A classe trabalhadora e as camadas populares precisam de um Partido Comunista forte
Uma delegação do KKE liderada por Dimitris Koutsoumpas, Secretário Geral do CC, visitou Roma para participar do 2º Congresso do Partido Comunista da Itália. A delegação do KKE reuniu-se com o secretário do partido, Marco Rizzo, com a Seção de Relações Internacionais do PCI e outros dirigentes partidários.
Falando em uma sessão aberta na conclusão do Congresso, D. Koutsoumpas observou o seguinte em sua mensagem de saudação.
Caros camaradas,
Sentimos especial alegria de estarmos aqui com vocês no 2º Congresso do vosso partido. A partir desta tribuna queremos saudar os comunistas da Itália, os que não desistiram da luta pelos direitos da classe operária e dos outros estratos populares, da luta pela derrubada da barbárie capitalista, pela construção da sociedade sem a exploração do homem pelo homem, o socialismo-comunismo.
Caros camaradas, nossos partidos estão travando essa luta juntos, tanto através do desenvolvimento das relações bilaterais como através da nova forma de cooperação dos partidos comunistas da Europa, a “Iniciativa Comunista”. Nosso objetivo é fortalecer a luta contra a UE [União Europeia] imperialista e, ao mesmo tempo, através da luta dos trabalhadores, promover a única alternativa em favor do povo, da Europa de paz e do progresso, o socialismo .
Camaradas,
A Itália, a classe operária italiana, as camadas populares, os jovens, precisam de um partido comunista forte. Um partido com uma estratégia revolucionária, com fortes vínculos com a classe trabalhadora. Eles precisam de um partido baseado nos princípios do marxismo-leninismo, que irá desempenhar o papel principal na organização da luta dos trabalhadores e inspirará a visão da nova sociedade comunista. O socialismo não é um capricho dos comunistas, é a única maneira de sair da crise e outros impasses sociais da sociedade capitalista. É a única garantia para o desenvolvimento das forças produtivas em favor dos interesses das classes trabalhadoras e populares e sob seus critérios. Só o socialismo pode garantir a soberania do povo, o desenvolvimento auto-determinado e, ao mesmo tempo, a cooperação mutuamente benéfica com a solidariedade dos povos.
Sabemos que a contra-revolução na União Soviética, nos outros países socialistas e o eurocomunismo, trouxeram uma série de prejuízos para o movimento comunista , não só na Itália e no resto da Europa, mas também a nível internacional. Eles semearam a desilusão e a desmobilização entre os trabalhadores. Eles promoveram ilusões sem saída de que supostamente poderia ser encontrada a solução dentro da “plataforma” do capitalismo, através de governos “de esquerda”, “patrióticos”, através da assim chamada gestão “mais justa” do capitalismo.
No entanto, nos dias de hoje, 20 anos após a conclusão da restauração do capitalismo nos ex-países socialistas, período durante o qual os povos testaram ambas as soluções “de direita” e ” de esquerda” para a administração do sistema, tem sido destacada a necessidade do renascimento da visão socialista. O KKE estuda a experiência histórica, não apenas a sua própria, mas também a do movimento comunista internacional, da construção do socialismo que conhecemos no século anterior. Nós nos detivemos em conclusões básicas a respeito das causas do recuo do movimento comunista e da restauração do capitalismo nos países socialistas da Europa Central e Oriental. Aprendemos tanto das experiências positivas quanto das negativas, de modo que possamos inspirar a classe trabalhadora mais uma vez, sua visão de libertação social, para dar um impulso à luta de classes, a luta de classes ideológico-política rumo à nova sociedade socialista. Este nosso percurso também constitui a base para se tirar conclusões essenciais sobre os erros e fraquezas, a fim de modernizar e enriquecer a nossa concepção de socialismo, sua oportunidade e necessidade.
Hoje, quando as forças oportunistas estão tentando capturar os trabalhadores na linha da “humanização” do capitalismo, é de grande e histórica importância que estabeleçamos e defendamos persistentemente as conquistas da Revolução de Outubro, as contribuições dos países socialistas, apesar do fato de criticarmos as deficiências e desvios. Devemos defender a contribuição dos partidos comunistas, o movimento comunista internacional, a necessidade da derrubada do sistema capitalista podre e corrompido. A tarefa, que deve ser incutida de forma unificada em todas as nossas lutas diárias para os interesses populares e da classe trabalhadora, deve levar em conta os problemas cotidianos de nossos povos.
Esta tarefa é nossa, a organização das lutas dos trabalhadores, o renascimento dos ideais socialistas-comunistas em nosso continente e além dele, o que não poderá ser realizada sem o confronto ideológico-político e a exposição do papel do chamado “Partido da Esquerda Europeia” (PEE), que tem se promovido como o “porta-voz da esquerda da UE”, bem como da sua campanha anti- comunista. O papel dos oportunistas e a estruturação que eles estabeleceram a nível europeu é duplamente perigosa porque favorece a criação de ilusões entre os trabalhadores de que é possível uma UE a favor do povo, bem como uma gestão semelhante do sistema capitalista em cada país, deixando intocados o poder dos monopólios e a propriedade capitalista concentrada sobre os meios de produção. Estes pontos de vista são promovidos em nosso país pelo partido SYRIZA .
