O QUE ESTÁ POR TRÁS DA VERGONHOSA HOMENAGEM A UM TORTURADOR

imagemNota Política do PCB

Na última semana de outubro aconteceu mais uma tentativa de vincular o conjunto dos atuais membros do exército brasileiro e das suas forças armadas em geral a um dos mais deprimentes períodos da história brasileira. O pátio de formatura da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, foi palco de uma lamentável homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, promovida pelo atual Comandante da 3ª Divisão do Exército, general José Carlos Cardoso.

Essa estratégia que busca comprometer toda uma nova geração de militares brasileiros com os crimes hediondos cometidos durante a ditadura civil-militar implantada com o golpe de 64, já vinha sendo desenvolvida pelos remanescentes do regime golpista e seus apoiadores desde a chamada redemocratização. Mas nos últimos anos sua execução estava quase restrita a chamada “turma do pijama”, que se reúne nos clubes militares, divulgando posicionamentos sem maiores repercussões na tropa.

O evento ocorrido na unidade de infantaria blindada de Santa Maria, homenageando um notório torturador, chefe do famigerado DOI-CODI entre 1970 e 1974, órgão repressor onde centenas de brasileiros foram torturados e algumas dezenas assassinados, nos mostra que a atual crise política que envolve as principais instituições do regime político burguês anima tanto os saudosistas, quanto aos novos adeptos da extrema-direita, a levar para o interior dos quartéis sua ideologia antidemocrática.

Desmascarar esses extremistas de direita é nesse momento uma tarefa fundamental para esclarecer as novas gerações de militares, as quais não tiveram participação alguma nos crimes cometidos durante a vigência da ditadura, quanto às verdadeiras intenções dos que tentam comprometê-las com os mandantes e executores daquelas barbaridades, inclusive, fazendo uso indevido dos postos de comando para instrumentalizar politicamente as nossas forças armadas. É preciso ficar alerta também diante daqueles que se ocultam por trás dos discursos “patrióticos” a fim de disfarçar a sua mais completa subordinação ao imperialismo norte-americano.

O agravamento da crise política, econômica e social em nosso país, que tem como pano de fundo o fracasso do capitalismo enquanto saída viável para a paz e o progresso da humanidade, vai tornando mais difícil convencer a maioria do nosso povo a tolerar os desmandos, a corrupção e os ataques ao seu nível de vida. Nestas horas, o apelo à repressão se torna a principal alternativa para a classe dominante que procura recrutar nos quartéis quem esteja disposto a fazer, para ela, o serviço sujo contra seus próprios compatriotas.

A melhor forma dos nossos militares repelirem essas tentativas grotescas de manipulação política, levadas a cabo pela extrema direita, é dizer, em alto e bom som, que nossas forças armadas não se prestarão ao papel de capatazes do seu próprio povo, que repudiam o método da tortura e do assassinato, colocando-se em defesa da soberania nacional e ao lado das demandas democráticas e populares.

Partido Comunista Brasileiro PCB) – Comissão Política Nacional