Uma escola para a ideologia ultraliberal
Vereador de Maceió (AL) propõe projeto que pega recursos públicos para investir em escolas privadas de qualidade duvidosa
A Voz do Povo
Por trás de todo liberal há um sanguessuga dos cofres públicos!
Por trás de todo ultraliberal, há um vampiro disposto a acabar com toda fonte de recursos que envolvam políticas públicas para a maioria da população!
Sob o lema do “Estado Mínimo”, estes larápios destroem toda estrutura estatal construída com o suor do povo para entregar de mãos beijadas o fundo dos recursos públicos à iniciativa privada!
O vereador por Maceió, Leonardo Dias, que foi candidato a vice-governador na chapa do réu condenado Fernando Collor, segue o receituário clássico do neoliberalismo. Ao longo de seu mandato, mandato que usufrui de verbas públicas graúdas e infraestrutura paga pelo povo, o parlamentar tenta acabar ou diminuir toda e qualquer ação social em favor da classe trabalhadora, do povo pobre das periferias de Maceió. É um soldado abnegado na defesa de tudo que é contra os verdadeiros interesses populares!
Sua última investida é um projeto de lei que retira recursos da Educação Pública de Maceió e entrega à iniciativa privada. O projeto de lei apresentado pelo adorador de Bolsonaro, ex-presidente, genocida e ladrão de joias, foi aprovado na Câmara de Vereadores de Maceió nesta última quinta-feira, 5/outubro. Neste projeto, recursos do FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), que deveriam ser investidos em escolas públicas, concursos para professores, merendas de qualidades, serão transformados em vales educacionais para uso nas Rede Particular de Ensino ou mesmo em compra direta de vagas nestes estabelecimentos.
Em princípio, muitos poderão achar que está sendo feito um ótimo investimento, e que este projeto trará benefícios para parte da população que será atendida, pois estas escolas supostamente ofertariam um serviço de melhor qualidade do que aquele ofertado na Rede Pública Municipal de Maceió. Ledo engano. Primeiro, porque os valores que devem ser envolvidos nesta proposta não serão suficientes para contratar vagas nos melhores estabelecimentos educacionais de Maceió, e sim para pequenas escolas privadas de periferia cuja precariedade nas condições de oferta só são diminuídas pelo empenho e trabalho dos professores envolvidos. Segundo, pelo fato de que, em função da influência direta que vereadores, cabos eleitorais, secretários etc, na distribuição de número de vagas para este ou aquele estabelecimento, a partir de critérios muito duvidosos, não será a qualidade do ensino que servirá de critério, mas a famosa propina (que ninguém vê mas que todo mundo sabe que existe), o caixa dois que faz brilhar os olhos desta tropa de falsários ideológicos. Um prato cheio para lobbies de parlamentares avançarem em uma parcela importante dos recursos destinados à Educação de Maceió.
Além de todo este cenário, veremos ainda algo mais terrível e violento, no que se refere à natureza do processo educacional desenvolvido nestes estabelecimentos. Adepto de teorias negacionistas, este mesmo vereador já apresentou projeto de criação do dia municipal de homenagem às vítimas do comunismo, numa tentativa de criminalizar a única perspectiva revolucionária que advoga o fim da exploração e opressão do ser humano por outro ser humano. Aos poucos, certamente veremos o tipo de influência que estes vereadores possuem na destinação destes recursos, ajudando a influenciar na contratação de professores sem formação adequada para trabalhar com os conteúdos ideológicos produzidos pelos ideólogos da extrema-direita.
Em vez de aulas sobre a crise climática e o efeito estufa, teremos “ensinamentos” que afirmam que acabar com as árvores fará o vento circular mais facilmente nas regiões do país. Nas aulas de Geografia, logo logo a terra será plana, enquanto nas de Biologia não se falará na teoria evolucionista, mas numa versão piorada do criacionismo mais tacanho e fundamentalista. Não será mais preciso aulas de Educação Sexual, nas quais crianças e adolescentes comecem a entender sobre as mudanças do seu próprio corpo, mas sim serão feitas cartilhas para definir o papel da mulher inferiorizado em relação ao do homem. Enquanto nas aulas de Matemática talvez dois mais dois deixem de ser quatro, nas de História, o nazismo será uma ideologia de esquerda, o escravismo colonial e a monarquia serão louvados, e se ensinará que nunca houve ditadura no Brasil!
Esta será uma consequência nefasta deste tipo de projeto: além de roubarem recursos públicos para a iniciativa privada duvidosa, ofertarão ensino de péssima qualidade voltado para domesticar o pensamento crítico, e fazer com que crianças e adolescentes aprendam as piores doutrinas e assimilem uma ideologia de dominação, de apassivamento, de resignação natural a ordem dos poderosos!
O autor da proposta (que foi o único vereador que tentou atrapalhar a vacinação contra a covid-19 aqui em Maceió quando o que toda população mais queria era justamente ser vacinada!), argumentou o seguinte em defesa deste projeto: “Entendemos que o melhor caminho é a construção de escolas. Entretanto, para tal, é necessário no mínimo um ano e meio para que essas unidades de ensino fiquem prontas. E nós temos que resolver o problema, que é imediato, de milhares de crianças que são impossibilitadas de estudar”
Esta frase foi dita pelo vereador esta semana, ou seja, em outubro de 2023, dois anos e meio depois de ter iniciado seu mandato como parlamentar. Ao longo de todo este período, que segundo o próprio vereador seria um tempo suficiente para construção de escolas, o bajulador da família miliciana nunca solicitou a construção de uma única escola pública em toda capital alagoana! Um verdadeiro escárnio, um sofisma típico de todo pensamento liberal!
É preciso denunciar esta proposta junto a toda população maceioense e alagoana! Disfarçada na oferta de um ensino de melhor qualidade para os filhos e filhas da classe trabalhadora de Maceió, esta proposta dilapida o FUNDEB e pode produzir escolas que, em vez de ensinar os avanços da ciência, produzam ideologia conservadora e negacionista!
O Sinteal (Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas), os especialistas e pesquisadores do CEDU(Centro de Educação) da Ufal, além de autoridades públicas das mais diversas, devem se manifestar e conter os ímpetos de um projeto claramente inconstitucional!
O município de Maceió e a Câmara de Vereadores precisam fortalecer o ensino público, a infraestrutura de nossas escolas e da Rede Municipal como um todo, oferecendo educação de qualidade para toda população de Maceió!