Camarada Horácio Macedo, presente!

imagemRaquel Luxemburgo*

“Companheiros, nós temos uma ideologia, companheiros, nós temos uma teoria, companheiros, nós temos um compromisso. Essa ideologia, essa teoria e esse compromisso nos fazem ser um Partido revolucionário” (Horácio Macedo no X Congresso do PCB)

Horácio Cintra de Magalhães Macedo, militante histórico do Partido Comunista Brasileiro, tem uma trajetória brilhante dentro do meio científico e nas fileiras da construção da revolução brasileira. Nascido em 14 de outubro de 1925 no Rio de Janeiro, Horácio formou-se em Química Industrial na antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua trajetória política começou ainda jovem, quando em 1950 entrou para o PCB, após participar da campanha “O Petróleo é Nosso”.

Como químico, Horácio Macedo passou por diversas Instituições: Instituto Oswaldo Cruz, de 1951 até 1953; depois foi chefe do departamento de ensino no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Foi professor da Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mas seu maior destaque foi como professor da UFRJ. Como cientista publicou 6 livros, 15 monografias didáticas e traduziu 21 títulos na área das ciências físicas. Em 1975 tornou-se professor adjunto da UFRJ. Na mesma universidade, foi o primeiro reitor brasileiro eleito pela comunidade universitária em 1985, dentre os 17 concorrentes, o professor foi indicado em primeiro turno por maioria absoluta.

Em sua gestão, foi possível ver passos concretos rumo à construção de uma universidade popular. A campanha para reitor foi construída na fase de retomada das liberdades democráticas no Brasil, após a ditadura empresarial-militar. Contava com o apoio de uma frente progressista e a maioria dos estudantes, professores e técnico-administrativos. Como primeiras ações do mandato, o reitor promoveu o fim das taxas cobradas aos alunos e o vestibular autônomo da universidade; também promoveu uma luta pela autonomia universitária. E pela ampliação das vagas para ingressantes e mais concursos para professores e técnicos administrativos.

Mas um dos eixos em que a gestão do reitor Horácio Macedo se destacou foi na implementação de programas de extensão, que tinham como público alvo, principalmente, moradores de comunidades. Dentre as áreas em que foram criados projetos de extensão temos: Educação, Nutrição (estudos e programas de ação nas comunidades), Medicina e Odontologia, Urbanismo (ações diretas de planejamento nas áreas carentes), Educação Física (iniciação esportiva, programas para idosos e gestantes), ciências sociais. Essas ações contavam com a participação de estudantes universitários e servidores, além do apoio de estruturas de pesquisa. Horácio chegou a ser reeleito, também por maioria absoluta e em primeiro turno, pela comunidade em 1989, mas não pôde exercer o segundo mandato na reitoria por causa de um parecer jurídico que declarou inconstitucional qualquer reeleição.

Dentro do PCB, Horácio Macedo se tornou um militante histórico ao lutar contra a liquidação do partido no X Congresso em 1992. Sua fala contra a liquidação do PCB até hoje é uma inspiração para muitos militantes. Além disso, ajudou na recuperação da sigla do partido na justiça e foi Presidente Nacional do PCB de 1992 até 1994, permanecendo no Comitê Central até sua morte. Horácio Macedo morreu de infarto agudo do miocárdio em 24 de fevereiro de 1999, no Rio de Janeiro.

Referências:

Considerações quanto à proposta da Universidade Popular e reflexões sobre a atualidade da experiência da gestão do professor Horácio Macedo como Reitor da UFRJ

Intervenção de Horácio Macedo no “X Congresso Extraordinário do PCB” em 25/01/1992

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https://www.folhadelondrina.com.br/geral/morre-o-professor-horacio-cintra-de-magalhaes-macedo-127731.html

*Militante do PCB e da UJC São Paulo