90 ANOS DO PCB E SUA HISTÓRIA DE LUTA EM GOIÁS

Ferreira Gullar, nas comemorações dos 60 anos do PCB, escreve de forma poética e certeira: “O PCB não se tornou o maior partido do Ocidente, nem mesmo do Brasil. Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele. Ou estará mentindo.”

Fundado em 25 de março de 1922, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) está completando 90 anos de existência. 90 anos carregados de erros e acertos na luta pela Revolução Socialista.

A nossa história, é a história da Classe Trabalhadora, que na década de 20 vê como necessária a construção de um instrumento político capaz de conduzir os trabalhadores para além das reinvindicações econômicas e pontuais. Esta necessidade, não só se tornou real, mas foi alvo da cassada incessante da burguesia: ficamos mais da metade da nossa existência de forma clandestina. Nos anos 30 e 40, nos consolidamos enquanto alternativa à ordem vigente, dando conta de criar uma cultura socialista no pais. Com a divulgação do Manifesto Comunista e da distribuição do jornal A Classe Operária, difundimos as teses do marxismo-leninismo. Em 35, fizemos uma insurreição armada, que foi duramente reprimida. Nas décadas de 50 e 60, nos iludimos com a burguesia nacional, compondo alianças que mais tarde se reverteu num refluxo significativo para os comunistas e trabalhadores: a ditadura empresarial-militar.

Com a crise na URSS nas décadas de 70 e 80, grupos majoritários no PCB levam a incessantes cisões. As duas principais delas foram a de 1962, criando o PCdoB e a de 1992, criando o PPS. Rompimentos reformistas estes, que causaram graves sequelas nos comunistas.

Sabendo da necessidade de reorganizar o instrumento revolucionário dos trabalhadores e acima de tudo, a tarefa militante de construir o socialismo, o PCB se reorganiza em todo o Pais. Reorganiza-se não numa perspectiva reformista, eleitoreira ou com conciliação de classes. Mas se reorganiza em bases revolucionárias, apontando como única saída para por fim as mazelas da humanidade a constituição da sociedade comunista. Mantemos nossa tradição marxista-leninista, com a qual nos conduz em “análises concretas da realidade concreta” como diria nosso Camarada Prestes.

Em Goiás, além das comemorações dos 90 anos do PCB, festejamos também os 12 anos de reorganização do Partido Comunista Brasileiro em Goiás. Fruto deste recente momento histórico em que vive o PCB estamos recrutando militantes em solos goianos que lutam cotidianamente contra os patrões. Dos anos 30 e 40, quando da primeira organização do PCB em Goiás no eixo-urbano Goiandira e Catalão, por influencia da criação da ANL (Aliança Nacional Libertadora), fizemos parte da história política do Estado de Goiás com:

– a fundação do então maior sindicato de trabalhadores em Goiás, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Anápolis na década de 40;

– as lutas pela Reforma Agrária culminando na organização de resistência de Trombas e Formoso (1950 a 1964) e a criação da ULTAB (União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil) com os Camaradas José Porfírio, Geraldo Tibúrcio, José Sobrinho;

– a edição do Jornal “A Voz Camponesa” instrumento de contra-hegemonia e formação dos trabalhadores do campo em Goiás, dirigida por José Basilio;

– a organização da União da Juventude Comunista por Tabajara Santana, organizando a juventude nas escolas e posteriormente a UJC enraizada na UFG nas décadas de 50 e 60;

– a luta pela redemocratização do pais, tendo a frente os Camarada Horiestes Gomes, Carlos, Seu Alaor, Davi, Sergio, Basileu Pires, Bernardo Elis, que construíram ferramentas de propaganda, agitação e formação aos trabalhadores como o CEB (Centro de Estudos Brasileiros, instalado na UFG e destruído pelos militares), CEFEG (Centro de Estudos Filosóficos e Econômicos e de Goiás) e o Instituto Cultural Brasil-URSS, principalmente nas décadas de 70.

Estes foram momentos que não só configurou o período nacionalmente e regionalmente, mas que mostra o potencial de organização da Classe Trabalhadora, que diferentemente do que vem se publicando, não se perdeu.

Em nossos tempos, o PCB em Goiás está inserido nas lutas cotidianos da juventude e dos trabalhadores. As greves no campo da educação, a militância estudantil na UFG e UEG, entre os trabalhadores do transporte coletivo, a luta pela moradia, são exemplos de que a luta pelo socialismo, na perspectiva do comunismo não morreu. Como escreve Gonzaguinha: “Se muito vale o já feito, Mais vale o que será”.

Direção Estadual do PCB em Goiás.

Categoria