Por uma escola livre de opressões!

imagemNOTA POLÍTICA DO MEP PARANÁ:
COMBATE AO MACHISMO NA EDUCAÇÃO

O patriarcado e a opressão contra as mulheres já existem desde antes da consolidação do sistema do modo de produção capitalista e suas relações, mas como é da natureza do capitalismo se apoderar das opressões para estruturar suas relações de trabalho, baseadas na exploração de uma classe em benefício de outra, nota-se a atribuição de um papel social para a mulher na sociedade e no investimento da sociedade no processo de naturalização desse papel, com o intuito de fazer a mulher não participar de um processo produtivo, ou participar em um processo produtivo precário.

Dele, incluem-se:
Trabalho doméstico – cuidar dos afazeres de casa, lavar roupa/louça, cozinhar, limpar a casa, cuidar do/a filho/a;
Trabalho reprodutivo – a maternidade como obrigação; gerar descendentes;
Trabalho amoroso/sexual – satisfazer o parceiro;
Trabalho assalariado – seu próprio emprego.

As incansáveis lutas da classe trabalhadora ocorridas no mundo trouxeram algumas conquistas para as mulheres, como, por exemplo, o acesso ao estudo, direito ao voto e trabalho e o amparo por algumas leis contra a discriminação, conquistas para além do papel social naturalizado pela sociedade, que relaciona diretamente o ambiente e o trabalho doméstico à mulher, devido a sua capacidade de ser mãe.

Porém, essas conquistas, por mais que sejam necessárias e importantes, dentro de um sistema que necessita dessas desigualdades e que tem estratégias baseadas nas opressões, visando o aumento dos lucros, não garantem a melhora da vida de todos.

Dentro das instituições de ensino, por exemplo, é notável que a misoginia sistemática se fez e se faz presente, tal qual em quaisquer outras instituições.

Como resultado, tem-se a propagação de discursos machistas dentro das salas de aulas que ainda são tratados como meras brincadeiras e que contribuem para a continuidade desta cultura até os dias de hoje, sobretudo praticados por homens que possuem cargos hierarquicamente superiores, como diretores, reitores e professores, mas tampouco excluindo os estudantes, que realizam essas práticas sem a dada importância por parte das direções da escola.

É importante lembrar que a escola constitui um papel fundamental no processo de formação do pensamento humano e, ainda que sofrendo ataques provenientes dos aparatos do Estado burguês e monopólios da educação, que dificultam o desenvolvimento do pensamento crítico dos filhos da classe trabalhadora, deve ser um espaço de discussão e denúncia dessas atitudes opressoras (que na grande maioria das vezes são causadoras de grandes inseguranças e desconfortos às estudantes).

Isso é indispensável para que haja entendimento de que , além de lutarmos contra opressões machistas no dia a dia, combatemos principalmente o que estrutura o machismo: o capitalismo.

Ninguém está isento de reproduzir comportamentos e pensamentos machistas. Entendemos que todos estão sujeitos a reproduzir o machismo que está enraizado no comportamento de homens e mulheres, porém, devemos ser os primeiros a combater todo tipo de opressão, assumindo o dever de fazermos a autocrítica, entendendo estas atitudes como algo que deve ser combatido no seio da classe trabalhadora, instruindo todos sobre a gravidade e o significado dessas atitudes, uma vez que o patriarcado é consequência de uma lógica de dominação, exploração e superioridade do homem sobre a mulher.

Dessa forma, temos uma cultura machista intrínseca ao sistema capitalista, que relativiza todo tipo de abuso e assédio que todas essas funções impostas à mulher podem trazer, com o objetivo de lucrar em cima disso, seja excluindo a mulher do processo produtivo, por meio da atribuição de trabalhos precários, seja sobrecarregando as mulheres e submetendo-as a jornadas múltiplas de trabalhos, ou nem lhes empregando com a desculpa de que “ela tem/vai ter filhos e não vai se dedicar ao trabalho” ou até mesmo vendendo uma falsa ideia de combate ao patriarcado imposta pelo feminismo liberal, que não busca o rompimento com os sistema capitalista e se contenta com conquistas individuais.

Temos consciência de que o fim dessa estrutura não será resolvido apenas com o apontamento do erro e das atitudes machistas, por isso devemos analisar as causas que levaram a sociedade atual a ter esse tipo de comportamento e trabalhar não só pela mudança imediata, mas na construção de uma outra sociabilidade para um futuro livre desta opressão, tendo em mente que é de interesse da classe dominante que sejam internalizadas essas atitudes no nosso comportamento, não isentando até as próprias mulheres de reproduzi-lo.

O sistema punitivista burguês operante se reduz a castigar sem propor qualquer mudança ou reestruturação. Nenhum tipo de assédio deve ser tolerado, mas o tratamento que vemos hoje tem sido efetivo?

Portanto, entendemos que uma alternativa efetiva a esse sistema inclui a autoanálise, que viabiliza a compreensão do erro e de suas motivações e a mudança de comportamento, que consiste na revolta e na repulsa à normalização de atitudes machistas. Além disso, é preciso lutar pela constituição de aparelhos para a ressocialização daqueles que possuem práticas machistas e apontar a necessidade da construção de uma outra sociedade que supere o patriarcado, o racismo, a LGBTfobia e toda forma de exploração, ou seja, a sociedade socialista.

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