Livro de Memórias de Gregório Bezerra é lançado na Paraíba

Nesta quinta-feira dia 6 de outubro a SEAMPO (Setor de Estudos e Apoio aos Movimentos Populares), do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA/UFPB, representado pela figura de Francisco Xavier, promoveu, com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e ADUFPB (Associação Docente da UFPB) e do Núcleo de Organização do PCB da Paraíba, representado pelos companheiros Wladimir e Pablo, o lançamento/debate do livro de Memórias de Gregório Bezerra, editado pela Editora Boitempo. De Pernambuco também participaram o camarada Aníbal Valença , secretário político do PCB no Estado, e o companheiro Dionizio Valois.

O debate foi iniciado pela Professora Lúcia Guerra que destacou a importância da participação dos movimentos sociais junto à Universidade, do fortalecimento do processo de extensão para que haja maior integração com a realidade social. Deve também, segundo a Professora Lúcia Guerra, a Universidade trabalhar a temática relacionada com o resgate da “memória e da verdade”, a partir de depoimentos e livros escritos, como esse de Gregório Bezerra que contém um verdadeiro libelo sobre a tortura, dos quais ele foi uma das maiores vítimas.

O companheiro Alder Júlio, que é um dos mais destacados militantes das lutas dos trabalhadores da Paraíba e que também escreveu uma resumida biografia de Gregório Bezerra e que foi publicado pela editora “Expressão Popular”, disse que lamentava o que estava ocorrendo atualmente com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que tinha se afastado das lutas dos trabalhadores por conta de sua relação estreita com o Estado, por isso “Gregório era um exemplo de revolucionário, porque seu compromisso maior era com a Classe Operária e camponesa e não com segmentos isolados”.

A professora Maria de Nazaré Zenaide colocou que Gregório “nos ensinou a lutar pelo direito de dignidade, pelo direito das pessoas, porque o direito político de lutar é fundamental para transformar a realidade”.

A fala final coube ao camarada militante comunista e que acompanhou Gregório, desde sua volta do exílio até seus últimos anos de vida em Pernambuco, Roberto Arrais, que fez um breve resumo sobre a vida e a trajetória deste “que foi um dos mais destacados revolucionários do século XX, que teve uma infância dolorosa, começando a trabalhar com 4 anos roçando mato, trabalhou na palha da cana e logo depois enfrentou situação de fome durante períodos de seca, foi jornaleiro, mesmo sem saber ler, que só se alfabetizou aos 25 anos, foi preso com 16 anos quando lutava como ajudante de pedreiro pela jornada de 8 horas de trabalho, entrou no PCB em 1930, enfrentou as forças fascistas em 1935, de novo foi preso e ficou 10 anos encarcerado, foi anistiado em 1945 e se elegeu deputado constituinte, sendo um destacado parlamentar na histórica ‘Bancada Comunista’, liderada pelo Senador Luiz Carlos Prestes, em 1946”.

Roberto Arrais lembrou a cassação do registro do PCB em 1948 e de todos os seus parlamentares. No centro do Rio de Janeiro, Gregório foi sequestrado e levado para João Pessoa onde foi acusado, preso e processado por ter ”incendiado o 15º. RI”, depois foi comprovado que era tudo uma farsa. Veio a clandestinidade durante mais 10 anos e o golpe de 1964, onde foi alvo de uma das mais brutais cenas proporcionadas pela Ditadura Militar/civil burguesa, sendo barbaramente torturado em praça pública no Recife.

Finalizando, disse Roberto Arrais: “Gregório era um comunista convicto, de uma firmeza extraordinária, corajoso, mesmo nas prisões, no exílio e na clandestinidade. Estava sempre otimista, animando os camaradas para a luta, sempre levando consigo a ternura e a solidariedade com o outro. A esperança vivia intensamente em sua mente e em seu coração, tinha o socialismo como sua palavra mais falada em tudo que fazia. Era esse um dos grandes motivos de sua perseverança e felicidade, porque eram o PCB e a revolução as maiores razões de sua vida”.

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