Ivan Pinheiro em Cascavel – PR

Alceu Sperança*

Seria corriqueiro demais um articulista receber a visita de seu candidato à Presidência e despejar no papel hipérboles e adjetivos robustos para dizer coisas tais como “chegou a hora da virada”, “conosco ninguém podemos” e baboseiras do gênero.

Ivan Pinheiro esteve entre nós na quarta-feira, mas o melhor que há para dizer sobre esta segunda visita do mais importante líder comunista brasileiro ao Oeste do Paraná é que sua palestra na Academia Cascavelense de Letras, onde recebeu o carinho dos acadêmicos e dos seus camaradas locais, não foi a principal ocorrência daquela data.

Também não foram mais importantes a presença do candidato comunista ao governo do Paraná, o comandante Amadeu Felipe, ou do oestino Gilberto Carlos, candidato do PCB ao Senado. Nem a emoção de rever o coronel Fábio Gonçalves dos Anjos, mais amigo que coronel, que saiu da Polícia Militar de São Paulo para se dedicar a um sitiozinho no interior de Londrina e hoje concorrer à Assembleia Legislativa do Paraná pelo PCB.

Pois bem, não viramos jogo nenhum. Não chegou a hora da virada. Todos podem com a gente. Não faremos poluição visual nem sonora com “vuvuzelas” em alto volume. Nada de carreatas, foguetórios ou promessas fantasiosas. Nem pensar em louvar nossos camaradas como milagres administrativos.

Nada, ainda, de argumentar que, mesmo memorável, a palestra de Ivan Pinheiro tenha sido mais importante que algo iniciado nessa data no ambiente da Academia Cascavelense de Letras: a proposta de constituir um Comitê de Cultura Popular, um CPC, retomando a sigla da comunidade cultural da nossa querida UNE, hoje tão jururu.

O mais importante da noite de 15 de setembro de 2010, portanto, não foi a presença de Ivan Pinheiro nem suas palavras tocantes, de brasilidade e civismo. Foi a proposta de construir uma nova forma de afirmação da cultura popular.

Essa proposta é não mais ficar esperando que o poder público promova ações multiculturais de caráter popular. Marx dizia que as ideias dominantes em determinada sociedade serão, sempre, as ideias da força política dominante.

A força política dominante no Oeste do Paraná não é especialmente interessada nas coisas do povo. Interessa-lhe dominar a vontade popular, jamais se adaptar a ela. Isso se nota nos três níveis de poder: federal, estadual e municipal. Os três governos são incapazes de fazer autocrítica. Contentam-se em fazer autopropaganda e ter bons índices de popularidade, que já beiram os 80% mesmo nada fazendo para trocar as estruturas caindo aos pedaços.

Seria ingenuidade esperar que a aliança liberal-empresarial hoje no poder visse as coisas segundo uma ótica popular e moldasse a sua política de cultura de acordo com as lentes do povo. Ela não vai quebrar sua luneta de elite interiorana, com a qual, acomodada a seus pequenos rancores e prazeres, costuma ver o povo afastado.

A tarefa de construir uma ação multicultural segundo a ótica popular precisa ser encetada por um conjunto de forças que primeiramente estejam fora dessa estrutura de poder. Os agentes acadêmicos, intelectuais e os artistas, se atuarem na mesma direção, farão essa estrutura se modificar, rendendo-se à emergência do novo, que será, desta vez, o povo. Se houver consistência, objetividade e prática positiva na montagem de um projeto de ação multicultural a ser posto em ação por um Comitê de Cultura Popular, a gestão pública se renderá a ele e, milagres acontecem, até aceitará entrar na parceria.

*É escritor – alceusperanca@ig.com.br

Fonte: Jornal O Paraná – Artigo do Alceu – Cascavel 19 de setembro 201


imagemCrédito: Jornal O Paraná

Candidato a presidente diz que aparelhamento do Estado preocupa

Ivan Pinheiro, do PCB, fez campanha ontem em Cascavel

Cascavel – O candidato do PCB a Presidência da Repú blica, Ivan Pinheiro, defendeu ontem, em Cascavel, a estatização do sistema financeiro e a criação de um Congresso unicameral, com a extinção do Senado. Ivan Pinheiro também criticou o aparelhamento do Estado numa referência às ações de governo nos casos de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB e o suposto tráfego de influência na Casa Civil.

