Argentina: o Estado assassina uma pessoa por dia

Argentina: o Estado assassina uma pessoa por dia725 mortos pela repressão no governo de Macri

Resumen Latino-americano

A Coordenadoria contra a Repressão Policial e Institucional (CORREPI) apresentou o seu relatório contra a repressão e revelou que já houve 725 mortes em 721 dias da mudança do Governo, e descreveu esta fase como uma das mais repressivas na história da Argentina.
Pela primeira vez, a Argentina supera a marca de mortes diárias por tiros ou torturas, informa Correpi.

Esse é o registro alcançado pelo governo de Macri. No dia 22 de dezembro, na Plaza de Mayo, a Coordenadoria Contra a Repressão Policial e Institucional apresentou um novo relatório sobre a repressão na Argentina.

Desde 1996, a Coordenadoria Contra a Repressão Policial e Institucional (Correpi) recolhe informações sobre vítimas das ações em supostos autos de resistência, mortes em prisões e postos de polícia, além dos processos judiciais para casos de violência institucional.

Do palanque localizado em frente à Pirâmide de Maio, foram lidas partes dos dados coletados neste ano sobre os múltiplos casos de violência institucional registrados.

Nos últimos dois anos, 721 dias do governo de Cambiemos, Correpi registrou que 725 pessoas foram mortas pelo aparelho repressivo em suas diferentes modalidades. Ou seja, em menos de 24 horas, uma pessoa morre por causa da violência institucional.

Sobre a repressão estatal, enquanto em 2015 (o último ano do governo de Cristina Fernández de Kirchner) havia 300 casos, em 2016 o registro trágico de 441 foi atingido e este ano se encerra com 258 pessoas assassinadas.

Se durante o governo do Kirchner a cada 28 horas uma pessoa foi assassinada, no governo de Macri o número de horas foi reduzido para menos de 24. Isso significa que com Macri o Estado assassina pelo menos uma pessoa por dia.

Entre os dados parciais sobre a repressão estatal divulgados na apresentação na Plaza de Mayo, pode-se dizer que, em termos de “competência” entre as forças de segurança e as penitenciárias, é o Serviço Prisional que fica com o “troféu”.

Do ato participaram diferentes personalidades dos direitos humanos e da luta pelas liberdades democráticas. Hernán “Vasco” Izurieta, delegado geral da capital da ATE e membro da esquerda revolucionária tomou a palavra. Isabel Huala, mãe de Facundo Jones Huala, enviou uma mensagem gravada que foi ouvida no palco. Em sua mensagem, pediu que todos continuassem lutando pelos jovens que foram mortos e pediu liberdade para o seu filho, Longko da comunidade mapuche Pu Lof, preso na Resistência de Cushamen, e para todos os que foram presos por lutar.

Quem também enviou uma mensagem foi Horacio Ramos, militante da Frente das Organizações em Luta (FOL), a quem as balas repressivas de Macri e Larreta deixaram cego de um olho no ataque à mobilização de segunda-feira passada.

Tomás Eliaschev, jornalista e delegado da SiPreBA, subiu ao palanque com seu parceiro Agustín Lecchi, delegado de TV pública e secretário de Organização da SiPreBA, que disse: “somos colegas de trabalho daqueles que demonstram sua revolta nas ruas. Eles disparam contra nós porque não querem que denunciemos o papel da polícia e do Estado”.

No ato também foi feita, um mês depois de sua morte, homenagem a Nilda Eloy, grande referência da Associação dos Presos e Desaparecidos e testemunha fundamental no julgamento contra Miguel Etchecolatz.
Nora Cortiñas, fundadora da Associação Mães da Plaza de Mayo, também enviou uma mensagem gravada na qual conclamou que ninguém deixasse de lutar.

A advogada María del Carmen Verdú, fundadora da Correpi, encerrou a cerimônia. Ela denunciou a repressão estatal e a criminalização dos protestos. E lembrou que este é o primeiro ano em que deve mudar a data do relatório, precisamente porque um dia antes da mudança do Governo, em 14 de dezembro, foi desencadeada uma repressão feroz contra os manifestantes que combatiam a reforma da previdência. O saldo foi de dezenas de feridos e mais de 40 detidos que acabaram liberados domingo de madrugada.

Estiveram presentes dezenas de parentes de jovens assassinados pelas Forças de Segurança, bem como organizações de direitos humanos como CeProDH, o Partido Socialista dos Trabalhadores, Venceremos e Poder Popular, entre outros.

Argentina/ Informe anual de Correpi: el Estado asesina a una persona por día