Companheiro Achille Lollo, presente!

imagemComissão Política Nacional do PCB

Com tristeza recebemos a notícia da morte de Achille Lollo, mais uma perda para a classe trabalhadora em um período marcado por tantos ataques do capital, retrocessos e crises, cujos efeitos são dramáticos para os setores populares. Ao mesmo tempo, vivemos momentos de intensas lutas e resistências, as quais sempre contaram com a participação militante do companheiro Lollo.

Achille foi um revolucionário e um internacionalista, dedicando sua vida à luta por um mundo justo e igualitário. Escritor, jornalista e fotógrafo, foi muito mais que um indivíduo por detrás da câmera. Era acima de tudo um sujeito que fotografava e filmava o mundo existente, buscando traduzir para o mundo que desejava construir.

Sua vida foi um manifesto em defesa de um mundo novo que precisa ser construído, e sua morte deixa, além de saudades, exemplos de dedicação, humildade e grandeza. Por ocasião do 90º aniversário do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Achille enviou uma saudação, que foi publicada em nossa página em 02 de maio de 2012, a qual reproduzimos abaixo.

Em 22 de julho último, publicamos uma nota de solidariedade (também reproduzida abaixo) de camaradas e militantes políticos brasileiros de esquerda que se manifestaram publicamente em protesto à perseguição que continuava sofrendo das instituições burguesas italianas e de grupos neofascistas, por causa de seu envolvimento em ação promovida pela organização Potere Operaio (Poder Operário) na juventude.

Companheiro Achille Lollo, presente, hoje e sempre!

Saudação de Achille Lolo aos 90 anos do PCB
2 de maio de 2012
“Na história da humanidade os comunistas revolucionários continuam sendo as vanguardas das lutas anti-capitalistas, anti-imperialistas e contra todo tipo de exploração. Os 90 anos do PCB são parte integrante dessa história que admiro e respeito.

Solidariedade ao companheiro Achille Lollo!
22 de julho de 2021
Achille Lollo nasceu em 1950. Salvatore Lollo, seu pai, comunista italiano e resistente, prisioneiro nos campos de concentração e de trabalho fascista, participou da guerra de libertação na Iugoslávia.

Em abril de 1973, aos 23 anos, Achille Lollo e outros dois companheiros da organização Potere Operaio (Poder Operário) foram acusados de ação contra dirigente neofascista que resultou em duas mortes, reconhecidas pela Justiça como não intencionais. O caso foi e segue sendo explorado pela imprensa de direita e neofascista italiana.

Achille Lollo passou dois anos em prisão preventiva e, em liberdade condicional, em 1975, refugiou-se em Angola, onde prosseguiu sua militância internacionalista, colaborando ativamente com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com a Organização do Povo do Sudoeste African (SWAPO) e com o Congresso Nacional Africano (ANC). Participou da organização da imprensa escrita e radiofônica do Estado e do Exército revolucionário angolano. Em 1980, acompanhou como correspondente de guerra os combates contra a invasão sul-africana do país.

Durante os dez anos em que trabalhou em Angola, foi duramente assediado por instituições do Estado italiano e por dirigentes neofascistas, sob as mais diversas e estapafúrdias acusações.

Achille Lollo jamais negou a responsabilidade pelas consequências inesperadas do ato no qual participou, negando-se sempre ao “arrependimento” (“pentitismo”) de suas convicções de comunista internacionalista, que lhe garantiria o fim da perseguição que golpeou a ele e consequentemente a sua família.

Em 1986, casado com cidadã luso-angolana, com quatro filhos, transferiu-se para o Brasil, onde trabalhou inicialmente como professor de italiano. Militando no PT (Força Socialista), em junho de 2004, participou da fundação do PSOL. No Rio de Janeiro, de 2004 a 2010, dirigiu três prestigiosas revistas de esquerda – Nação Brasil, Conjuntura Internacional e Crítica Social – e produziu múltiplos documentários sobre as lutas sociais na América Latina, com destaque para a Colômbia e a Venezuela.
No Brasil, seguiu o assédio que conhecera em Angola. Em 1994, esteve preso, por quase um ano, na Polícia Federal do Rio de Janeiro, devido às perseguições das autoridades italianas.

Em janeiro de 2005, prescreveu a pena de dezoito anos de prisão a que fora condenado, mantendo-se milionária pena de ressarcimento econômico – um milhão de euros – que lhe impede de possuir qualquer bem.

Em 2010, com problemas de saúde, retornou à Itália, dedicando-se profissionalmente à agricultura ecológica, atividade comprometida pela pandemia. Seguiu escrevendo sobre a situação internacional para publicações de esquerda, sobretudo do Brasil e da Itália.

Atualmente, Achille Lollo, hospitalizado, conhece uma grave deterioração de suas condições de saúde, que lhe impede, no melhor dos casos, de retornar ao trabalho, por diversos meses. O que nos leva a propor um pequeno esforço de solidariedade para com o companheiro.

Comissão de solidariedade ao Aquille Lolo no Brasil (Plínio de Arruda Sampaio Jr., Virgínia Fontes, Milton Temer, Milton Pinheiro, Marcelo Badaró, Ivan Pinheiro, Mario Maestri, Florence Carboni, Ricardo Antunes, Renato Cinco, Sofia Manzano, Caio Navarro Toledo).