ao largo de uma resolução aprovada no Conselho de Segurança da ONU a exigir um cessar-fogo imediato, Israel tem enfrentado críticas crescentes por dar continuidade à brutal ofensiva que lançou contra Gaza há mais de oito meses.
Unrwa: atingidos 69% dos edifícios escolares usados como abrigos
A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos afirmou que as forças israelenses atingiram 69% dos edifícios escolares usados como abrigos para pessoas deslocadas na Faixa de Gaza.
Na sua conta de Twitter (X), a Unrwa indicou que os edifícios referidos «foram diretamente atingidos ou danificados», ressaltando que «este desprezo flagrante pelo direito humanitário tem de parar». Afirmou ainda: «Precisamos de um cessar-fogo já».
Na sexta-feira dia 21, o mesmo organismo já havia informado que pelo menos «76% das escolas na Faixa de Gaza necessitam de uma grande reconstrução ou reabilitação para voltarem a funcionar».
Como a ofensiva israelense prossegue de forma incessante, as autoridades de Saúde em Gaza revelaram que, desde 7 de Outubro último, 37.598 palestinos foram mortos no enclave como resultado dos ataques sionistas (dados confirmados). No mesmo período, 86.032 pessoas ficaram feridas em resultado desses ataques.
Israel renova a detenção administrativa de Khalida Jarrar
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Um tribunal israelense renovou por mais seis meses, na última segunda-feira, 21/06, a detenção administrativa de Khalida Jarrar, dirigente da FPLP, ex-deputada, defensora dos direitos das mulheres e dos presos políticos.
Natural de Ramallah, com 61 anos, Khalida viu a ordem de detenção administrativa ser renovada, por mais seis meses, depois de lhe ter sido aplicado este regime de detenção no passado mês de janeiro, na sequência da sua mais recente captura pelas forças de ocupação, em 26 de dezembro de 2023.
Milhares de palestinos encontram-se atualmente presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, um procedimento que permite a Israel manter aprisionados dirigentes e ativistas palestinos por períodos de até seis meses, indefinidamente renováveis, sem julgamento nem culpa formada, tampouco com justificativas sobre os motivos da detenção.
Jarrar, destacada dirigente da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), defensora dos direitos dos presos, dos direitos das mulheres e ex-deputada do Conselho Legislativo Palestino (Parlamento), foi detida pelas forças de ocupação em múltiplas ocasiões.
A militante comunista palestina foi presa pela primeira vez em 8 de março de 1989, durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, e passou um mês na cadeia sem julgamento.
Em abril de 2015, foi presa depois de, no ano anterior, se ter se recusado a acatar uma ordem de expulsão emitida pelo Exército israelense, tendo passado cerca de 15 meses na prisão, até junho de 2016.
Foi presa pela terceira vez em julho de 2017, e mantida reclusa ao abrigo do regime de detenção administrativa, sucessivamente prolongado, sem julgamento ou acusação produzida, até ser libertada, em fevereiro de 2019.
Oito meses mais tarde, em 31 de outubro de 2019, Jarrar foi encarcerada pela quarta vez pelas forças sionistas de ocupação. Passou 16 meses em regime de detenção administrativa, foi condenada por um tribunal militar por alegado «incitamento à violência» e pertencimento à «organização banida» (a organização marxista-leninista palestina FPLP), tendo sido libertada em setembro de 2021.
Durante este último período de cárcere, perdeu a filha, Suha, que morreu em julho de 2021, mas as autoridades israelenses não a deixaram participar no funeral, tal como o haviam feito, em 2017, quando da morte do pai.
Em 2006, Khalida Jarrar foi eleita deputada ao Conselho Legislativo Palestino na lista da FPLP, liderada pelo seu secretário-geral, Ahmad Sa’adat, que desde 2008 cumpre uma pena de prisão de 30 anos nas cadeias de Israel.
O partido a que pertence, que integra as forças da resistência e luta de forma ativa contra a ocupação e em prol da criação de um Estado nacional, é considerado uma organização terrorista por Israel.