Pela suspensão do leilão do Campo de Libra!
O petróleo tem que ser nosso!
(Nota Política do PCB)
A divulgação, feita por Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA, de documentos secretos que comprovam as ações de violação de e-mails e chamadas telefônicas de brasileiros, incluindo até a presidência da República – tendo como finalidade a obtenção de informações políticas e a busca de vantagens em negociações comerciais – causou grande indignação e mereceu o repúdio da sociedade brasileira. Esta indignação foi reforçada pela declaração cínica do Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de que as operações tinham, como objetivo, “combater o terrorismo internacional e proteger o Brasil”.
Somando-se a esse fato, a denúncia, divulgada amplamente pela mídia de que os serviços de inteligência dos Estados Unidos espionam diretamente a Petrobras, é mais uma prova de que aquele país não hesita em valer-se dos meios mais obscuros, violentos e ilegais para defender os seus interesses nacionais e os de suas empresas.
Os EUA seguem com grande dificuldade em reerguer sua economia e, mesmo sendo ainda a maior economia do mundo e a maior potência militar, vêm perdendo terreno no cenário internacional, tanto no plano econômico, como também no terreno político, onde não conseguem mais o apoio que desejariam ter, da comunidade internacional, aos seus projetos de intervenções armadas pelo mundo afora, como no caso atual da Síria.
Mas os EUA – e alguns de seus aliados – agem, no terreno bélico, por sua conta, não hesitando em agredir países detentores de recursos naturais de seu interesse, como o petróleo, como também forçando sua presença em regiões estratégicas, para tentar manter sua influência política no plano mundial.
O Brasil tem, diante de si, uma grande oportunidade de mitigar nossos graves problemas sociais com os recursos petrolíferos de que dispõe. No entanto, dada a natureza privada que vem caracterizando a exploração desse recurso, principalmente no que diz respeito às jazidas em águas profundas, como as áreas do pré-sal, onde predominam empresas estrangeiras, perdemos a maior parte dos recursos e do controle das reservas e corremos o risco de que, dados os preços elevados do produto no mercado internacional, toda essa riqueza se esvaia em poucos anos.
O roubo de informações estratégicas da Petrobras comprova que o jogo da “livre concorrência” não é nem um pouco livre e que os países capitalistas desenvolvidos não querem concorrência, mas sim o domínio de nossas riquezas à força. Essa ação dos EUA reforça a nossa luta contra a realização do leilão do novo campo de Libra, previsto para outubro, pois o vazamento de dados estratégicos beneficia totalmente as empresas estadunidenses e torna ainda mais escandaloso o crime de lesa-pátria praticado pelo governo brasileiro, tornando o leilão extremamente suspeito.
O episódio prova, mais uma vez, que o Estado brasileiro, ao seguir adotando a política de subordinação política e econômica aos EUA e outros países imperialistas, continuará refém das necessidades de expansão do capital e nada mais. Submetendo-nos ao jogo da competição intercapitalista, não há como defender os interesses da maioria da população, dos trabalhadores brasileiros.
O Brasil deve impor-se, na arena internacional, como um país que não pode ser dominado ou espionado impunemente. Deve buscar a defesa de suas informações, a defesa da liberdade e da privacidade na comunicação de seus cidadãos. Assim, a Petrobras deve ser 100% estatal para, entre outros objetivos, poder fazer valer os interesses da maioria, poder realizar uma exploração racional das reservas, prolongando sua vida útil, poder gerar os recursos para a promoção da igualdade e da justiça social. O leilão do campo de Libra não pode se realizar,. Seria uma traição aos interesses do povo brasileiro.
Conclamamos os trabalhadores, através de suas organizações políticas, sociais e sindicais, a se levantarem contra esse crime de lesa-pátria, protestando vigorosamente contra a ação do imperialismo no Brasil.
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional