A UJC frente às eleições municipais

Os Comunistas e as Eleições: um Panorama Geral
Por ser, antes de tudo, um terreno marcado por seu caráter de classe, as eleições burguesas são caracterizadas por uma disputa desigual e pela perseguição aos comunistas. Ainda assim, o abstencionismo não avança a luta da juventude, nem o pragmatismo oportunista oferece perspectivas de mudanças radicais. Nesse sentido, também temos elementos a apresentar que consideramos fundamentais. Por isso, dado o momento atual, em que debates a nível municipal se realizam, cabe apresentar nossa perspectiva sobre o tema, em geral, e nossas propostas, em específico.

Não nutrimos ilusão alguma com a democracia burguesa. Para nós, comunistas, as eleições representam um momento oportuno para promover a elevação da consciência e a organização política da classe trabalhadora, apontando as contradições do sistema capitalista e preparando o terreno para a ofensiva revolucionária.

Nossa participação deve ser vista como parte de uma estratégia mais ampla, que combina diversas formas de luta – não apenas a “institucional” – e cujo objetivo final é a tomada do poder pela classe trabalhadora e a construção do socialismo. Nesse sentido, diante da conjuntura em que estamos hoje, o papel dos jovens comunistas é combater o crescimento do fascismo entre a juventude e estabelecer bases para um maior enfrentamento contra a burguesia, através de um programa radical, que busca superar de maneira decisiva os problemas vivenciados por nós hoje.

Além disso, estas eleições municipais serão um termômetro do que serão as eleições nacionais e nosso programa de lutas do próximo período. Embora saibamos dos limites da democracia burguesa, é também nesses momentos que temos como disputar corações e mentes, avançando no recrutamento de pessoas que se identificam com a esquerda revolucionária. Ao mesmo tempo, nossas aparições públicas fazem com que reafirmemos nossos símbolos e identidade, em um momento crucial para construir novos espaços para o nosso trabalho junto às bases, bem como ampliar nossa inserção nos diversos movimentos populares.

Tomando como exemplo o caso das cidades médias e grandes, há uma fração da burguesia de caráter fascista, a exemplo dos setores ligados ao bolsonarismo, que busca conquistar prefeituras para avançar na desestabilização da democracia formal e aplicar seus projetos privatizantes e repressivos, visando não só preservar, mas também aumentar suas taxas de lucro e subjugar a juventude, cada vez mais prejudicada pelo projeto neoliberal, que destrói direitos sociais e garantias mínimas de dignidade.

Adicionalmente, há um setor supostamente progressista, composto por conciliadores de classe, que busca alianças com oligarquias e frações da burguesia que se encontram em divergência tática com a extrema-direita, como o social-liberalismo. Nessa linha, há uma busca pela realização de acordos de gabinete, discursos sobre “governabilidade” e apaziguamento das tensões advindas da luta de classes, contribuindo, então, para desorganizar as lutas sociais, especialmente da juventude, que se vê sem horizonte de mudança diante de uma realidade dura de desemprego e precarização dos serviços públicos.

Enquanto isso, nas cidades pequenas, o clientelismo político é mais forte, especialmente nas eleições municipais. Ao contrário de diferenças mais claras entre projetos políticos, as diferenças tendem a se dissolver em torno de uma disputa fisiológica pelo poder, manifestada em agrupamentos burgueses e pequeno-burgueses idênticos, seja no “governo” ou na “oposição”, que estabelecem seus currais eleitorais e se utilizam da compra de votos ou até mesmo da violência para chegar ao poder e/ou se perpetuar nele.

Restam, então, os setores socialistas comprometidos com a luta, que apontam para os problemas estruturais que o fascismo busca ocultar ou distorcer, barrando seu crescimento. Enfrentando o apassivamento dos setores reformistas, apostam em mudanças radicais na governança dos municípios e promovem candidaturas comprometidas com a ruptura do neoliberalismo e a construção do Poder Popular. É nesse setor que se encontra o PCB e onde a UJC deve atuar.

De acordo com isso, a Plataforma Comunista do PCB é a base fundamental para iniciar esse diálogo, colocando na ordem do dia o programa de lutas do Poder Popular e do socialismo, denunciando as arbitrariedades da justiça burguesa e a violência do capitalismo, e contestando as saídas conciliatórias que domesticam a juventude e recorrem ao clientelismo para desorganizar as lutas.

As Tarefas dos Jovens Comunistas Hoje: o que fazer?
Como dito anteriormente, agora é o momento de organizar as bases em torno da Plataforma Comunista e dos demais candidatos socialistas apoiados pelo PCB. É hora de expor as contradições do sistema e mostrar que não há reforma capaz de acabar com a opressão da juventude; somente a construção do Poder Popular pode avançar nas pautas e construir um futuro livre e digno para milhões de jovens estudantes, trabalhadores e desempregados.

Nas universidades e escolas, devemos aproximar as diversas entidades ao campo socialista e inseri-las nas lutas, dialogando com as demandas estudantis. Atividades de campanha e a divulgação das candidaturas são essenciais para conquistar o apoio dos estudantes em torno dos projetos de Universidade e Escola Populares, que são indissociáveis da construção de uma nova lógica para o território e para a sociedade, essencialmente distinta da que é própria do capitalismo.

Nos locais de trabalho e moradia, devemos politizar o debate eleitoral e combater veementemente a coerção de patrões e o clientelismo político. Não podemos ser coniventes com a pressão econômica e com os pequenos favores que tentam forçar trabalhadores e jovens a apoiar seus opressores. É necessário expor a conexão entre exploração e opressão com os gerentes do sistema e atuar para elevar as consciências em torno de nosso programa político.

Nas cidades onde o PCB não apresenta ou apoia candidaturas, sejam elas grandes, médias ou pequenas, é essencial buscar organizar as bases em torno de suas demandas concretas. Dessa maneira, em conversas não só com militantes, mas também com quem simpatiza com o Partido e com a Juventude, construímos coletivamente o nosso programa, visando tensionar as candidaturas da ordem e apontar os horizontes para onde devemos caminhar.

Paralelamente a isso, também devemos apresentar elementos já vinculados aos nossos acúmulos gerais, articulando-os a cada realidade local, como a redução da carga horária para 30 horas semanais e o pleno emprego, a expansão e melhoria das escolas municipais, o acesso universal às creches, a (re)estatização do transporte, a universalização dos serviços públicos, uma segurança pública civil e comprometida com a vida, o passe livre, entre outras bandeiras.

De fato, temos muito a fazer para construir um novo mundo, mas, com tudo isso colocado acima em mente, não pouparemos esforços para tensionar as eleições a partir de candidaturas revolucionárias, da difusão de um programa radical e da organização da classe trabalhadora. E, como juventude do PCB, nosso papel é conquistar a juventude trabalhadora para uma ruptura radical, sem conciliações com a burguesia e com um horizonte socialista claro e irrevogável. Aproveitemos as eleições burguesas para apontar para a construção do Poder Popular, que ruma à revolução socialista. Ousar lutar, ousar vencer!

 

Coordenação Nacional da União da Juventude Comunista

30 de agosto de 2024

https://ujc.org.br/a-ujc-e-as-eleicoes-2024

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