NOVA FRIBURGO DOIS ANOS DEPOIS DA TRAGÉDIA: O DESCASO CONTINUA
Um primeiro problema se observa no descaso das autoridades (in)competentes com alguns dos lugares mais atingidos pelas chuvas e deslizamentos. Enquanto no centro da cidade as obras de revitalização e contenção de encostas devolvem, ainda que lentamente, a beleza característica do município e prometem garantir a segurança de quem ali vive ou transita, nos bairros periféricos – os mais violentados pela tragédia – não se constata o mesmo empenho no reestabelecimento dos mesmos: encostas continuam ameaçadoras, ruas continuam esburacadas, casas continuam condenadas e a população continua em risco.
Ao passo em que o Centro é “maquiado”, tentando dar aos friburguenses uma falsa sensação de segurança e tranquilidade, a classe trabalhadora, maior vítima da tragédia e do descaso político, segue vendo suas comunidades abandonadas pelo poder público. Sem a entrega das casas populares e, quando muito, recebendo o insuficiente Aluguel Social, inúmeras famílias continuam sem ter onde morar e outras tantas, sem opção, arriscam-se vivendo amedrontadas pelas chuvas em áreas de perigo iminente.
Os milhões de reais que chegaram à cidade, vindos dos governos federal e estadual, encheram os bolsos das empreiteiras e de alguns poucos políticos, mas não ergueram uma única casa para uma única família necessitada. Desamparados, carentes já há dois anos, os friburguenses só veem o nome de sua cidade em vergonhosas páginas policias onde são denunciadas as irregularidades e os desvios de verbas que deveriam atender à classe trabalhadora mas acabam por tomar destinos corruptos pelas mãos daqueles que deveriam servir ao povo. Além da corrupção, décadas de cumplicidade do poder público com os interesses da especulação imobiliária e da ocupação desordenada do solo trouxeram lucros para poucos e desgraça para muitos. Violentados pela força da natureza e pela ganância dos capitalistas e de “autoridades”, os desabrigados vivem uma rotina de desespero e desesperança.
Entretanto, se passado e presente, terríveis, apontam para um futuro sofrido, nós, trabalhadores, revoltados com o descaso do poder público, temos o dever de nos levantarmos em favor de todos os atingidos pelas tragédias passadas! Devemos exigir dignidade aos que estão vivos e seguem sofrendo no dia-a-dia, todos os dias, a dor de suas perdas. Somente um movimento amplo e a união da sociedade civil organizada em torno desta causa podem decretar e direcionar os rumos da cidade para o que deve ser um futuro digno e seguro a todos os que sofreram e ainda sofrem por causa das chuvas.
É hora de as vítimas serem tratadas como PRIORIDADE. CHEGA de descaso! Exigimos a construção das CASAS e uma POLÍTICA HABITACIONAL que atenda as reais necessidades da população! Exigimos a contenção de TODA e QUALQUER encosta que ofereça risco ao povo de Nova Friburgo! Exigimos SEGURANÇA e medidas de PREVENÇÃO diante de novas enchentes e tempestades! Exigimos CONDIÇÕES DIGNAS DE VIDA para a classe trabalhadora, para que não haja mais lamentos, tristezas e perdas no futuro.
CHEGA DE ENROLAÇÃO! QUEREMOS SOLUÇÃO!
DIGNIDADE, TRABALHO E MORADIA!
NO ESTADO DO RIO, TODO ANO A HISTÓRIA SE REPETE!
Não bastasse o trabalhador ser explorado e esquecido pelos governos o ano inteiro, no verão a coisa piora. E muito! Desde 2010, quando um deslizamento em Angra dos Reis matou mais de 30 pessoas, chamando mais atenção para o grande que o período das chuvas de verão representam, o trabalhador não tem mais condições de ter um mínimo de tranquilidade nessa época do ano.
Após o ocorrido em Angra dos Reis, foi a vez de a Região Serrana ser palco de uma grande tragédia, a maior acontecida no Brasil, onde mais de 1.000 pessoas morreram, apenas um ano depois. O ano de 2011 foi um ano cheio de promessas, com muito dinheiro sendo planejado para contenção de encostas, desentupimento de bueiros, além da construção de casas populares. Tanto para Região dos Lagos, quanto para a Região Serrana. E o que acontece? As chuvas do verão 2012/2013 continuam causando estragos. Na Baixada Fluminense, Região Serrana e Lagos, o número de desabrigados ou desalojados quase chegou aos 5.000.
Em Xerém, Duque de Caxias, mais de 1.500 famílias estão necessitando de cestas básicas e produtos de higiene pessoal e a Polícia Civil ainda tem que fiscalizar estabelecimentos que estão cobrando preços abusivos por produtos de primeira necessidade. Essas regiões estão em constante estado de alerta e não há pontos de apoio suficientes para o deslocamento em caso de ameaça de deslizamento ou enchente. Já em Angra dos Reis, até o momento, não há fornecimento de energia em muitos pontos da cidade e um encontro com os secretários estaduais do Meio Ambiente e Saúde, Carlos Minc e Sérgio Cortez, respectivamente, está agendado. Foi assim em 2010, e nada mudou.
O governo Sérgio Cabral e as prefeituras que lhe dão apoio político já demonstraram que não estão preocupados com o trabalhador. Tragédia gera obra, que gera verba para as empreiteiras e que sustenta a corrupção. Enquanto não houver organização e luta da parte dos trabalhadores, seremos reféns dos que ocupam o Estado para favorecer os interesses particulares, da especulação imobiliária e do grande empresariado.
LUTA POR MORADIA E DIGNIDADE! OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!
CONSTRUIR O PODER POPULAR.
PCB DE NOVA FRIBURGO (BASE FRANCISCO BRAVO)
UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA
UNIDADE CLASSISTA
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