EUA: trabalhadores impõem derrota a Trump

imagemMobilização sindical dos servidores públicos federais derrota bloqueio de Trump

Avaliação da Comissão Sindical do CPUSA (Partido Comunista dos Estados Unidos da América) sobre a ação dos sindicatos contra a medida de Trump de suspender os pagamentos aos servidores públicos norte-americanos para paralisar o governo e forçar o Congresso a aprovar os recursos financeiros para a construção do muro anti-imigração na fronteira com o México, publicada em 31/01/2019:

A vitória sobre o bloqueio da administração Trump aos trabalhadores federais é um triunfo da ação coletiva do povo! A ação coletiva cria as sementes para vitórias mais profundas e ainda mais abrangentes. Embora muito crédito tenha sido dado – merecidamente – à firme postura dos deputados democratas liderados pela grande oradora Nancy Pelosi – o papel decisivo dos sindicatos dos trabalhadores públicos não obteve a devida atenção.

A ação de Trump de paralisar o governo não teve nada a ver com a chamada “segurança de fronteira”. O bloqueio dos pagamentos de funcionários federais, por um mês, com a interrupção das vidas das famílias da classe trabalhadora, danos à nossa economia e ameaça à segurança pública, foi uma continuação da campanha para injetar veneno racista, anti-imigrantes, no povo americano, para dividir e enfraquecer nossa classe trabalhadora e desviar a atenção dos ataques das corporações às condições dignas de vida, à Seguridade Social, ao Medicare e aos direitos sindicais. Foi um esforço para desviar a atenção da corrupção profunda desta administração dominada pelo capital monopolista, pelos bilionários, como munca na história dos EUA.

Os trabalhadores públicos não atuaram como indivíduos isolados nessa luta. Através de seus sindicatos eles conduziram uma campanha massiva, bem pensada e sistemática para organizar e mobilizar seus membros, assim como para ir além deles. Construíram uma ampla base de apoio e levaram a cabo uma luta de solidariedade até à vitória.

Tanto os filiados quanto os líderes dos sindicatos de trabalhadores do governo, como os sindicatos de professores em todo o país, estão transformando seus sindicatos. Com base em uma onda de atividades de base, esses trabalhadores organizados sistematicamente procuraram famílias, organizações comunitárias e outros aliados para fortalecer seu movimento e ampliar sua base de apoio de massa.

A AFGE – Federação Americana dos Empregados do Governo, em particular, foi resoluta face aos ataques extraordinários da administração Trump, que incluíram: uma ordem executiva para acabar com os seus direitos de barganha, cancelar os aumentos salariais agendados e terceirizar os empregos federais.

Os especuladores corporativos estão avançando com esquemas para dizimar os serviços de saúde dos veteranos ao privatizarem os serviços de saúde e os hospitais dos Veteranos, a fim de obter o orçamento de US $ 200 bilhões da Associação dos Veteranos. Uma narrativa corporativa de direita descreve as funções do governo como desnecessárias e retrata os funcionários do governo – que são, em sua maior proporção – negros e veteranos – como preguiçosos.

Os sindicatos de trabalhadores públicos também operam sob a sombra da legislação antissindical repressiva e ameaças de perda de emprego, incluindo até processos federais, caso entrem em greve. Sem se deixar intimidar por essa atmosfera de repressão, a AFGE, a AFSCME – Federação Americana de Empregados dos Estados, Condados e Municípios, a AFT – Federação Americana de Professores – e a NEA – Associação Nacional de Educação – avançaram com ambiciosas campanhas de organização no ano passado para fortalecer sua base e capacidade de lutar.

Como os 800.000 trabalhadores federais foram bloqueados, a Central Sindical AFL-CIO convocou uma participação maciça em manifestações de solidariedade em dezenas de cidades, construindo um amplo movimento de apoio junto aos trabalhadores aliados e ao público em geral, para que ocupassem intensivamente as linhas telefônicas dos senadores exigindo o pagamento dos salários dos trabalhadores. Além disso, houve mobilização de uma ampla base social e comunitária para garantir proventos e alimentação às famílias dos trabalhadores durante o bloqueio.

Os líderes do AFGE ocuparam o prédio de gabinetes do Senado. Negado o direito de portar cartazes, eles rabiscaram suas exigências sobre os pratos vazios que exibiram quando foram submetidos à prisão. Em Kentucky, o sindicato organizou confrontos com o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, que é desse estado. As vozes antissindicais foram silenciadas, mesmo nos estados mais conservadores, em face da indignação dos trabalhadores a quem foi negado seu pagamento.

A pressão aumentou sobre os legisladores, resultando em deserções do Partido Republicano. Parlamentares municipais e federais começaram a pedir apoio total aos trabalhadores. Sara Nelson, presidente da Federação Americana de Comissários de Bordo, pediu aos delegados da Federação Americana de Direitos Humanos “para conversar com seus apoiadores e com sindicatos internacionais sobre a necessidade de haver união de todos os trabalhadores para acabar com o bloqueio através de uma greve geral”.

Essa ação realizada com firme trabalho organizado, representando os trabalhadores tanto nos sindicatos afetados quanto em outros, contrasta fortemente com a fraca resposta e o isolamento da greve dos controladores de tráfego aéreo da PATCO – Organização dos Controladores de Tráfego Aéreo Profissionais – em 1981. O colapso da PATCO ocorreu em um momento em que forças oportunistas e pelegas – o sindicalismo pró negócios – dominavam a liderança do movimento sindical norte-americano. Elas mantiveram-se à parte e imobilizaram-se quando o então presidente Ronald Reagan demitiu 11.000 controladores de tráfego aéreo e esmagou o sindicato.

Em contraste, em 2019, as ações dos trabalhadores, com uma liderança forte e uma ação de base vigorosa, foram decisivas no combate a um presidente antissindical. Essa resposta foi o prego final no caixão do bloqueio racista de Trump!

A derrota do bloqueio de Trump é não apenas um divisor de águas, mas também um momento de aprendizagem para o nosso movimento operário. Os sinais apontam para uma nova onda de greves e outras ações de resistência dos trabalhadores em todo o país, em resposta aos ataques das corporações e à crescente desigualdade.

Os sindicatos de trabalhadores do governo e os sindicatos de professores estão demonstrando como envolver membros de base, suas famílias e como construir amplo apoio da comunidade para criar novas condições para podermos vencer.

Eles estão mostrando que a força dos trabalhadores está em mobilizar não apenas os membros de um sindicato, mas de todo o movimento sindical, toda a classe trabalhadora, comunidade, acadêmica e aliados legislativos, para isolar nossos inimigos de classe e fortalecer o nosso poder.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte: http://www.cpusa.org/article/an-energized-union-rank-and-file-key-to-defeating-trump-lockout/

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