Stephen Hawking adere ao boicote acadêmico a Israel

Físico britânico desistiu de participar de conferência com Shimon Peres em protesto contra o tratamento aos palestinos

O renomado físico e ex-professor britânico Stephen Hawking decidiu aderir ao boicote acadêmico contra Israel e desistiu de participar de uma conferência em Jerusalém que homenageará o presidente israelense Shimon Peres, em junho.

O evento, chamado “Enfrentando o Amanhã” e organizado diretamente pela Presidência israelense, entra em sua quinta edição esse ano, atrai milhares de participantes e é apresentado por personalidades importantes. Esse ano também celebraria o aniversário de 90 anos do presidente.

Sem anunciar sua decisão publicamente, Hawkings enviou uma carta a Peres dizendo ter mudado de ideia e que não participará mais do encontro. No entanto, um comunicado do Comitê Britânico para as Universidades da Palestina, divulgado com autorização do professor, informou sobre “sua decisão independente de respeitar o boicote, baseado em seus conhecimentos sobre a Palestina e os conselhos que recebeu de forma unânime através dos contatos que mantém por lá”.

Segundo o jornal britânico The Guardian, desde quando aceitou participar do evento, ele recebeu uma série de mensagens e denúncias para persuadi-lo a mudar de ideia, com sucesso. Ele teria dito a amigos que decidiu seguir o conselho de amigos palestinos, todos favoráveis ao boicote. Ele já esteve em Israel e na Palestina anteriormente e condenadou os ataques israelenses contra Gaza em 2009.

A decisão de Hawking marca uma importante vitória na campanha internacional para boicote, desinvestimento e sanções contra instituições acadêmicas israelenses. Outras adesões importantes ocorreram em abril, com o sindicato dos Professores na Irlanda e a Associação de Estudos Americanos e Asiáticos, nos EUA.

Além de Hawking, outras importantes personalidades que aderiram ao boicote são os músicos Elvis Costello, Roger Waters, Annie Lennox e Brian Eno.

Para Israel Maimon, organizador do evento, a decisão de Hawking é “ultrajante” e “equivocada” e que boicotes acadêmicos são “incompatíveis com discursos democráticos”.

A página do físico na rede social Facebook recebeu uma série de manifestações ofensivas, o acusando de antissemitismo e zombando de sua condição física, além do linguista e ativista norte-americano Noam Chomsky.

O Parlamento israelense aprovou uma lei em 2011 em que passou a considerar qualquer iniciativa a um boicote contra o país uma “ofensa civil” que pode ser passível de multa.

Hawking está com 71 e se encontra em estado delicado de saúde em razão do avanço da esclerose lateral amiotrófica, uma doença rara e incurável que o afeta desde os anos 1980, paralisando todos os músculos de seu corpo sem, no entanto, afetar seu cérebro. Atualmente, Hawking é diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica e fundador do Centro de Cosmologia Teórica da Universidade de Cambridge.

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