Em campanha na cidade, Ivan Pinheiro se reuniu ontem com líderes e militantes do PCB, viisitou órgãos de imprensa e à noite lançou o seu livro “Um Olhar Comunista”, na Academia Cascavelense de Letras. Em visita a redação de O Paraná, o candidato falou sobre as suas principais propostas de campanha.

“O Brasil só muda com um novo Estado. Esse que está ai foi privatizado, servindo ao capitalismo”, disse ele, ao defender reformas radicais para enfrentar os problemas econômicos e sociais do País. “Não cabe ao Brasil reforma pontu al se não mudar a política eco nômica e a natureza do Estado”, completou.

Para Ivan Pinheiro, as pessoas que defendem a presença cada vez menor do Estado na economia, por exemplo, “são os mesmos empresários que num momento de crise pedem socorro público”. Sobre a proposta de extinção do Senado, o candidato disse que não se trata de nenhuma ideia radical. “O Senado não tem justificativa. Ele foi criado durante a fundação da República, para compensar os poderes e a maioria dos países não tem o Senado”, justificou.

O candidato comunista também comentou as denúncias sobre a quebra de sigilo fiscal de líderes tucanos e o tráfico de influência dentro da Casa Civil, envolvendo a ministra Erenice Guerra e o seu filho, Israel Guerra. “Estamos assistindo casos no Governo Federal preocupantes. A quebra de sigilo fiscal aparentemente não teve impacto eleitoral. Isso é preocupante porque está banalizando o assalto ao Estado”.

Para ele, essas questões distraem a opinião pública em vez de discutir quais sãos as melhores propostas dos candidatos à Presidência da República. Ivan Pinheiro esteve na redação acompanhado dos candidatos do partido ao governo do Paraná Amadeu Felipe, ao Senado Gilberto Araújo e a deputado federal Fábio dos Anjos.

Fonte: Jornal O Paraná – Cascavel 16 de setembro 2010


imagemCrédito: Jornal Hoje – Cascavel

Ivan defende reestatização da máquina

Laís Laíny

O fortalecimento do Estado brasileiro é o caminho para diminuir desigualdades. Esse é o entendimento de Ivan Pinheiro, candidato à Presidência da República pelo PCB, que esteve ontem em Cascavel. Ele defende a reformulação de políticas econômicas com base na reestatização de empresas nacionais, como a Petrobras. Ele exemplifica que a estatal, que tem 68% do capital no setor privado, deve reverter todos os seus lucros em segmentos que melhorem a vida da população, como saúde e educação. “O Brasil só muda com um Estado. O País foi privatizado a serviço dos capitalistas e não dos interesses populares. O produto da venda do petróleo deve ser aplicado no Brasil para resolução de problemas sociais”, projeta o presidenciável. Ivan criticou as candidaturas de

seus adversários, principalmente Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), que polarizam a disputa eleitoral. “A campanha pasteurizada tem candidatos que se parecem muito quando vão fazer propostas para a educação. Ninguém chega à tevê dizendo: “Eu quero uma educação ruim, eu quero privatizar tudo. Todos eles, mesmo os privatizantes, dizem que querem o país valorizado. É tudo uma demagogia”. O radicalismo que, geralmente, é associado ao PCB também foi comentado pelo comunista. Ele diz que tais críticas são normais, considerando o que pensa o senso comum. “Há uma manipulação. As críticas vêm dos setores que não querem mudar”. Conduto, o candidato avalia que o partido tem conseguido mostrar suas intenções e está em um ritmo de crescimento. “Nós somos um partido que passará a eleger vereador nas próximas eleições. Estamos em uma fase de crescimento e consolidação. Temos conseguido mostrar nossas ideias e mostramos que não morremos”.

Fonte: Jornal Hoje – Cascavel 16 de setembro 2010