RJ: Estudantes vão à luta contra os ataques à Educação
O protesto contra os cortes na educação foi inicialmente convocado por estudantes do Colégio Pedro II, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Maracanã, do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), e deve contar com a adesão de integrantes de outras instituições universitárias.
“A população e a juventude brasileira acabam de sofrer um golpe fatal à democracia”, dizem os estudantes, em manifesto, contra o bloqueio de verbas de proporções “estratosféricas” anunciadas pelo governo Bolsonaro. “Não vai ter corte, vai ter luta”, “Uh, sai do chão quem defende a educação”, gritavam centenas de estudantes na porta do CMRJ. Além dos alunos, pais e professores também protestam. Durante a manhã, a hashtag #EuDefendoOCPII, referente ao Colégio Pedro II, era uma das mais comentadas do Twitter.
“Se o Bolsonaro é inimigo da educação, então é nosso inimigo. Se a ordem deles é para nos matar, é para cortar o dinheiro da educação, é para cortar os nossos sonhos, a nossa ordem é lutar. A nossa ordem é resistir, é não sair da rua”, pronunciavam os estudantes em forma de jogral. Eles dizem que não desistirão das mobilizações até que os cortes sejam revogados e até que os investimentos não sejam mais vistos como gastos.
Eles protestam contra os anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que na semana passada anunciou bloqueio de 30% dos recursos de universidades que praticam “balburdia”, segundo ele, tendo as de Brasília (UnB), da Bahia (UFBA) e Fluminense (UFF) como primeiros alvos.
Acusado de perseguir ideologicamente essas instituições, o governo então universalizou o corte para todas as universidades, com a justificativa de que os recursos seriam revertidos para a educação básica, mas os cortes atingiram todos os níveis.
No Pedro II, por exemplo, os diretores informam que os cortes somam R$ 18,57 milhões, alcançando 36,37% do seu orçamento de custeio. Na UFRJ, a “obstrução orçamentária” atinge R$ 114 milhões, correspondente a 41% das verbas destinadas à manutenção da instituição.
Prévia da pesquisa que vem sendo realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) aponta que mais da metade dos alunos das instituições federais são de baixa renda, e pertencem a famílias que ganham menos do que um salário mínimo per capita por mês.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil encontra-se nas últimas posições em termos de investimentos por aluno no ensino superior, dentre 39 países pesquisados. Ainda assim, o sistema de ensino superior registrou crescimento nas últimas décadas – como observa em artigo na Rede Brasil Atual o economista Marcio Pochmann.
Em 2000, a participação relativa do Brasil no total de estudantes universitários no planeta era de 2,7%, saltando para 4,4%, em 2014, segundo a Unesco. Nesse período também houve significativa descentralização territorial do ensino superior. No ano de 2014, por exemplo, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro respondiam juntos por 36,6% dos mestres e 49,5% dos doutores formados no país, ao passo que em 1996 detinham 58,8% da formação de mestres e 83,4% de doutores da nação.
As universidades públicas respondem por 95% da pesquisa do país e 24,7% do total dos alunos matriculados. Também realizaram, somente 2018, 17,4 milhões de exames e 6,8 milhões de consultas médicas acompanhadas por 339 mil internações de pacientes e a realização de 232 mil cirurgias e 1.398 transplantes em todo o país. (Da RBA)
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