Partido Comunista denuncia conflito criado por governo ucraniano
O governo alimenta o confronto criando condições para a guerra civil, diz o Partido Comunista da Ucrânia em nota emitida no dia em que Rússia, Ucrânia, EUA e UE prometeram a reduzir a tensão no território, o que não se verifica.
Manifestantes contra o governo na Praça da Independência, na capital ucraniana, Kiev, em 19 de fevereiro de 2014.
Em comunicado divulgado na última quinta-feira (17), o Partido Comunista da Ucrânia (PCU) denunciou que as autoridades golpistas tudo fazem para inviabilizar a existência do partido e banir sua atividade, e detalham que tal objetivo está a ser perseguido através da falsificação de documentos e da intensificação da campanha anticomunista e das intimidações, de ataques a dirigentes, militantes e instalações do PCU, e do recente pedido de extinção da organização, apresentado oficialmente junto do Supremo Tribunal.
O PCU alertou, ainda, que a Ucrânia está a transformar-se “num país sob ditadura fascista”, e que Kiev alimenta “o conflito social e cria condições para uma guerra civil”.
No mesmo dia em que o PCU difundiu o texto, Rússia, Ucrânia, EUA e UE concordaram, em Genebra, com o desmantelamento de todas as milícias e a desocupação de praças e edifícios públicos. Do acordo sobressai, entretanto, a troca de acusações de incumprimento entre Kiev e Moscou. Os primeiros defendem que tal não implica o desarmamento da Guarda Nacional e dos grupos nazifascistas. Os segundos consideram que esta leitura é tão inaceitável como o prosseguimento da ofensiva militar e paramilitar contra os antigolpistas no sul e leste do país. O Kremlin exemplifica a falta de vontade do governo golpista em cumprir o acordo com a manutenção das detenções de líderes e ativistas insubmissos a Kiev, e com o recente ataque de uma brigada do setor de direita em Slaviansk.
Em Kiev, esteve, anteontem, o vice-presidente norte-americano, que para além de ter confirmado a ajuda financeira e logística aos golpistas, ameaçou a Rússia de isolamento caso mantenha as tropas na fronteira com a Ucrânia e o apoio aos insurretos. Antes, Otan e EUA anunciaram o reforço de meios militares na região.
No sul e leste da Ucrânia prosseguem as manifestações e os líderes revoltosos e as autoridades eleitas em assembleias populares afirmam que só abandonam os edifícios ocupados em 12 cidades mediante o recuo dos contingentes fiéis a Kiev, da libertação dos antigolpistas detidos e da aceitação da solução federal no território.
Também anteontem, ao final do dia, os EUA confirmaram o deslocamento de 600 soldados para a Polônia e os países bálticos, argumentando que estes integrarão exercícios destinados a “reforçar o compromisso com os aliados da Otan”.
O anúncio de Washington foi feito menos de uma hora depois de o presidente golpista da Ucrânia ter ordenado a retomada da ofensiva no leste do território. Oleksandr Turchynov justifica a iniciativa que parece enterrar definitivamente as intenções de reduzir a tensão, com o suposto assassinato e tortura de dois alegados membros do seu partido (o Pátria) em Slaviansk, e com disparos contra um avião militar ucraniano que sobrevoara, minutos antes, aquela cidade.
Fonte: Avante!
Periódico do Partido Comunista Português