Os EUA e a propagação das armas biológicas

imagemJorge Cadima

ODiario.info

Acumulam-se indícios e informações que apontam no sentido do desenvolvimento de armas biológicas pelos EUA. Pior ainda: não as desenvolve no seu próprio território, mas nos de países vassalos como a Geórgia. Extensos surtos de doenças aparentemente com essa origem geográfica, e o próprio fato de se verificarem elevadas taxas de mortalidade entre o pessoal desses laboratórios suscitam legítimas suspeitas. E o principal indício é saber-se que os EUA não têm qualquer espécie de escrúpulos.

A conceituada revista científica Science publicou, com destaque em editorial (5.10.18), um artigo de investigadores alemães e franceses sobre o perigo de que o programa de investigação «Insetos Aliados», em curso desde há dois anos, seja na realidade um programa dos EUA para o desenvolvimento de uma nova e terrível forma de propagação de armas biológicas. O programa é financiado pela DARPA, a Agência militar dos EUA para Projetos de Defesa com Investigação Avançada, e tem como objetivo «espalhar vírus infecciosos, geneticamente modificados, programados para alterar o cromossoma de culturas, diretamente nos campos».

Embora os objetivos proclamados sejam pacíficos, os autores afirmam que «o programa pode ser visto por muitos como um esforço para desenvolver agentes biológicos com objetivos hostis, bem como os seus meios de propagação, o que – a ser verdade – constituiria uma violação da Convenção sobre Armas Biológicas». Os autores salientam que a utilização de insetos como forma de propagação torna impossível controlar os efeitos nas zonas atingidas, fato que consideram inconciliável com objetivos que não sejam hostis.

Entretanto, um ex-ministro georgiano da Segurança de Estado revelou 100 mil páginas de documentos em sua posse, alegando que uma instalação dos EUA na Geórgia, o Richard G. Lugar Center for Public Health, esconderia na realidade um laboratório de armas biológicas do Pentágono (Sputnik News, 16.9.18). O Ministério da Defesa russo declarou que está estudando os documentos.

O General responsável pela defesa das tropas russas contra ataques radiológicos, químicos e biológicos afirmou que o referido laboratório «faz parte de uma vasta rede de laboratórios controlados pelo Pentágono, envolvidos em pesquisas sobre armas de destruição em massa, criados nos países vizinhos da Rússia» (RT, 5.10.18). Considerou que a mortalidade nessa instalação, referida pelos documentos (73 pessoas num curto espaço de tempo), é incompatível com os medicamentos que alegadamente estariam sendo testados. Acrescentou que os documentos obrigam a «olhar de novo» para o surto de peste suína africana que nos últimos anos atingiu «o sul da Rússia, países europeus e a China», «espalhando-se a partir do território da Geórgia».

Registrem-se ainda as graves ameaças verbais dos últimos dias. Um membro do Governo Trump, Ryan Zinke, ex-comandante nas forças especiais da Marinha dos EUA (Navy Seals), ameaçou com um bloqueio naval à Rússia: «Os Estados Unidos têm a capacidade de, com a nossa Marinha, assegurar que as rotas marítimas estejam abertas e, se necessário, de bloqueá-las para garantir que a sua [da Rússia] energia não chegue aos mercados» (Washington Examiner, 28.9.18). Uma declaração que entra em conflito com o direito internacional, a geografia e a sanidade mental. Dias mais tarde, a Embaixadora dos EUA na NATO ameaçou com ações militares para impedir a Rússia de desenvolver uma nova classe de mísseis (Guardian, 2.10.18).

O Encontro pela Paz, de âmbito nacional, promovido por um vasto leque de organizações e que se reunirá no próximo sábado (dia 20/10) em Loures, revela-se tão necessário quanto oportuno.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2342, 18.10.2018

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