Nesta oportunidade, permitam-me dizer que as forças do PEE, que na Itália apresentam o SYRIZA como um “exemplo” e como uma força que representa os interesses populares, esconde a verdade. O SYRIZA é uma força para a assimilação no capitalismo e não para sua superação. Ele busca se tornar o novo veículo social-democrata do sistema burguês bipolar na Grécia, de fato incorporando os elementos mais podres do velho PASOK que governou a Grécia por muitas décadas e é responsável pelos muitos problemas que se acumularam, bem como pela situação de degeneração do movimento operário. Na realidade, o SYRIZA , apesar dos slogans e da terminologia de esquerda de que se utiliza, atua na direção oposta à linha de ruptura com os organismos imperialistas, os monopólios, o capitalismo.
Camaradas,
O KKE recentemente comemorou os 95 anos de sua história, durante os quais travou batalhas particularmente difíceis, e adquiriu laços de sangue com a classe operária e os outros setores populares do nosso país. Está também hoje na linha de frente das lutas das classes populares e trabalhadores em relação a cada problema que diz respeito aos trabalhadores, aos agricultores pobres, aos funcionários, aos jovens e às mulheres das camadas populares. O KKE desempenha o papel de liderança na luta contra a organização nazista criminosa do Aurora Dourada, isolando-a nos locais de trabalho, nas escolas e universidades, para que parem de envenenar a juventude com seus sermões fascistas.
Em nosso recente 19º Congresso, a Resolução Política, o novo Programa e Estatutos foram aprovados por unanimidade, confirmando a unidade político-ideológica do partido.
Nos documentos do 19º Congresso, o KKE deixa claro que, hoje, na Grécia, nas condições do capitalismo monopolista, há pré-condições materiais objetivas para a construção de uma sociedade socialista-comunista. A revolução iminente na Grécia será socialista. O nosso partido avalia, como em seu programa anterior, que não existem estágios intermediários entre o capitalismo e o socialismo, e que não existem formas intermediárias de poder. Na luta de classes, a linha de luta revolucionária levará ao poder popular e da classe trabalhadora ou, de outra forma, com outras linhas e estágios intermediários, será derrotada e assimilada dando margem de manobra para o sistema capitalista sobreviver. Propomos à classe trabalhadora, aos pobres e às camadas populares, aos agricultores autônomos, jovens e mulheres das famílias populares, que a Aliança do Povo deve ser formada de forças sociais que tenham o seu interesse na luta direcionada ao anti-monopolismo e ao anti-capitalismo, tendo como lemas básicos o da socialização dos monopólios e a criação de cooperativas de produtores agrícolas, o cancelamento unilateral da dívida, a não participação em intervenções e guerras político-militares, a retirada da UE e da OTAN, o poder popular e operário.
O KKE atua para preparar o fator subjetivo na perspectiva da revolução socialista, mesmo que o marco temporal para a sua manifestação seja determinado por condições objetivas, pela situação revolucionária. Estamos trabalhando para a criação de um KKE com bases sólidas no interior da classe trabalhadora, um KKE que será capaz de responder a cada curva acentuada da luta de classes, um “partido para todos os climas”, como é dito. Isso não significa que estejamos separados da realidade, das lutas e reivindicações a respeito dos problemas mais candentes dos trabalhadores, desempregados, dos jovens, dos aposentados pobres, das famílias populares que estão sofrendo, sem poder pagar a eletricidade, sem poder comprar comida, não tendo aquecimento, não podendo pagar os seus medicamentos e os exames médicos, que estão ameaçados de ataques por parte dos bancos. Nós desempenhamos o papel de liderança, através das lutas, mobilizações, com intervenções no Parlamento, para a satisfação das necessidades básicas do nosso povo, para aliviar os que são perseguidos.
Ao mesmo tempo, buscamos o reagrupamento do movimento operário em uma base de classe e apoiamos a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) e a aliança com outras agremiações anti-monopolistas, dos pequenos empresários (PASEVE), dos agricultores pobres (PASY), dos estudantes (MAS), mulheres (OGE). Acreditamos que a formação da Aliança do Povo, que terá uma base social (e não vai ser uma fusão de “lideranças” políticas) é o que se faz necessário hoje. A aliança social que vai lutar em vista de cada problema popular, por salários, pensões, saúde pública, educação, seguridade social, para o alívio dos desempregados, etc. e terá um claro caráter anti-monopolista e anti-capitalista. Esta aliança social, nas condições da situação revolucionária, pode ser transformada em uma frente revolucionária popular e operária, poderá criar órgãos de poder popular-operário, colocará a questão do poder popular, da classe trabalhadora, de modo que eles mesmos se tornem os protagonistas do processo.
Queridos camaradas,
Nas condições de hoje, a necessidade urgente de reagrupamento revolucionário do movimento comunista internacional, que hoje continua a encontrar-se em uma situação de crise ideológica, política, organizacional, vem sendo destacada.
Tendo esta avaliação como ponto de partida, o KKE não só apoia as reuniões internacionais e regionais dos PCs, bem como a idéia do surgimento de um “pólo comunista” no movimento internacional, composto de PCs que permanecem fiéis ao marxismo-leninismo, ao internacionalismo proletário, defendendo a experiência positiva do socialismo que conhecemos, que estudem os processos contemporâneos e buscam traçar uma estratégia revolucionária, reconhecendo a oportunidade e a necessidade do socialismo.
Com estes pensamentos desejamos todo o sucesso para o vosso congresso!
Viva o marxismo-leninismo e o internacionalismo proletário!
Viva a amizade entre o KKE e o PC da Itália!