PORQUE ADERIMOS AO PCB

A consciência de que nosso caminho não deveria ser o de construir mais uma seita de esquerda, atrelada a um “messias do marxismo”, detentor de todas as respostas, nos levou desde o começo a nos reconhecer enquanto marxistas militantes, portando, comunistas. Reconhecemos e partimos das elaborações e aportes dos nossos dirigentes históricos: Marx, Engels, Lênin, Trotski, Gramsci e Rosa Luxemburgo. Procurando nos afastar, corretamente, dos exclusivismos sectários e reducionistas.

Mantendo coerência com essa linha de pensamento, buscamos estabelecer acordos e relações políticas com outras organizações da esquerda comunista. Fizemos parte do movimento que viria a resultar posteriormente na fundação do PSOL, ali defendemos a formação de uma frente de esquerda, em base a um programa mínimo, aberta as organizações e partidos legalizados, onde estes manteriam sua independência organizativa e política, proposta que se viu derrotada ante a intenção majoritária naquele movimento de se constituir enquanto partido meramente eleitoral, nos marcos do regime burguês, fato que nos levou ao afastamento definitivo.

Apesar deste revés, a UC não esmoreceu, pelo contrário, continuou seu trabalho militante. Orientou-se, então, por um combate permanente contra os desvios sectários e ultra-esquerdistas, adotando, no interior do movimento dos trabalhadores, a proposta de Frente Única de todos aqueles que se colocam no campo da luta contra a ofensiva capitalista.

É a partir desse período que, nas lutas dos trabalhadores, nas eleições e nas campanhas antiimperialistas, onde tivemos alguma participação aqui no Rio de Janeiro, verificamos que nossas posições estavam muito próximas das defendidas pelo PCB. A partir desse reconhecimento, procuramos estabelecer relações políticas com este partido, coerentes com nosso objetivo estratégico de reagrupamento dos revolucionários. Esta aproximação culminou com o convite para participarmos do seu XIV Congresso.

Nossa compreensão é de que o PCB demonstrou neste XIV Congresso ter o potencial para se transformar no aglutinador da esquerda comunista brasileira. Nos debates que o antecederam, observamos os posicionamentos dos militantes e simpatizantes ter livre acesso à mídia do partido, permitindo a todos tomar conhecimento não só das teses elaboradas pela direção, mas de um conjunto de aportes vindos das mais diversas instâncias partidárias. As teses colocaram em discussão uma rica análise da situação internacional e nacional, avançando também no exame da derrocada do modelo burocrático na URSS e das deformações estalinistas ali produzidas.

As conclusões do XIV Congresso apontaram corretamente a caracterização do capitalismo, enquanto sistema global, como principal inimigo do proletariado mundial e conseqüentemente colocando o internacionalismo proletário na ordem do dia. A nível nacional, define o caráter socialista da revolução brasileira, a partir do entendimento de que o capitalismo está plenamente consolidado no Brasil, conduzido por um bloco burguês acoplado de forma umbilical ao imperialismo.

O PT no governo cumpre um papel nefasto; demonstrou ser a quinta coluna da burguesia no seio do proletariado, reforçou o predomínio do capital monopolista em aliança com o imperialismo, desmobilizando e contribuindo para fazer retroceder a consciência de classe dos trabalhadores.

Como estratégia de combate a esse bloco burguês e seus aliados, o Congresso do PCB levanta a necessidade de se constituir um Bloco Revolucionário do Proletariado para aglutinar as forças políticas e sociais antiimperialistas e anticapitalistas, visando a emancipação dos trabalhadores. Esse Bloco precisa ir além de meras coligações eleitorais, devendo se concretizar nas mais diversas trincheiras da luta de classes.

 

Para nós, da União Comunista, estas são as questões fundamentais. Se temos acordo sobre elas, entendemos que seria um grande equívoco nos mantermos divididos em função de particularidades táticas ou locais. Por estas razões, coerentes com o que sempre defendemos, chegamos à deliberação de dissolver a UC e aderir, como soldados da revolução, ao Partido Comunista Brasileiro.

Viva a União dos Comunistas!

Viva a Revolução Socialista!

Viva o Partido Comunista Brasileiro!

Rio de Janeiro, março de 2010