O Partido Livre de Honduras ataca a política econômica do governo e denuncia a crise profunda

Giorgio Trucchi

LINyM

O partido Liberdade e Refundação Livre, braço político da Frente Nacional de Resistência Popular, FNRP, que em 2009 encabeçou a luta contra o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, atacou hoje (21/3), com veemência, a política econômica do atual governo de Porfírio Lobo.

“A situação econômica do país é grave e sem precedentes na história. Nunca estivemos com uma deterioração de tal magnitude nas finanças públicas, o aumento da pobreza e a falta de produção e emprego em Honduras também são notáveis”, disse o ex-presidente Zelaya durante uma coletiva de imprensa.

Em um documento de posicionamento sobre esta situação, o Partido Livre e sua candidata presidencial Xiomara Castro assinalaram o fracasso do governo nas negociações com o Fundo Monetário Internacional, FMI, devido ao enorme déficit fiscal acumulado, assim como a recente degradação da classificação de risco do país de “estável” a “negativa” por parte das agências Moody’s e Standard & Poor’s.

Segundo o documento, esta situação obrigou o governo de Honduras a contrair onerosa dívida pública mediante a colocação de bônus soberanos por 10 bilhões de lempiras (500 milhões de dólares).

Em declarações a meios de comunicação nacionais, Nelson García, presidente do Fórum Social da Dívida Externa de Honduras, FOSDEH, disse que o país se encontra em um estado de “calamidade econômica”, com um endividamento “que atingiu cifras insustentáveis” e um déficit fiscal “dos mais altos da história do país”.

De acordo com dados do Colégio Hondurenho de Economistas, em 2012 o déficit alcançou os 1,2bilhões de dólares, com uma projeção da parte do governo para 2013 de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto). De outro lado, as agências de qualificação asseguram que poderia alcançar até 6% (era 2,4% em 2008 antes do golpe).

Por outro lado, a dívida pública de Honduras passou de 21,7% do PIB, em 2008, a 35,4% no ano passado, com uma dívida interna de 2,7 bilhões de dólares e uma projeção para 2013 de 3,4 bilhões.

Somando a dívida interna à externa, Honduras inicia este ano com uma dívida total de cerca de 8 bilhões de dólares, aos quais se devem agregar os 500 milhões em termos de bônus soberanos emitidos semana passada.

Durante a coletiva de imprensa, o coordenador do Livre, Manuel Zelaya, e o chefe de campanha, Enrique Reina, atacaram os dez pacotes de novos impostos impulsionados pelo governo do Partido Nacional e o candidato presidencial Juan Orlando Hernández, atual presidente do Congresso.

Ainda qualificaram de absurda a decisão do Congresso de aprovar Notas de Crédito avalizadas por impostos futuros para a compra de cimento por 50 milhões de dólares, bem como a de destinar a mesma quantia para construir uma nova prisão.

“As pessoas não comem cimento, mas feijão e milho, e exigem que se resolvam os problemas da fome, da pobreza e da falta de trabalho”, sentenciou Zelaya, que esteve acompanhado pelos principais dirigentes do partido.

Retorno à ALBA

Finalizando a coletiva de imprensa, o ex-presidente assegurou à LINyM que, ganhando as eleições, o governo de Xiomara Castro reatará de imediato as relações e os intercâmbios com a Alternativa Bolivariana para os Povos de nossa América (ALBA).

“A posição da candidata Xiomara Castro foi clara: Honduras necessita abertura internacional. Voltaremos ao Brasil, à Venezuela, especialmente com projetos de solidariedade latino-americana como é a ALBA, a CELAC, Petrocaribe e as demais instâncias de integração latino-americana e caribenha. Vamos recuperar o que perdemos desde o golpe de Estado”, concluiu o coordenador nacional do Libre. Fonte: http://nicaraguaymasespanol.blogspot.com/2013/03/honduras-partido-libre-ataca-politica.html

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).

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