Hoje sou você amanhã
Por Max Altman
10/09/2016
A tradicional Plaza de Mayo das concentrações, dos protestos, das reivindicações foi tomada em 2 de setembro pelos trabalhadores. A nossa ínclita mídia não deu um pio a respeito.
A multidão lá se acotovelou para dizer não ao governo neoliberal de Mauricio Macri. Vale ressaltar que Macri foi ungido pelo voto popular, ao contrário de nosso governante Michel Fora Temer, fruto de golpe de Estado midiático/parlamentar/judicial.
Com o lema de não aos tarifaços da energia elétrica, água e gás, às demissões e ao ajuste econômico, mais de 200 mil trabalhadores afluíram à praça na conclusão da ‘Marcha Federal’.
“Com esta multitudinária marcha começa a contagem regressiva em direção à greve geral nacional”, exclamou o dirigente sindical Hugo Yasky. Em vibrante discurso de um palanque montado diante da Casa Rosada, disparou: “Vimos demonstrar a esses lacaios que temos Pátria. Este povo não se rende nem se põe de joelhos ante a direita oligárquica, nem ante a repressão”.
Passados alguns dias – e após reuniões com autoridades do governo – Yasky, presidente da Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA), sintetizou “Vamos à greve geral”!
“Concretamente, não há resposta para nada”, afirmou Yasky quem com vários dirigentes sindicais mantiveram um encontro com o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, após a massiva ‘Marcha Federal’ que percorreu o país para denunciar o ajuste, o tarifaço e as demissões. Nessa reunião, as lideranças sindicais levaram uma pauta que incluía aumento de emergência para os aposentados e a mudança da lei sobre os lucros.
Ficou claro na reunião que o governo não tem intenção de melhorar os salários ante a escalada inflacionária dos últimos meses. Quanto a lei sobre os lucros disse que ficaria para o ano que vem.
Ante esta situação, os dirigentes sindicais não veem outra saída se não convocar uma greve geral, porque este governo “governa para os ricos”. Yasky destacou que “este pode ser um grande momento em que todas as centrais exijam do governo uma agenda social. As mobilizações de 29 de abril e a ‘Marcha Federal’ foram ações que cedo ou tarde vão gerar resultados”.
Por sua vez, ao sair do encontro, Hugo “Cachorro” Godoy, presidente da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), lamentou a falta de respostas positivas por parte do ministro do Trabalho. Contou que pediu a Triaca pôr um freio às demissões porque, advertiu, “quando se despede no Estado, o governo emite um sinal para que se demita também no setor privado. Se há demissões, o diálogo é uma mentira”, sentenciou o dirigente sindical, que pediu ao governo Macri dar sinais claros aos trabalhadores. Como não as deu nem está dando, os funcionários das estatais também vão aderir à greve geral ao lado de todas as centrais operárias.
O influente secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT unificada) e presidente dos Caminhoneiros, Pablo Troyano, confirmou que irá propor na reunião do Consellho Central Confederal, prevista para 23 de setembro, que em outubro próximo haja uma greve nacional ou uma grande mobilização contra o modelo neoliberal do governo Macri. Sustentou Moyano, que a medida de força será “contra essa política econômica, a inflação, as demissões, a precarização trabalhista” e alertou que há “um regresso à política neoliberal dos anos 1990, ao comparar que “Macri é Menem sem as costeletas”. “Há um ataque permanente do governo contra os trabalhadores com esta política econômica que beneficia os fazendeiros, os empresários e os banqueiros e que prejudica os trabalhadores”, exclamou.
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